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Mercado Mobile: Microsoft explode, Linux entra na briga e Palm morre na praia

18 anos atrás

Os números não mentem. O sucesso momentâneo do Treo650 não foi suficiente para manter a Palm flutuando, seu valor de mercado já foi mais de 10 vezes o valor atual, a venda da
PalmSource, a divisão que cuidava do PalmOS para a Access
japonesa, o atraso de vários anos e depois cancelamento do Cobalto, o "novo" PalmOS, e agora a proximidade
do fim da licença de uso/desenvolvimento do ALP entre as duas empresas são sintomas de algo que os usuários já
estavam prevendo.

A Palm morreu.

Alguns analistas prevêem que os PDAs irão pelo mesmo caminho, pois todo mundo quer smartphones, como o Motorola Q da imagem de abertura. Faz sentido.
Agora que um smartphone nada mais é que um PDA que faz ligações, não vejo problemas na afirmação.

O que não dá e a Palm oferecer um sistema operacional feio e limitado como o PalmOS, com um ambiente de
desenvolvimento que é um terror (pergunte a qualquer um que trabalhou com o CodeWarrior) e uma API absolutamente
limitada.

A pá de cal na relação com os fãs foi o lançamento do Treo700w, rodando Windows Mobile. Os usuários do sistema
da Microsoft riram das óbvias limitações do hardware e os defensores do PalmOS se sentiram apunhalados, pois ao invés
de investir no próprio sistema, a Palm adotou o programa de seu maior concorrente.

Palm Treo700w

Correndo por fora

Piorando as coisas para a Palm, o mercado corporativo, que sempre foi almejado mas nunca realmente penetrado por ela,
foi tomado de assalto pelo brinquedo preferido de 10 entre 10 executivos, o Blackberry. Inicialmente um telefone feio com recursos limitados de PDA, hoje há
modelos muito atraentes e com muitos recursos. Ele não é um smartphone, é uma solução integrada intimamente com a
operadora de telefonia. Claro, recursos como o GTalk também são um belo incentivo.

Smartphone Windows Mobile da ASUS

O Windows Mobile, que foi motivo de piada na época de seu lançamento (até então WindowsCE) cresceu e amadureceu,
enquanto o PalmOS batia nas mesmas teclas. "usuários não precisam de multimídia, usuários não precisam de
multitarefa, WIFI só funciona para notebook". Aos poucos os dispositivos foram agregando mais e mais desses
recursos. Hoje um PDA como um Loox da Fujitsu tem tela VGA, processador de 520MHz, 128MB de memória, bluetooth, WIFI,
infravermelho, som estéreo, microfone, cartão Compact Flash E SD (os dois ao mesmo tempo), USB Host (espete seu
pendrive nele) e câmera digital de 1.3MP com flash integrado.

Um PDA como o Dell X50/X51 vem com aceleradora gráfica 3D.

O abismo tecnológico entre o que o consumidor está comprando e o que a Palm vende só tende a aumentar. Um bom
exemplo: Está sendo desenvolvida uma versão Skype para SymbianOS, já existe uma para PocketPCs faz tempo. Quanto ao
Palm, não há qualquer plano.

A falta de uma plataforma de referência, com recursos mínimos que devem estar presentes em todos os modelos é a
culpada disso. Curioso é que os dispositivos Windows Mobile, feitos por literalmente centenas de fabricantes,
apresentam uma plataforma em comum. A Palm conseguiu se tornar incompatível com ela mesma. Vide os conectores, que
mudam a cada dois modelos.

O Linux Renasce

Reza a lenda que existem alguns PDAs rodando Linux, mas foram tão mal-aceitos pelo mercado que fazem o Mac parecer um
computador comprado em massa. Mesmo assim, como Jason, o Linux volta, desta vez aprendendo com os próprios erros. Ao
invés de PDAs, está se dirigindo para os smartphones, onde suas fraquezas viram vantagens.

As licenças de dispositivos utilizando Windows Mobile cresceram 90% no último ano, praticamente todo novo smartphone
utiliza uma versão WM. Só que não é bom a Microsoft se acomodar.

Empresas gostam de ganhar dinheiro, então se for possível economizar no licenciamento de software, o farão. A Nokia
lançou o 770, seu Internet Tablet que só falta falar (falta mesmo, não é telefone), rodando Linux.

A Motorola está planejando uma linha de smartphones também com Linux. Não é a primeira vez, com o E380 (da imagem) mas resolveram
insistir. Isso é muito raro no mercado. Talvez por terem aprendido com os erros, tanto deles mesmos quanto com os da
Access, que prometeu o ALP - Access Linux Plataform,
para dispositivos portáteis, ainda no final de 2006, mas não parecem ter conquistado muitos parceiros.

A lógica é implacável. Um custo inicial de desenvolvimento, portando o Linux para o aparelho, criando uma série de
aplicativos essenciais E disponibilizando um SDK mínimo seria diluído com o não-pagamento de licenças, o ganho em
termos de imagem (jornalistas adoram esse tipo de notícia) é ótimo e a quantidade de software portado gratuitamente é
respeitável.

Segundo a própria Motorola:

A idéia é diminuir os custos de desenvolvimento de aplicativos e facilitar a criação de novos softwares

Não que isso não seja possível em outras plataformas, tanto Symbian quanto Windows Mobile possuem excelentes SDKs e
ferramentas inteiramente gratuitas para download, mas a mística por trás do Linux conta a favor neste caso.

A má-vontade que o mercado corporativo tem em relação ao Linux, seus fanboys mais exaltados e a mania do Stallman em
não tomar banho não afeta os smartphones. Lembre-se, 90% dos usuários não instala nada e sequer sabem o sistema
operacional que roda em seus aparelhos, a única exigência é que o aparelho funcione. Conheço gente que tem Nokia 6600
e não tem a menor idéia do que seja SymbianOS.

Quanto à questão de compatibilidade com os sistemas desktop, isso está mais ou menos resolvido com ferramentas como
o Evolution. Imagino um subset de seu
conector falando com um Exchange, transparente para o usuário. Imagino que logo surgiriam versões de protocolo
push, como o Blackberry, e vários outros bons recursos.

Com recursos como WIFI, que está se tornando padrão, um Smartphone Linux poderia facilmente se tornar o horror das
operadoras que não gostam de liberar recursos para os usuários. Bem, azar o delas. O dinheiro é nosso, e sempre
aparecerá alguém disposto a vender o que alguém quer comprar.

De resto, mal posso esperar essa nova geração de aparelhos. Não preciso de um smartphone, gosto de meu PDA, mas um
telefone mais simples, rodando Linux, ainda seria smart o bastante para rodar Skype. E um desses eu compraria na
hora.

Para saber mais:

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