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Nike Hercules — combatendo fogo com fogo

Como você detém uma esquadrilha de centenas de bombardeiros inimigos carregando bombas atômicas vindo em direção ao seu país? No começo da Guerra Fria eles usavam fogo contra fogo, mísseis com ogivas nucleares seriam lançados explodindo formações inimigas inteiras. Em cima das cidades americanas!

7 anos atrás

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Antes da Guerra Fresca, com EUA e Melhor Coréia se xingando histericamente no Twitter, houve a Guerra Fria, onde EUA e União Soviética se preparavam mara dizimar um ao outro, e a sério. Com a nuclearização dos arsenais logo após a 2ª Guerra, começou uma corrida para produzir aviões maiores e bombas menores.

Lembre-se, isso foi nos anos 50, Wernher Von Braun mal havia chegado nos EUA: estava ocupado demais desfazendo as malas, apagando as conversas do gmail com [email protected] e limando o histórico do browser pra se preocupar com foguetes.

O cenário do apocalipse era esquadrilhas de bombardeiros russos obscurecendo o Sol, lançando bombas nucleares de dezenas de km de altitude. E pior, os próprios EUA haviam demonstrado na 2ª Guerra que caças não conseguem lidar com centenas de bombardeiros ao mesmo tempo. Dresden foi dizimada por uma formação de 1.300 bombardeiros.

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Só basta um Tupolev sortudo para soltar uma bomba em Washington, e isso não podia acontecer. Era preciso uma arma para derrubar esquadrilhas inteiras, não apenas aviões individuais. Para isso vários mísseis foram desenvolvidos, mas o mais emblemático e eficiente, foi o MIM-14 Nike Hercules.

A melhor forma de derrubar vários aviões de uma vez é com uma bomba grande. A forma mais desesperada, e a escolhida foi equipar o Nike com uma ogiva nuclear.

Era uma arma de último recurso, desespero mesmo. O Nike tinha alcance de 140 km, podendo atingir alvos a até 46 km de altitude. Caso as defesas não pudessem deter os bombardeiros, os Nike seriam disparados e detonariam no meio das formações russas, explodindo ogivas de até 28 quilotons, duas vezes a potência da bomba de Hiroshima.

Isso mesmo. A solução para evitar um ataque nuclear era explodir bombas atômicas na atmosfera em cima de seu próprio país. É insano, mas funcionaria. Os russos tiveram a mesma idéia e até hoje mantém baterias de defesa em Moscou com esse tipo de míssil.


Nuclear Vault — Nike Hercules Missile Q5 High Altitude Intercept

É óbvio que o resultado da explosão cairia nas cidades, e um número imenso de pessoas morreria contaminados por pedacinhos de comunistas radioativos, mas quando se está jogando com o fim do mundo, era menos pior do que perder as cidades e muito mais gente.

Quando os bombardeiros foram substituídos por mísseis balísticos o Nike passou por upgrades que o mantiveram em uso até os anos 80, quando os Patriot os substituíram. A precisão do Patriot tornou as ogivas nucleares desnecessárias, e eles usam explosivos comuns bem mais gentis para o meio-ambiente, se você ignorar o material nuclear dos mísseis, que será espalhado no ar. De novo, melhor um pouco de contaminação do que uma grande cratera onde antes era Houston.

 

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