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Onde estão os nerds e geeks? O despreparo dos profissionais de TI no mercado.

18 anos atrás

O mercado de de tecnologia da informação está aquecido, mas emprego não está fácil.

A frase acima é aparentemente contraditória, mas é algo muito comum na área de informática. Por ser uma profissão nova e mutável, os conhecimentos de um profissional variam muito de uma pessoa para outra. Porém, um problema grave já foi detectado pelo RH de qualquer empresa que trabalha com tecnologia: os profissionais estão despreparados.
As empresas passaram a aplicar provas de conhecimento técnico, português e lógica. Um "vestibulinho". Resultado? Numa seleção com 1000 candidatos, 2 conseguiram vaga, com demanda de 14 vagas. Ou seja, nessa empresa, ainda existem mais de 10 empregos diretos, com benefícios, mas eles simplesmente não encontram os profissionais.

Um outra, logo após a análise do currículo aplica alguns testes:
- Uma redação curta, 15 minutos para ser escrita;
- Uma prova de lógica, matemática básica (porcentagem, regra de 3, raciocínio) e português (ortografia e concordância) em 30 min;
- Uma prova técnica geral, com algoritmos básicos de maior, menor, moda, seqüência Fibonacci, etc e SQL básico, envolvendo consultas em uma base de dados com 5 tabelas.
- Depois, uma prova de conhecimentos técnicos específicos para a vaga, tanto discursiva quanto objetiva. Exemplos de questões: "O que é uma máquina virtual Java e qual a vantagem dessa virtualização?" ou "Escreva em pseudo-código ou na sintaxe de uma linguagem de programação orientada a objetos, os comandos para conectar-se a uma base de dados, inserir nome e e-mail e fechar a conexão".

Conversando com profissionais de RH, nota-se que os candidatos erram muito em português, não conseguem fazer contas como 1/8 + 3/5 + 10%, escrevem mal (seje, menas, vc, mim ir, mim fazer, vou ir...), pecam em lógica, não conseguindo entender o próximo número de uma seqüência como 1, 1, 2, 3, 5, __. Uma pessoa que não possui domínio do idioma, provavelmente terá dificuldades em escrever um relatório e enviar para um cliente, por exemplo.
Em nível técnico, um desastre. Os recém-formados das faculdades anunciam que dominam Java, C++, Delphi e Orientação a Objetos. Não conseguem acertar uma única questão sobre os assuntos abordados.

Estou cada vez mais convencido que o Brasil não é a Índia... lá é muito melhor. Os indianos fizeram uma reforma curricular séria do ensino, que não envolve somente onde será investido mais dinheiro. Agora, centros de pesquisa de grandes empresas do mundo inteiro são atraídos para o país, antes, somente um exportador de mão de obra.

É triste constatar que nosso sistema de ensino está absolutamente falido e não há solução de curto prazo para isso. A Índia é considerada referência hoje mas iniciou os trabalhos no começo dos anos 80. E ainda demorou pouco mais de 10 anos para começar a ser reconhecida, nos anos 90. Ou seja, quando Tim Berners-Lee ensaiava o www, ela fazia reformas econômicas, focadas na educação e setor de alta tecnologia. Não há como discutir economia sem incluir educação na fórmula e mais de duas décadas depois temos o resultado atual.

E os indianos possuem um plano, como pode ser comprovado no artigo abaixo. Metas de exportação na área tecnológica, assim como planos para melhorar a qualidade da tecnologia desenvolvida. Foram tão bem sucedidos que já se discutem reformas no ensino dos EUA, pois os profissionais americanos têm sido considerados menos qualificados que eles.

Educação deve ser programa continuado de Estado e não de governo.

Para saber mais, recomendo os artigos abaixo:
Fontes: Can Information Technology Help Transform India?, A Decade of Economic Reforms in India: the Unfinished Agenda

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