Ronaldo Gogoni 6 anos atrás
O YouTube tem um problema: há uma série de canais piratas que infestaram a plataforma com vídeos em que personagens infantis são tirados de contexto, ligados a conteúdos como sexo, violência, consumo de drogas (lícitas ou ilícitas, não importa) e outras situações, e o algoritmo que não é tão inteligente quanto deveria acaba classificando tudo como material para toda a família.
Isso não só permite que crianças tenham acesso a material impróprio no app principal como os mesmos vídeos vão parar no YouTube Kids, que deveria ser uma plataforma segura (pero no mucho) para os pequenos mas não o são nem de longe, visto que o sistema reconhece os personagens e palavras-chave para fazer a classificação. De uns tempos para cá o YouTube vem sendo malhado pela imprensa porque sejamos sinceros, se na nossa época a TV era a nossa babá hoje quem cumpre esse papel são os apps de vídeo, da Netflix ao YouTube e são poucos os pais que realmente monitoram o que seus filhos consomem.
Claro que daí descambaríamos para uma enorme discussão sobre de quem é a responsabilidade sobre o que as crianças assistem (spoiler: são os pais), mas divago. Voltando ao assunto principal, o YouTube decidiu resolver esse problema com apps piratas (e outros que não necessariamente o são, como os de canais de tutoriais de maquiagem de personagens da Disney que claro, não é material para crianças, entre outros) primeiro cortando a monetização, e agora restringindo o seu alcance implementando classificação indicativa nos vídeos; logo de cara apenas vídeos livres para todas as idades entram no YouTube Kids, o que de pronto pulverizará do app tudo o que não for verdadeiramente qualificado para crianças.
O YouTube informa que trabalhará com três linhas de defesa: primeiro, o algoritmo da plataforma será aprimorado para melhor identificar tais vídeos inadequados; a segunda camada é o usuário, pois ele poderá denunciar vídeos inadequados no app/serviço principal para o time de segurança e nisso um time de moderadores os revisará manualmente, para determinar a classificação etária mais adequada. Caso ele seja identificado como inapropriado ele receberá a restrição por idade, independente de qual seja já é o suficiente para ele ser removido do YouTube Kids.
O YouTube precisa não só resolver esse pepino com os vídeos impróprios para crianças não só pelas implicações de expo-las a material impróprio, mas também para tentar recuperar uma parte dos anunciantes que fugiram da plataforma. Ainda que o YouTube Kids não devesse exibir anúncios, o serviço oficial ainda o faz e é importante fazer algo para passar a mensagem de que são todos bonzinhos que se preocupam com os pequenos. Ainda assim, é fato que esses canais piratas se tornaram uma praga e para os pais mais desatentos, que não acompanham seus filhos é importante ao menos minimizar o acesso delas a tais materiais.
Claro, o certo seria o YouTube atomizar esses canais mas esse já é outro problema.
Fonte: The Verge.