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NES Classic Edition — desmontes revelam poder semelhante ao do Wii

Aquele mini NES oficial nem saiu e já foi desmontado… O console NES Classic Edition teria poder de processamento semelhante ao do Wii e emulador seria liberado pela Nintendo no futuro, sob GPL2.

7 anos atrás

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Emulação de um console é um processo complicado, pois exige compreensão bem detalhada do software e do hardware específico da plataforma desejada para reproduzir seu funcionamento em outra máquina. A pirataria e engenharia reversa, que trouxe vários emuladores de consoles clássicos aos computadores no final do século passado, deram a ilusão de que mesmo consoles mais antigos como os da 3ª (8 bits) e 4ª (16 bits) gerações pudessem ser “perfeitamente” emulados em qualquer laptop ou desktop.

Não é bem assim. Sem a documentação oficial necessária do software e, principalmente, do hardware específico em si, o processo de emulação de uma plataforma acaba não atingindo os desejados 100% de precisão. Não adianta apenas fazer engenharia reversa no jogo pirateado e deduzir pelo código-fonte deste para que hardware ele foi escrito. Todo hardware especializado para jogos tem seus segredos industriais e licenças proprietárias.

Mesmo com todas essas dificuldades, a emulação não-oficial de consoles clássicos de 8 e 16 bits melhorou muito de 1997 para cá: se, naquela época, a precisão era abaixo dos 80% (e muito leigo nem notava a diferença), hoje podemos dizer que os emuladores não-oficiais de consoles até a quarta geração atingiram algo bem próximo dos 98% de precisão do funcionamento do hardware emulado. Só entusiasta, com o equipamento certo, nota a diferença. E em jogos específicos.

Problema: mesmo com o conhecimento integral do hardware em si e os devidos royalties pagos, o hardware requerido para emular via software um console com a máxima precisão possível precisa ser poderoso o bastante. E se depender de hardware que não é mais fabricado, o custo pode ser bastante elevado. Adicionar recursos não-existentes no hardware original, então… é um belo desafio.

Desafio esse que a Nintendo aceitou ao anunciar o NES Classic Edition.

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NES Classic Edition ainda nem foi lançado oficialmente e já foi desmontado (crédito: Ars Technica)

O pequeno console da Nintendo ainda está para ser oficialmente lançado (sexta dia 11/11), mas lá na civilização já conseguiram testar resenhar e até desmontar esse mini NES de 60 dólares. A Big N teve o desafio de emular, via software, com a máxima precisão, 30 jogos do querido Nintendinho 8 bits num hardware acessível que pudesse funcionar nos atuais televisores com HDMI. Chupa, Tectoy! (ou não)

E, segundo as várias análises mundo afora, a japonesa conseguiu fazer com o NES Classic Edition um trabalho de emulação via software bem melhor que o visto no Virtual Console do Wii U. Como?

Bom, isso a Nintendo revelará depois. Não, você não leu errado: a Big N pretende revelar no mínimo parte do trabalho que teve ao emular jogos do NES no mini-console. Segundo o disclaimer presente no próprio NES Classic, ele é baseado em software open source, sob a licença GNU GPL2, e o código-fonte estará disponível no sítio da Nintendo no futuro.

Os programadores farão a festa com essas informações quando forem reveladas, mas é bom lembrar que o NES Classic roda jogos de Nintendinho num hardware específico. E qual seria esse hardware “específico”?

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O que há por dentro do NES Classic Edition? (crédito: Peter Brown)

Aparentemente o principal chip do mini NES é um SoC AllWinner R16, acompanhado de 256 MB de memória principal (RAM) do tipo DDR3 e outros 512 MB de armazenamento do tipo NAND (memória Flash). Esse AllWinner R16 — comum em set-top boxes chineses — inclui quatro núcleos ARM Cortex-A7 como CPU e uma GPU composta por dois núcleos Mali-400.

Litografado em 28 nm, o SoC roda com segurança nos aparelhos chineses com o clock da CPU em 1,2 GHz e a GPU em 500 MHz. Isso dá um poder pouco superior ao New 3DS. E o New 3DS pode rodar jogos com um nível de complexidade técnica semelhante à do velho Wii, bastando retrabalhar o jogo como no caso do Xenoblade Chronicles 3D.

Ou seja: para a melhor emulação possível do NES, a Nintendo usa basicamente um Wii. Nada mau, pena que os desmontes do NES Classic revelam que o aparelho está bem protegido contra hacks como o de colocarmos mais jogos nele, exceto se dessoldarmos a memória Flash. Inclusive o conector micro-USB só serve mesmo para fornecer os 5 V. No máximo o NES Classic será visto no PC como um dispositivo USB desconhecido.

Um mini SNES da própria Nintendo no mesmo estilo é possivel? Sim, mas tecnicamente ainda está meio cedo. Isso caso a Big N queira oferecer um console emulador com o mesmo nível de precisão do NES Classic Edition.

Concluindo, o mini NES abrirá as portas para uma melhor emulação em dispositivos como o Raspberry Pi 3. O NESPi agradece.

Fontes: Peter Brown e Reddit via Ars Technica.

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