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Trash the Dress e outras coisas

13 anos atrás

Pronto, aconteceu, o tal do Trash the Dress chegou ao interior paulista. Agora temos um monte de gente que nunca fez nada parecido dentro da área tentar imitar o que os fotógrafos da capital, ou de outros locais mais civilizados, estão fazendo. A novidade surgiu na Europa e nos Estados Unidos e a prática é muito simples. Levar a noiva e o noivo para locais não habituais onde o vestido de noiva será, literalmente, judiado. Isso mesmo, vamos levar a noiva para nadar em um rio, escalar uma montanha, brincar no barro, limpar uma cocheira, andar de bicicleta em uma trilha, mas tudo isso com muita descontração e emoção. Pode parecer fácil, mas não é.

O principal problema aqui é a própria construção das imagens. A maioria dos apertadores de botões automáticos que se aventuram a fotografar casamentos fazem as imagens dentro de uma receitinha de bolo muito específica. Fugir desse planejamento é algo que inevitavelmente fica abaixo da média, para não falarmos algo pior. O Trash the Dress tem que ser encarado como um ensaio. Dessa forma, ele precisa ter uma unidade formal e uma unidade temática. É mais ou menos como fazer o retrato perfeito onde a cena tem que expressar a personalidade das pessoas retratadas. Ou seja, cada ensaio é único e específico e depende da criatividade do fotógrafo. Aqui é que a porca torce o rabo, para utilizar um ditado aqui do interior.

Uma prática que é quase obrigatória aqui na região, e creio que em muitas outras, é fazer fotos dos noivos de maneira “descontraída” e em locais fora do comum no tempo compreendido entre a cerimônia e a recepção. Isso é horrível, pois temos pouco tempo para criar e os noivos estão muito ansiosos para irem receber os convidados na festa. Sem falar dos lugares que são levados para serem fotografados. Convenhamos gente, posto de gasolina e conveniência são locais muito bregas para uma ocasião tão especial. Por isso tentamos vender o Trash the Drass como um álbum separado do álbum principal do casamento. Um ensaio que vai ser realizado antes ou depois do casamento, em momento calmo, onde todos podem se divertir. Além de garantir uma qualidade fotográfica mais elevada, você também pode agregar um pouco mais de valor a sua cobertura fotográfica.

Mas, onde e quando fotografar? Esse é o principal problema. Primeiro você tem que convencer os noivos a saírem da zona de conforto do estúdio fotográfico para brincarem e se soltarem. Quando mais irreverentes forem os noivos, melhores serão as fotos. Infelizmente, existem casais que não gostam de brincar, não se soltam e ficam tensos durante toda a sessão fotográfica. Esse é um problema que o fotógrafo tem que burlar com muito tato e uma boa direção de modelos. Para quem perguntou ai no fundo como fazer isso, só posso dizer que está é uma coisa que se desenvolve com a prática, ou trabalhando juntamente a um profissional com mais experiência. O segundo ponto é você ter um levantamento amplo dos pontos de sua cidade onde será possível desenvolver um bom ensaio fotográfico. E por último, é necessário unir a personalidade dos noivos com o local escolhido para desenvolver o ensaio. Mesmo com o nome de Trash the Dress, você não precisa literalmente destruir o vestido, mas afirmo que é sempre mais divertido.

Por exemplo, aqui em Presidente Prudente não temos rios, cachoeiras ou um local natural que possamos desenvolver os ensaios. Então, a área urbana é que tem que ser utilizada. Partindo dessa premissa, saímos no último sábado para executar um ensaio descontraído. Três pontos da cidade foram escolhidos para as fotos e o horário determinado foi o pôr-do-sol. Então, às 17:00h já estávamos no primeiro local das fotos. Uma coisa que nunca é citada por quem faz esse tipo de fotos é que o vestido da noiva quase nunca é o mesmo escolhido para a igreja. Geralmente é um modelo mais simples e barato (pode ser usado) que vai ser colocado no batente. Para realizar as fotos os equipamentos levados foram a Canon EOS 50D, um monopé, os flashes 580EXII e 430EXII, e as lentes 50mm f/1,8, 28-135mm e 17-85mm, além de criatividade e nossa cara-de-pau.

Para as fotos ao pôr-do-sol aproveitamos para fazer um ensaio solo com a noiva, afinal de contas ela é que é a dona da festa (nunca se esqueça disso). Tentamos criar um efeito mais dramático sempre com o sol iluminando as nuvens ao fundo. Para criar o efeito, utilizamos um flash slave preso ao monopé e sempre colocado acima e ao lado da noiva. Para escurecer o fundo, dando maior destaque a luz do sol, foi determinado na câmera um diafragma dois pontos mais fechado do que o necessário. O resto é fazer com que a noiva entre no clima e coopere com as poses e expressão facial. Um pouco do resultado pode ser visto abaixo.

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Infelizmente, depois disso, a luz do sol se foi e nos restou apenas a escuridão. Nesse ponto, nos dirigimos para o segundo local de fotos, uma loja de fantasias perto do centro da cidade onde as paredes externas e a própria porta do estabelecimento nos forneceram texturas muito agradáveis para as imagens. Mais uma vez utilizamos um flash em slave preso ao monopé. Nesse momento, o flash que estava na câmera não foi disparado, mostrando na imagem que toda a iluminação veio até os modelos de forma lateral. Dentro de toda minha produção fotográfica, dou muito mais importância ás áreas de sombra que posso criar do que às áreas iluminadas. Em minha opinião o resultado fica mais dramático dessa forma. Abaixo um pouco do que foi esse segundo momento.

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E por fim, estamos no terceiro local escolhido para as fotos. Uma grande vitrine bem iluminada de uma loja de roupas. O local fica em um dos pontos mais movimentados da cidade e nesse momento tivemos uma grande platéia de pessoas que passavam de carro e viam os malucos fotografando em plena calçada. Como a vitrine era bem iluminada, decidi utilizar um pouco da luz do flash e depois brincar com a 50mm e sua grande abertura de diafragma. Nesse momento também tive que subir um pouco a velocidade ISO para 400 (nas outras fotos foi utilizado o ISO 100). Também uma ótima oportunidade para fazer fotos em preto e branco e aplicar depois uma granulação no Lightroom. Isso porque é muito difícil manter o foco em toda a foto utilizando abertura f/1.8. Abaixo o resultado dessa terceira parte do ensaio.

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Resultado simples e divertido, cujo resultado foi muito positivo, pelo menos na minha avaliação perfeccionista. Trabalhar nesse mercado exige o de sempre dentro da fotografia. Conhecimento, dedicação, responsabilidade e amor pelo que se está fazendo. Deixo claro também que essa é minha receita, mas pode ajudar a quem está começando

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