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Polêmica: a farsa de Cersei nua pelada sem roupa em Game of Thrones

Uma cena em Game of Thrones deu o que falar, mas não pelo motivo que todo mundo imagina. A nudez de uma personagem não foi nada bem recebida, o pessoal não gostou da cena ter sido feita com computação gráfica e dublê de corpo. A questão é: até que ponto o espectador tem o direito de exigir que uma atriz tire a roupa de verdade? Resposta: ponto nenhum. Clique e descubra. P.S.: spoilers, óbvio.

9 anos atrás

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Angelina Jolie em Beowulf

TRIGGER WARNING: spoilers de Game of Thrones, eu acho.

Misturar personagens reais com imaginários não é novidade, sejam os esqueletos em stop-motion do Mestre Ray Harryhousen, seja a brilhante dança de Gene Kelly com Jerry, e depois, Stewie. Muito mais complicado é quando o efeito visual tem que fazer parte da pessoa.

Jurassic Park não teve problemas com dinossauros, as pessoas não sabem como um dinossauro se movimenta, mas qualquer CGI que envolva animais não-extintos exige muito trabalho. Um cachorro ou uma pessoa em CGI se não for muito bem-feito cai no Vale da Estranheza.

Outro efeito muito complicado é trocar partes da anatomia de uma pessoa. Também em  Jurassic Park há uma cena onde Lex cai de um buraco e se segura em uma viga. A cena foi feita com um dublê, e uma segunda tomada filmada com o sujeito caindo, se segurando e olhando para cima. A Industrial Light em Magic então pegou cenas da Ariana Richards (que, diga-se de passagem MILFou muito bem) e aplicou o rosto dela no lugar do rosto do dublê.

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É uma fração de segundos, mas foi revolucionário, mais do que dinossauros. Isso abriu caminho para todo tipo de efeito, hoje comum até em televisão. Essa tecnologia foi usada em Gladiador, quando Richard Harris Oliver Reed cometeu a indelicadeza de morrer antes de terminar de filmar sua participação.

Mais recentemente Paul Walker foi recriado em CGI para finalização do Velozes e Furiosos Alguma Coisa.

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Rosto de Paul Walker mapeado no corpo do irmão.

Uma área que a CGI vem sendo usada é em dublês de corpo, quando atrizes não se $entem confortávei$ em cenas de nudez. Jessica Alba por exemplo teve sua cena de nudez gratuita em Machete feita em CGI. Sim, alguém ganhou para remover digitalmente as roupas dela.

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Jessica Alba em Machete. O cuecão foi removido digitalmente. Clique para ver o resultado. NSFW, cuidado.

Em The Change-Up Olivia Wilde usou aqueles adesivos de mamilo, pra garantir que nada aparecesse, mas no final quando revisaram a cena os ângulos estavam errados, a solução foi o pessoal da pós-produção aplicar mamilos em computação gráfica em cima do adesivo.

A polêmica agora é que em Game of Thrones Cersei Lannister, a personagem de Lena Headey e irmã mais safadeenha desde Leia Organa é obrigada a fazer uma Caminhada da Vergonha, usando sua roupa de aniversário (em inglês essa piada funciona).

Fãs atentos perceberam que havia algo errado, começaram a investigar e descobriram que não era a atriz ali. Ou melhor, era, mas só a cabeça. Uma dublê de corpo havia sido utilizada, e a cabeça (mal) digitalmente atuchada.

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Professora Girafales?

A sequência toda é ruim, exageraram no blur, ela parece um photoshop ambulante feito no GIMP.

Como resultado os fãs não perdoaram:

https://twitter.com/henriquitto/status/610455916513751040

https://twitter.com/Nammari_II/status/610524728923521025

Nas interwebs a discussão já saiu da questão da qualidade e está tratando da validade do dublê de corpo. Há gente dizendo que se sentiu enganado. É como se a Lena Headey fosse uma Camgirl, você pagasse pelo show e na hora H ela trocasse de lugar com uma amiga parecida.

Essa é uma postura pra lá de egoísta. A menos que você seja o Presidente Aladeen você não compra o corpo das atrizes, você paga pelo direito de ver o filme. A figura de Dublê de Corpo aliás é bem anterior aos efeitos visuais. Para desespero de uma geração a Brooke Shields usou dublê de corpo n'A Lagoa Azul. Mila Kunis usou dublê de bunda em Friends with Benefits.

O caso mais famoso foi Calígula, onde os produtores usaram dublês de corpo e enfiaram cenas explícitas no filme, sem o conhecimento dos atores. A regra geral é clara: quando na cena de nudez o ator ou a atriz só aparecem de costas, ou as partes estratégicas só aparecem em close, foi usado um dublê de corpo.

O avanço da tecnologia permitiu que esse tipo de corte seja minimizado, evitando que o espectador “perceba” o uso do recurso. A única crítica válida aqui é a qualidade da CGI. A única. Ninguém tem o direito de exigir que uma atriz tire a roupa, ainda mais quando técnicas antigas já eram usadas para evitar isso.

Dublês de corpo usando CGI serão mais e mais usados, tanto em cenas de nudez quanto em cenas de ação, como o saudoso Christopher Lee nos Episódios II e III. Captura de performance já é uma realidade, Andy Serkis que o diga.

É claro que enquanto apreciador do beau sexe, preferiria que a Lena mostrasse seus talentos reais, mas se não, rola, não rola, ponto final. Se a cena exigir nudez, a tecnologia for capaz de provê-la e as partes envolvidas concordarem, é uma vantagem, pois o papel ficará com uma atriz adequada, que não o aceitaria normalmente.

De resto, se alguém reclamar que o uso de CGI para cenas de nudez é enganar o espectador, pela mesma lógica é enganação a Charlize Theron fazer a Furiosa, pois na vida real a atriz tem os dois braços.

75.0

Só quero ver quem vai falar isso na cara dela.

Atualização: nosso editor ultra zeloso (^NE) segurou este post na fila por 5 dias depois do final da temporada de GoT para ninguém reclamar de spoilers. Se mesmo depois disto (e do aviso na primeira linha) vocês reclamarem, paciência.

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