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A Escolha de Sofia da Mídia Mobile

14 anos atrás

fullHD

Para surpresa dos estúdios, que não conseguem acertar uma, o público está consumindo muito conteúdo de vídeo em plataformas mobile. Imaginavam que o consumo seria restrito a videoclipes (como se alguém AINDA assistisse videoclipes) e nada mais.

Na prática usuários de smartphones otimizam seu tempo em filas, almoços e salas de espera assistindo seus programas de TV favoritos, além de mais longa-metragens do que Hollywood sonhava vender para uma plataforma tão pequena.

Isso gera um problema prático: Os sériados e filmes estão sendo pensados em FullHD, widescreen. 1920x1080 como resolução padrão. Vários detalhes começaram a ser incorporados nas cenas, o que antes era parte indistinta do cenário passa a ser parte da trama.

O próprio merchandising está embarcando, com alta definição é possível incluir produtos mesmo fora de primeiro plano.

Só que o mobile muda tudo. O iPhone por exemplo tem resolução de 480x320. O quadrado branco na imagem acima representa a tela do iPhone comparada a um frame FullHD. Se considerarmos o aspecto de tela de Watchmen, a área efetiva desce para 480x200.

200 pixels de altura é muito pouco para exibir detalhes pensados para uma imagem com 1080 pixels na vertical. Mesmo que espremamos mais pixels, seu olho tem um limite de resolução, um personagem pode ter 500 pixels, se ele tiver 2mm de altura, você NÃO será capaz de distingui-lo.

Portanto caímos em um problema: O conteúdo em HD será limitado pela capacidade dos dispositivos móveis, subutilizando assim a capacidade do formato ou os dispositivos móveis consumirão o conteúdo HD, e caso a informação perdida, o detalhe desaparecido fizer parte da trama ou agregar algo, azar do espectador?

A dramaturgia sempre fez uso dos recursos de cada meio, mas agora temos duas vertentes indo em direções opostas, querendo consumir o mesmo conteúdo. Quando o cinema ressuscitou o Widescreen para bater de frente com a televisão nos anos 50 houve muito problema, filmes eram ou mutilados ou manualmente posicionados para que o foco da cena ficasse sempre visível. Um horror. Veja:

 

Essa guerra felizmente acabou. O Cinema venceu, os padrões de TV hoje são todos widescreen, mas a guerra da resolução não tem solução técnica. Uma tela de 3,5 polegadas a uns… 40cm de distância torna impossível reconhecer detalhes finos, mesmo que a resolução gráfica para isso existisse no dispositivo. E não existe.

O que acontecerá?

Prevejo que teremos um nicho de produções “mundanas” focando no mundo mobile, que embora produzidas em HD não façam nenhum uso especial dos recursos, e por consequência não percam muito quando reduzidas. Isso funciona muito bem para desenhos animados, por exemplo.

Já a dramaturgia “séria” não dará bola. Se algum louco quiser acompanhar a Batalha de Helm´s Deep em uma tela minúscula, azar o dele. Os filmes com visuais grandiosos continuarão sendo criados para a tela grande.

O que não consigo encaixar é o intermediário, o pessoal que depende de merchandising, que quer inovar e ser criativo com o meio HD mas não tem “moral” pra bancar uma decisão artística dessa monta.

Dado o histórico de Hollywood, temo que sigamos pelo menor denominador comum e FullHD seja tão bem usado como na RedeTV afinal se 1920x1080 não foi inventado para ver Superpop, não sei o que foi.

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