Carlos Cardoso 8 anos atrás
Battlestar Galactica é minha série preferida. Não a nova, que é excelente, mas a clássica, a que é kibada de Star Wars a ponto de ter rendido processo, a com estética meio de faroeste, misturando referências egípcias e que — não contem pra ninguém — é basicamente proselitismo religioso, espalhando o Livro de Mórmon para os não-iniciados.
Foram 24 episódios com Starbuck e Apollo chutando bundas, Cassiopéia socializando (wink wink) e Lorne Greene, o Comandante Adama sendo maior que a vida. Coisa rara para a época, havia continuidade entre os episódios, contando a fuga desesperada dos últimos remanescentes da humanidade, em busca da tribo perdida, a 13ª Colônia, em um planeta há muito perdido chamado… Terra.
A abertura, com a narração de Lorne Greene e a música épica de Stu Phillips me arrepia até hoje:
A série teve episódios ruins e episódios épicos. Quando chegaram na Terra mas não era a Terra, foi péssimo; já Guerra dos Deuses, onde encontram basicamente o Diabo é lindo, embora termine em um Deus Ex Machina total; e, só para manter o tema, no último episódio, A Mão de Deus, Starbuck Apollo Cassiopeia e Sheba acham uma cúpula de navegação em uma área desativada da Galactica, e captam um sinal embaralhado. No final do episódio quando não há ninguém por perto o sinal inteiro é recebido pelos equipamentos: é a transmissão do pouso da Apollo 11 na Lua.
A versão de 2009 é menos cromada, os Cilônios estão mais ameaçadores e mais discretos, Galactica não é mais Ataque dos Clones da Capitã Phasma, mas ainda assim é excelente. Versão definitiva, diriam muitos. Uma história bem mais complexa, sem grandes mocinhos mas com excelentes vilões, a Caprica 6 me dava tanto medo quando daria para meu eu de 13 anos.
Galactica sempre teve um problema: foi ordenhada até secar mais de uma vez. Desde o começo. O episódio-piloto foi exibido em vários lugares como filme de cinema, tentaram ressuscitar a série várias vezes com versões piores e mais pobres, e quando a versão de Ron Moore estava excelente e nos trinques, o SyFy se tocou que Sharknado e Lavalântula rendem a mesma grana e custam 10x memos, puxaram o plugue.
Não sem antes enfiar webseries, pilotos como Blood and Chrome, Razor e a repescagem de cenas velhas The Plan. Ah, e Caprica, uma história que conseguiu tornar o universo de Battlestar Galactica… chato. Havia uma excelente história perdida em Caprica, mas no meio de Sopranos no Espaço, ninguém viu.
Agora voltaram a tocar o projeto de um novo filme, que existe desde antes da antiga nova série. Por volta de 2000 Bryan Singer estava escalado para dirigir, mas depois do Osama um filme que começava com a destruição da Humanidade não pegava bem, e engavetaram o projeto.
A versão agora tem produção de Michael DeLuca (A Rede Social, 50 Tons de Cinza, Blade 2) e Scott Stuber (Ted, Battleship, A Million Ways to Die in the West). Sei que soa assustador mas lembre-se, Melissa Rosenberg, roteirista de Crepúsculo foi produtora-executiva de Jessica Jones e Dexter. Tudo pode acontecer.
Segundo Singer sua versão ficaria entre a original e a de Ron Moore, mas hoje é realmente impossível determinar qual caminho seguirão. Pode ser algo leve e divertido como Guardiões da Galáxia, ou séria e trágica como Interestelar. Podem também tentar (de novo) copiar Star Wars.
É pra ter medo? Não. A franquia está morta e enterrada, as séries antigas não vão deixar de existir, o que vier é lucro. Estamos em uma onda de remakes bem legais, Arquivo X está aí pra provar. Se fizerem direito, teremos mais uma ótima franquia para seguir.
Só por favor não mexam no layout dos Vipers, já são perfeitos, e dêem um jeito de incluir no filme a Manobra Adama, o momento mais fodástico da histórica da ficção científica universal. Ronald Moore em seu podcast comentou “é bom que a gente ganhe uma porra de um Emmy por essa cena”.
Ganharam.
Fonte: The Wrap.