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Apple pode ser processada por desativar iPhones consertados por terceiros

Um rolo dos grandes: Apple enfrenta ameaças de processos por desativar iPhones cujo Touch ID foram substituídos por técnicos não autorizados

8 anos atrás

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A estratégia da Apple de oferecer um ecossistema fechado e blindado a fim de “proteger” seus consumidores é uma boa estratégia de vendas. Ela oferece produtos e soluções que funcionam melhor se o usuário der preferência ao que a maçã aprova, e como este quer usabilidade não liga muito para liberdade, e aceita a proposta feliz.

O grande problema é que a Apple deseja controlar tudo, e quem sai da linha pode ser duramente punido. É o que muitos usuários que apelaram para assistência técnica de terceiros estão descobrindo agora, da pior maneira.

O problema da vez gira em torno do Touch ID, envolvendo o botão Home do iPhone. O leitor biométrico armazena e valida as informações pessoais do usuário, atrelando-as às impressões digitais através do processo Secure Enclave, que é realizado pela própria Apple. O Touch IDé uma peça bem mais complexa que os velhos botões embutidos nos modelos pré-iPhone 5s, mas como componente de hardware está sujeito a danos. Ele quebra, deixa de ler dados, precisa ser substituído.

O rolo começa quando o usuário prefere apelar para o técnico terceirizado, que conserta de tudo inclusive iGadgets. Para quem não quer ficar preso à (cara) assistência técnica oficial após sair do período de garantia da Apple esta é uma boa opção. Acontece que a maçã não quer dividir o bolo, e por causa disso muitos usuários que trocaram os botões em assistências não autorizadas começaram a ver o temido “Erro 53” após qualquer procedimento de atualização ou restauração do aparelho. Depois que isso acontece não há o que fazer: o iPhone vira um peso de papel.

O erro aparece mesmo para quem nunca levou seu smartphone num técnico e o iFixIt publicou um post dizendo que o erro é muito mais relacionado a um bug de sincronização do Touch ID, mas é fato que os usuários que trocaram os botões do iPhone assistências terceirizadas o estão vendo com mais frequência. E para completar a Apple se pronunciou oficialmente, dizendo que o “Erro 53” é uma medida para proteger seus queridos consumidores:

Nós da Apple levamos a segurança a sério, e o Erro 53 é o resultado de checagens de segurança criadas para proteger nossos consumidores. O iOS verifica se o sensor Touch ID em seu iPhone combina corretamente com outros componentes de seu dispositivo. Se o iOS encontra uma discrepância a checagem falha e tanto o Touch ID quanto o Apple Pay são desabilitados. Essa medida de segurança é necessária para proteger seu dispositivo e evitar que um sensor Touch ID fraudulento seja utilizado. Se o Erro 53 ocorrer, recomendamos o usuário a procurar o suporte Apple.

Hummmm, vejamos: então por causa de uma “medida de segurança” o dono de iPhone ficará amarrado ao suporte da Apple para todo o sempre, mesmo após o fim da garantia de seu aparelho e será obrigado a gastar muito mais para realizar um reparo que outras assistências fariam com a mesma qualidade e por um valor mais amigável. Ah, e eu mencionei que o Erro 53 invalida a garantia?

Em geral os usuários estão fulos com a Apple, e isso despertou a atenção de ao menos um escritório de advocacia nos EUA, que cogita a possibilidade de abrir uma processo contra a companhia; a PVCA está reunindo usuários lesados para tentar viabilizar uma ação pública, comparando o iPhone a um carro que deixa de funcionar “porque você trocou o alternador num mecânico não-autorizado”.

Já no Reino Unido o caso pode ser visto como uma infração ao código penal, em que a maçã teria deliberadamente criado um método para matar iGadgets de usuários que não rezam por sua cartilha. E não teria como se defender, já que sob todos os aspectos o processo de verificação visa exatamente desativar iPhones que passaram por um processo de manutenção não aprovado, com a intenção de destruir equipamentos de seus usuários.

A Apple pode até tentar argumentar, mas desta vez está todo mundo contra ela e caso insista nessa estratégia, as chances dela ser processada por diversos grupos só tende a aumentar.

Fonte: The Guardian.

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