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Quando a Ciência supera o MacGyver

14 anos atrás

Existe uma ilusão geral de que qualquer tipo de Ciência mais complexa do que cruzar ervilhas (coisa de colégio, ninguém descobriria nada com isso) exige laboratórios complexos e máquinas do tipo do LHC ou encontradas no porão do Tony Stark.

Não é verdade. É possível fazer ciência com muito pouco. Com álcool isopropílico, gelo seco e papelão você monta uma câmara de condensação, com ela observa partículas subatômicas, raios cósmicos vindos das profundezas do Espaço. Duvida? Assista ao tutorial:


Um fenômeno mais fascinante ainda é tão assustador que nem MacGyver usou em suas aventuras: Cientistas perceberam que fita durex quando desenrolada com força produzia uma fraca luminosidade. Um estudo mais detalhado mostrou que a radiação eletromagnética era gerada em várias faixas do espectro, incluindo raios-x.

E mais, dependendo da velocidade e da marca da fita, os raios-x atingiam energia de 15 KEv. Não é o LHC, com seus 7 TERA elétrons-volt mas um rolo de fita é tiquinho mais barato que o LHC.

Agora a parte divertida: Ninguém sabe a origem dessa emissão de radiação. Há várias hipóteses mas nada conclusivo. Há até uma ciência especializada em estudar superfícies se esfregando, e por incrível que pareça o nome não é Onanística, e sim Tribologia. O fenômeno rendeu um artigo na Nature, e um vídeo onde os cientistas não só demonstram o fenômeno usando um Contador Geiger, como sensibilizam um filme de raio-x dentário, fazendo uma chapa do dedo de um deles, utilizando raios-x vindos da fita adesiva.


Raios-X de 15 KEv são energéticos o suficiente para energizar uma reação de fusão nuclear, e em teoria um reator poderia ser iniciado com um rolo de fitas. Claro, isso nem Montgomery Scott, o MacGyver do Século XXIV ousou fazer, pois ele (assim como os cientistas atuais) sabe que precisaria de toneladas de fitas e uma estrutura gigantesca, a energia gasta para girar as fitas seria maior do que a gerada pela fusão de ions de H2 causada pelos raios-x emitidos.

Malditas Leis da Termodinâmica.

Mesmo sem nenhum uso prático imediato (ou sequer no Século XXIV) o fenômeno de triboluminescência é fascinante. Mesmo raios-x sendo algo natural, associamos sua emissão com máquinas complicadas e perigosas (2 correto, 1 falso). Descobrir que algo tão mundano quanto fita adesiva é capaz de emitir ondas eletromagnéticas tão energéticas é de virar a cabeça.

Fonte: New Scientist

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