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James Cameron está levando essa coisa de 3D longe demais

14 anos atrás

Além de papar as atrizes de seus filmes descartando as esposas antigas James Cameron tem outro hábito: Ele se entusiasma com a pesquisa e o tema, contribuindo para a divulgação com muito mais que o filme em si.

No caso do Titanic, Cameron não só usou dois submarinos para fazer imagens reais do naufrágio, como mais tarde produziu o documentário Ghosts of the Abyss, filmado em 3D. Em 2003, antes que o acusem de hypar Avatar.

Agora ele foi além. Convenceu a NASA a alterar as especificações da câmera do robô explorador Curiosity, ele será capaz de fazer filmes 3D a 10 quadros por segundo. Cameron argumentou que a sensação de profundidade é essencial em termos de imersão, tornará muito mais real a experiência de quem for analisar as imagens.

Cameron já foi membro do Conselho de Consultores da NASA, posição natural pra quem fez Aliens e Segredo do Abismo. E antes que alguém reclame, é bom lembrar que a Ficção Científica é fundamental para a divulgação da Ciência Verdadeira. Incontáveis engenheiros optaram pela carreira por causa de Montomery Scott, de Star Trek. Indiana Jones por mais irreal que seja tem pé na realidade e despertou a curiosidade em milhares de jovens arqueólogos, e se um ônibus espacial se chamou Enterprise, não foi à toa.

O Curiosity, do lado da Sojourner e do Spirit

O robô Curiosity, oficialmente chamado Mars Science Laboratory é um veículo de 850Kg do tamanho de um carro compacto. Custando 2,3 bilhões de Dólares a missão (se tudo correr bem - o velho lema da exploração expacial) irá explorar Marte como nunca foi feito, inclusive com vídeos 3D em Alta Definição, 720p.

As câmeras estranhamente não são idênticas. Uma é capaz de resolução de 1200x1200, a outra atinge 1600x1200. Ambas possuem um buffer de 8GB, capaz de guardar 5 mil imagens, equivalente a um panorama completo de 360 graus.

O Curiosity é grande demais para usar painéis solares, por isso utilizará como fonte de energia uma pilha de Plutônio. Isso quer dizer que não dependerá do clima, não terá problemas com poeira cobrindo painéis solares e não temerá o inverno marciano.

O gerador, construído pela Boeing fornecerá 125Watts no começo da missão, com potência nominal de 2,5 KW/h. nada mau, se comparado com o robô anterior, que mal chegava a 0,6kW/h. Nada mau mesmo se levarmos em conta que o conjunto pesa 43Kg, e definitivamente nada mau, quando lembramos que ele fornecerá essa energia por 14 anos.

O robô é controlado por dois computadores idênticos, cada um com 256MB de RAM e 2GB de Flash (calma, não aquele Flash). A CPU de 400MIPS é uma RAD750, uma versão espacial do PowerPC 750. Consumindo ridículos 5 Watts o clock fica entre 100 e 200MHz. Portanto esqueça programar sondas espaciais em ASP, .NET, PHP ou Python. A palavra aqui é otimização.

Quanto ao sistema operacional, é o proprietário VxWorks. Sorry, mesmo a milhões de quilômetros da Terra, o Curiosity não é Livre.

A navegação será em grande parte autônoma. Point & Click. Você diz para onde ir, ele se vira, a 90m por hora. Não exatamente um T1000 mas um feito e tanto, do ponto de vista da inteligência artificial. O software de mapeamento cataloga mais de 40.000 pontos 3D, extraídos dos sensores. Não tenho a menor idéia do que isso significa mas é duas vezes melhor do que 20.000 pontos.

Com 850Kg uma descida de pára-quedas seria perigosa demais, seria preciso mais de um, as chances do robô se enrolar nas cordas era grande demais, então a NASA bolou um conjunto inédito:

A reentrada (ok, entrada) será feita com um escudo de calor convencional. Escudo ejetado, é aberto um pára-quedas principal. Na fase final da descida o robô é liberado, preso a um conjunto auxiliar equipado com retrofoguetes. Eles farão uma descida controlada. Quando muito próximos do solo, o Curiosity será desacoplado, ficando preso a cabos. Assim que as rodas tocarem no solo os cabos serão soltos e o conjunto auxiliar voará para longe. Complicado pacas, mas se funcionar será algo bem elegante:

Com o fim das missões tripuladas, sem nenhum projeto para substituir os Shuttles, com Obama pondo fim na Missão Lunar, é essencial que a exploração espacial seja incentivada por gente como James Cameron.

E se alguém reclamar que a Missão é muito cara, mimimi, criancinhas com fome na África, gostaria de lembrar que Avatar já faturou mais do que o orçamento previsto para o Mars Science laboratory.

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