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Batman: Arkham Knight — Análise

Confira nossa análise de Batman: Arkham Knight, o capítulo final da mais recente saga do Cavaleiro das Trevas nos videogames

9 anos atrás

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Nós perdemos o controle da cidade em apenas 24 horas. Hoje, Gotham depende de apenas um homem para nos salvar”.

E é assim que somos novamente jogados na realidade suja e sombria de uma das cidades mais violentas e sombrias dos quadrinhos e dos videogames. Batman: Arkham Knight tem a dura missão de encerrar com chave de ouro a série iniciada em 2009 na geração anterior, e já vem sendo apontado como o maior e mais aguardado lançamento do ano, ao lado de The Witcher III: Wild Hunt. Mas ele atendeu a todas as expectativas?

Em primeiro lugar não dá para passar um paninho na Rocksteady, é preciso lembrar de todos os problemas que os jogadores de PC estão sofrendo, o que levou a Warner Bros. a suspender as vendas do game — embora haja indícios de que ela não seja tão santa nessa história. Em todo caso, esta análise foi baseada na versão para PS4 e digo logo: o jogo está de cair o queixo.

Este texto não contém spoilers, pode ler sem medo.

A Vingança Nunca é Plena…

Um ano se passou desde os eventos ocorridos em Batman: Arkham City. Gotham vive um momento de paz atípica, os índices de criminalidade caíram, os vilões desapareceram — como a prisão no meio da cidade foi considerada ilegal pela justiça todos os detentos foram soltos e indenizados pelo estado, para desespero do comissário James Gordon.

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Claro que isso não ia durar e o Espantalho, que não é visto desde a rebelião no Asilo Arkham (os eventos de Arkham Asylum) coloca em movimento seu plano final para destruir Gotham e o morcego (quem jogou Arkham City muito provavelmente encontrou dicas sobre o que ele estava planejando): ele ataca com sua toxina do medo e anuncia que vai mergulhar a cidade num pesadelo eterno, acabando por causar uma evacuação total da população.

Apenas bandidos pé-de-chinelo e vilões como Pinguim, Duas-Caras, Arlequina, Charada, Hera Venenosa e outros ficaram, todos em conluio com o Espantalho para pôr um fim à Gotham e ao Cavaleiro das Trevas de uma vez por todas. Permaneceram também na cidade a polícia comandada pelo comissário Gordon e claro, o Batman e seus aliados Alfred, Lucius Fox, Robin, Asa Noturna e — sem que o comissário saiba — Barbara Gordon, a Oráculo.

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Só que há mais um elemento nessa equação, e ele atende pelo nome de Cavaleiro de Arkham. Essa enigmática figura comanda uma enorme milícia composta por soldados altamente treinados e possui um arsenal gigantesco de drones, desde tanques e helicópteros a canhões remotos. Tudo sobre ele é envolto em mistério mas ele dá a entender que conhece o Batman muito bem, assim como seus métodos de combate e seus segredos mais íntimos. Aliado um tanto relutante do Espantalho, ele deixa bem claro qual é seu objetivo: matar o homem-morcego.

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Batman terá que lidar com um enorme desafio desta vez: desta vez enfrentar seus inimigos com os punhos e abusar do Modo Predador não basta, será preciso artilharia pesada e para isso ele conta pela primeira vez na série com o Batmóvel, que se converte num verdadeiro tanque de guerra (Estrela curtiu isso). Calma, porém: embora ele use de artilharia pesada contra drones o Batman não mata, lembra? Assim ele só dispara munição não-letal caso você mire em bandidos a pé.

Só que como desgraça pouca é bobagem, o Cruzado de Capa ainda terá que lidar com seus temores internos e muitas vezes ele irá caminhar no limiar entre a sanidade e a loucura — e não direi mais do que isso para não estragar a experiência de ninguém.

Ah sim: embora desenvolvido pela Warner Montreal e não ter sido muito bem recebido por crítica e público, a prequel Arkham Origins faz sim parte da cronologia; há referências e acontecimentos que remetem diretamente aos eventos ocorridos no game lançado em 2013.

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Deleite Visual

Tecnicamente Batman: Arkham Knight é lindo. Embora o PS4 e o Xbox One tenham sido considerados videogames com poder de fogo muito aquém do que se esperava para a oitava geração, o hardware do console da Sony não faz feio e entrega um game impecável visualmente, e sem quedas de framerate. O design de ambientes e personagens também não faz feio, Gotham está mais bucólica e sombria do que nunca, efeitos de luz e sombra utilizados de forma competente fazem com que o resultado final seja muito bom. E mesmo estando a cidade quase vazia, ela parece viva.

Claro, é importante notar que embora não seja nada do nível visto nos PCs o game não está totalmente livre de bugs: há momentos em que o Batman “travou” em uma direção e você se vê pateticamente andando de costas, a lá Moonwalk. Alguns erros no som e uma cadeira que “entrou no chão” também foram testemunhados. Nada que comprometa o game nos consoles, mas é algo que merece ser mencionado.

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A tal "cadeira fantasma"

Reaprendendo a ser o Batman

Se você acha que vai chegar em Batman: Arkham Knight com toda a bagagem dos títulos anteriores e sair descendo o cacete em todo mundo, pode tirar o morceguinho da chuva. Com a adição de novos features os controles tiveram que ser todos repensados, e particularmente acho que a mudança é bem-vinda, o game ficou mais dinâmico e menos descerebrado. Agora para acionar o Modo Detetive é preciso apertar o direcional analógico digital para cima, já o L1 chama o Batmóvel.

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A seleção de gadgets se faz agora segurando o D-Pad para baixo, que abre um sub-menu em que você seleciona o aparelho numa roda de ação, similar a jogos recentes e uma adição bem-vinda. O seletor de missão funciona da mesma forma, apertando direcional para a direita. Já para a esquerda você aciona o seletor de desafios de RA.

A jogabilidade a pé mudou bastante por conta disso, e uma das adições mais legais é o chamado Golpe de Multi-Intimidação: caso o Batman não seja visto e os inimigos estejam em posições favoráveis é possível nocautear de três a cinco meliantes de uma só vez. Isso é útil em casos em que você precisa eliminar um grande número de capangas — que agora são mais variados, há desde tipos que detectam sua posição enquanto você estiver no Modo Detetive a médicos que reanimam os que você já derrubou — ou mesmo num ataque stealth, porque executada de forma perfeita os inimigos não têm tempo para reagir. A ação não é silenciosa no entanto, portanto use-a sabiamente.

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O combate está ainda melhor. Agora é possível interagir ativamente com objetos do cenário, desde derrubar um lustre na cabeça de um inimigo, enfiar sua cara num quadro de força ou desarmar a e utilizar as armas brancas de seus oponentes. Outra novidade é o chamado Dual Play: em determinados momentos você poderá controlar dois personagens ao mesmo tempo e alternar entre eles apertando L1. Caso você execute uma quantidade suficiente de golpes sem ser atingido ou interromper a sequência, é possível trocar com um golpe combinado entre os dois aliados.

A Rocksteady agora tomou cuidado em premiar quem tem paciência, punindo por sua vez os famigerados "button-mashers": comandos executados no momento certo garantem combos mais longos, mais golpes críticos e consequentemente mais experiência ganha.

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O sistema de voo foi melhorado, agora é possível ficar mais tempo no ar e atingir maiores distâncias e altitudes. Isso é importante porque a Gotham de Arkham Knight é gigante, pelo menos cinco vezes maior do que a vista em Arkham City (já aviso, as locações são completamente diferentes). Claro que está muito longe do que andam dizendo por aí, ele não é “um Batman de mundo aberto”; se compararmos com os cenários de games do gênero o mapa de Gotham é uma piada. Ainda assim você precisará de muito tempo para explorar tudo, seja a pé, de carro ou pelo ar.

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E por conta da adição de tanta coisa a árvore de upgrades do Batman cresceu exponencialmente; serão precisos muitos, mas MUITOS PONTOS da WayneTech para comprar todos os melhoramentos para o traje, o Batmóvel e os gadgets além de novos combos, e para isso é imprescindível completar todos os desafios de RA com a pontuação máxima, bem como explorar a fundo todas as side-quests.

Gotham à Beira da Eternidade

São as missões paralelas aliás que estendem a diversão do game e tiram o foco da trama principal. Há um sem número de coisas para fazer como resgatar bombeiros sumidos, investigar assassinatos em série, destruir veículos, minas terrestres, postos de vigilância e torres da milícia, deter roubos a banco, desmantelar operações de tráfico de armas e claro, solucionar as inúmeras charadas espalhadas por toda a cidade, sem falar no desafio do próprio Charada que envolve a Mulher-Gato. Conteúdo é o que não falta e com a ausência de urgência, o jogador tem todo o tempo do mundo para fazer o que quiser.

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Um outro ponto negativo que é preciso apontar é a decisão da Rocksteady em centralizar a aventura única e exclusivamente no Batman. Outros personagens como Mulher-Gato, Robin e Asa Noturna só podem ser controlados em momentos específicos ou na hora do combate em dupla, e os modos de história da Arlequina e do Capuz Vermelho são bem curtinhos. A desenvolvedora já prometeu novas expansões, e uma confirmada hoje é uma prequel envolvendo a Batgirl. Assim sendo, quem adquirir o Season Pass terá seis meses de novas adições garantidas segundo o estúdio, e outros personagens receberão maior atenção nos próximos lançamentos.

E a localização?

Então, falemos do elefante na sala. A tradução do game não escapou de alguns erros crassos, como a Oráculo chamar o novo traje do Batman (no original, suit) de "terno". Alguns erros de concordância e typos foram detectados mas nada muito comprometedor. O cast de dubladores é competente, mas em alguns momentos os personagens parecem falar rápido demais, em outros a entonação fica tão forçada para demonstrar sentimento que chega a ser caricato. Felizmente não é nada do nível de Mortal Kombat X, em que a Warner não soube nem orientar a cantora Pitty.

Alguns dubladores conhecidos dos fãs estão presentes como Ettore Zuim, voltando a interpretar Bruce Wayne/Batman como fez na trilogia de filmes de Cristopher Nolan, Mauro Ramos como o comissário Gordon, Iara Riça mais uma vez como Arlequina, Manolo Rey como Robin e Mário Tupinambá como Asa Noturna, entre outros.

Nota: eu encontrei duas linhas de diálogo que não foram dubladas e que aparecem com o áudio original em inglês sem nenhuma explicação. Infelizmente não posso dizer de quem se trata porque seria um baita spoiler.

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Nanananananananananananana…

Conclusão

Enfim, Batman: Arkham Knight não é o game do homem-morcego que merecíamos, mas é o que precisávamos. O título é facilmente o melhor do tema super-heróis dos últimos tempos e um representante de peso para convencer muita gente a finalmente investir num console da oitava geração, que andam recebendo mais remakes do que o público gostaria. Só espero que a Rocksteady e a Warner resolvam logo os problemas no PC, pois este é um game que merece sim ser jogado.

Official Batman: Arkham Knight Launch Trailer

Ficha Técnica

  • Título — Batman: Arkham Knight
  • Plataformas — PS4, Xbox One e PC (análise baseada na versão de PS4)
  • Desenvolvedora — Rocksteady Studios (PS4 e Xbox One), Iron Galaxy Studios (PC)
  • Distribuidora — Warner Bros. Interactive Entertainment
  • Preço — R$ 249 para PS4 e Xbox One; R$ 119 para PC/Steam
  • Pontos Fortes — grande quantidade de missões alternativas; desafio decente que não frustra o jogador; jogabilidade renovada mas sem perder a identidade
  • Pontos Fracos — pouco destaque em outros personagens; alguns erros crassos na localização, incluindo typos

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