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Ashley Madison admite ter usado bots para atrair usuários

Executivos admitem finalmente que rede social de “escapadinhas” ashley Madison fez uso de bots para atrair idio… — digo, incautos usuários pagantes.

8 anos atrás

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Típico usuário do Ashley Madison interagindo com os bots do site

Quase um ano se passou desde o dia em que o site Ashley Madison, uma rede social focada em encontros extraconjugais foi invadida e  quase 10 GB de dados de seus usuários foram decriptados (graças à segurança risível) e jogados na internet. Para quem gostava de viver perigosamente o fato foi uma garantia de fortes emoções, já que informações como nome, e-mail, endereço, telefone, dados bancários e de cartões de crédito, preferências sexuais, foi tudo exposto.

Isso desencadeou um barata-voa sem precedentes: pessoas perderam empregos, casamentos foram arruinados e pelo menos dois usuários teriam se suicidado por causa do vazamento. Passada a tempestade a rede agora procura voltar ao mercado reinventada, e os atuais capitães do barco resolveram jogar limpo e assumir a culpa numa suspeita antiga: as mulheres do Ashley Madison eram em sua maioria bots.

O Modus Operandi da rede social foi desbaratado por Annalee Newitz, à época colaboradora da Gawker Media (hoje ela escreve para o Ars Technica). No ano passado, durante o fuzuê em torno do vazamento dos dados do Ashley Madison ela conduziu uma pesquisa nos bancos de dados, e constatou algo que muita gente já desconfiava mas não havia conseguido provar: praticamente não haviam mulheres reais ativas (ui!) no site. Quase todas que interagiam com os homens eram invariavelmente bots.

A jogada era bem suja: assim que um homem criava uma conta gratuita um desses bots, agindo como uma "host" (documentos vazados dos executivos da Avid Life Media, a empresa dona da rede e de outras similares como Cougar Life e Established Men) iniciava um contato de modo a cativar o otá-digo, potencial consumidor com um diálogo e envio de imagens picantes. Como a possibilidade de manter contato só era permitido através de contas pagas, o recém-chegado invariavelmente caia na trama e se convencia de que assinar o serviço era uma boa ideia.

Os dados apurados revelaram que enquanto o site possuía uma grande quantidade de usuários homens, mulheres reais não representavam nem 5% do total e mais, a maioria esmagadora mesmo desse pequeno percentual era de contas inativas. Os operadores do Ashley Madison inclusive coletavam dados de contas encerradas como fotos para criar os bots, que totalizavam cerca de 70 mil contatos dentro da rede social. Ela não passava de uma versão online de The Stepford Wives, todas as mulheres que interagiam com os usuários eram máquinas; além de terem os dados comprometidos os usuários nunca descolariam caso algum lá dentro. Era um engodo completo, criado para arrancar dinheiro de trouxas.

O resultado não poderia ser outro, a Avid Media está sendo processada por Deus e o mundo, inclusive pela FTC. O então CEO Noel Biderman, que havia admitido a invasão e chegou a oferecer uma recompensa para quem identificasse os hackers inevitavelmente rodou. O atual chairman Rob Segal e o presidente James Millership estão tendo que lidar com as consequências, e enquanto isso preparam o Ashley Madison agora como uma rede social comum, "voltada para pessoas curiosas".

No pacote do remodelamento da rede social, entre nova premissa e segurança aprimorada (eu diria que isso é essencial), os executivos admitiram finalmente que o uso dos bots. Millership disse em entrevista que na época eles entendiam que bots "eram uma prática comum na indústria". Até concordo mas a forma como eles empregaram o recurso, onde não haviam efetivamente nenhuma mulher real em contato com os usuários homens caracteriza estelionato, na minha humilde opinião.

Os executivos juram que de agora em diante o Ashley Madison e a Avid Life Media em geral estão livres de bots para todo o sempre, e afirmam que nessa nova fase a porcentagem de mulheres na rede social já é bem melhor: 16% do total. Embora uma minoria, ainda é melhor do que o efetivo de zero mulheres de outrora.

Fonte: The New York Times.

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