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Nightwish — Endless Forms Most Beautiful

E o Nightwish volta ao mercado com um excelente disco temático onde são trilhados os caminhos da Teoria da Evolução.

9 anos atrás

Nightwish

O ano era 1998 e, ao entrar em uma loja de discos, me deparei com o CD de uma banda desconhecida chamada Nightwish. Achei interessante a arte da capa e levei para casa. O disco era Oceanborn, o segundo trabalho da banda finlandesa e que já continha alguns dos grandes clássicos do grupo como, por exemplo, Walking in the Air e Sacrament of Wilderness. Me tornei fã declarado do grupo e só me acalmei ao ter todos os lançamentos da banda. O diferencial, com certeza, eram os vocais operísticos da vocalista Tarja Turunen e o teclado raivoso de Tuomas Holopainen. Porém, a banda só se tornou mundialmente conhecida com o disco Once (2004) e com o megablastersucesso platinado Nemo (essa tocou até nas rádios do interiorzão).

Porém, o sucesso veio com um preço. A sonoridade do disco de 2004 está muito distante do metal melódico épico dos primeiros discos. Talvez uma necessidade para adentrar no difícil mercado americano. As músicas ficaram mais pesadas, a parte melódica perdeu força e os vocais de Tarja ficaram mais perto do normal, sem exagerar tanto na pegada de cantora de ópera. O outro preço alto que a banda pagou foi a guerra de egos que começou a se desenvolver e que culminou com a demissão sumária da vocalista pelo resto da banda em 2006 logo após o último show da turnê do novo disco. Once vendeu 1 milhão de cópias em todo o mundo, mudou radicalmente a sonoridade da banda, abriu portas para novos mercados e fulminou na saída de uma das mais talentosas vocalistas que o Heavy Metal conheceu.

Depois de um tempo a banda se reestruturou e colocou no lugar de Tarja a desconhecida Anete Olson que gravou dois discos com a banda, Dark Passion Play (2007) e Imaginaerum (2011), que eu simplesmente nem ouvi. Tinha me desencantado com a banda e tudo o que me atraiu da primeira vez já não mais existia. Sinceramente, achava que a banda nem mais existia e a última notícia que tinha acompanhado do grupo é que tinham demitido a segunda vocalista (estamos começando a ver um padrão aqui) e que estavam cogitando outras pessoas para assumir o seu posto.

Porém, foi nessa semana que fiquei sabendo da bomba. O Nightwish havia voltado com um novo disco e com a presença de Floor Jansen nos vocais. Duas coisas me fizeram ir novamente atrás de um disco da banda. A primeira foi a presença da nova vocalista, da qual sou fã da época em cantava na ótima banda After Forever. A segunda foi a polêmica envolvendo o novo disco.

Endless Forms Most Beautiful

Lançado no final de março de 2015, tenho aqui em minhas mãos o Endless Forms Most Beautiful (graças ao Mercado Livre), um disco com uma bela concepção gráfica e com 11 músicas que certamente vão trazer o Nightwish de volta ao primeiro time de bandas de heavy metal mundial, pelo menos nos países com mente mais aberta. Embora os temas anteriores da banda tenham focado em fantasia (básico em uma banda de metal melódico) esse novo disco tem a ciência como principal âncora. A temática é baseada no trabalho de Charles Darwin e Richard Dawkins, sendo que este último participa de algumas faixas do disco citando passagens de livros escritos por ele. O disco foi muito bem recebido pela crítica e também acusado por muitos (conservadores) de negar Deus e colocar a Teoria da Evolução como única explicação para o surgimento do mundo que conhecemos (existe outra teoria?).

Bem, mesmo tendo muita informação sobre o disco, me resta colocar a bolachinha no aparelho de som e tirar minhas próprias conclusões. O disco já começa com Shudder Before the Beautiful mostrando que os teclados megalomaníacos estão de volta e dando a tônica da interpretação vocal poderosa que vai estar presente em todo o disco. Aqui também já temos o primeiro refrão pegajoso do disco (serão muitos). Essa coisa gruda em sua cabeça e é difícil de esquecer. Élan é outra música que te pega pelo lado melódico, mostrando uma boa construção de harmonias e letra bem interessante. Tão eficiente que se tornou o primeiro vídeo clipe e single do disco. A música fala do sentido da vida e como ela pode ser diferente para cada um. Também temos a balada melacueca chamada Our Decades In The Sun, que é uma homenagem aos pais dos membros da banda (bem emocionante) e a faixa título Endless Forms Most Beautiful que é baseada no livro The Ancestor´s Tale, de Dawkins, onde temos como tema os ancestrais da humanidade.

Destaque absoluto para a última faixa, a fenomenal The Greatest Show on Earth, que foi gravada com a participação da London Symphony Orchestra e que possui 24 minutos de duração. Um verdadeiro épico que é baseada no livro O Maior Espetáculo da Terra - As Evidências da Evolução de Richard Dawkins. O escritor participa como narrador na faixa e a música é dividida em 5 partes que narram os 4,6 milhões de anos de evolução de nosso planeta. Se o disco tivesse apenas essa música já valeria a compra.

Conclusão

No geral temos uma ótima e experiente banda de Heavy Metal com marcantes vocais femininos e uma temática muito mais próxima do real do que estamos acostumados nesse tipo de música. Se você era fã do Nightwish de começo de carreira ou dos discos mais recentes, pode comprar sem medo, pois vai gostar do que vai ouvir. Reconheço muito do que me fez ser um fã da banda, mas também temos as guitarras mais pesadas que começaram a aparecer em 2004 quando a banda se tornou mundialmente conhecida. Um bom disco para se ouvir e lembrar que ainda vale a pena pagar por música.

NIGHTWISH - Élan (OFFICIAL VIDEO)

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