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NASA ficando sem combustível

Houston tem um problema sem solução à vista: o plutônio pros geradores térmicos usados em sondas como a Voyager e robôs como a Curiosity está acabando. Só há estoque pra mais 3 geradores.

9 anos atrás

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Em 21 de maio de 1945 o físico Louis Slotin estava manipulando uma esfera de plutônio de 23 kg, envolta em dois hemisférios de berílio. Ele estudava o conceito de fissão nuclear, base do Projeto Manhattan.

Berílio reflete nêutrons, emitidos pelo plutônio. Com uma chave de fenda ele controlava a quantidade de radiação refletida na esfera, mas sua mão escorregou, os hemisférios se fecharam e 100% dos nêutrons emitidos voltaram para o plutônio, induzindo fissão, gerando energia e radiação.

Em segundos Slotin percebeu o que estava acontecendo, com as mãos segurou o hemisfério, interrompeu a reação e salvou os outros cientistas, mas não se safou de receber uma dose extremamente letal de radiação. Ele morreu horrivelmente 9 dias depois.

Esse era o plutônio-239, usado em armas nucleares. O plutônio-238 você pode levar no bolso e no máximo vai ficar quentinho.

Esse isótopo emite partículas alfa — núcleos de hélio — e uma folha de papel é suficiente como proteção. Você não quer Pu-238 na sua farofa, mas se não for ingerido, não faz mal nenhum, a radiação emitida nem atravessa a pele, no caso só esquenta.

Por isso o Pu-238 é utilizado em geradores termonucleares de satélites, sondas e robôs marcianos. Ele usa a boa e velha energia termoelétrica, via aquecimento gerado por decaimento radioativo. Não há reação controlada para descontrolar, não há a complexidade de um reator.

Infelizmente o Pu-238 existe como subproduto da criação do Pu-239, e como não há interesse imediato em explodir o vizinho numa guerra nuclear, ninguém mais faz Pu-239, e por conseguinte, zero de Pu-238 também.

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Os EUA pararam de produzir Pu-238 em 1988. Faz sentido, em 1985 já se comprava plutônio em farmácias, de 93 em diante a Rússia vendia Pu-238 pros EUA, mas mesmo eles estão ficando sem estoque. Produzir mais é caro, ninguém quer bancar sozinho e como resultado o robô marciano que será lançado em 2020, consumindo uns 5 kg de Pu-238 será o antepenúltimo usuário, depois dele só há plutônio em estoque pra mais duas missões.

Pior, a meia-vida do Pu-238 é de 87,7 anos então quanto mais tempo em estoque menos eficiente ele é. Na melhor das hipóteses os EUA conseguirão produzir 1,5 kg de Pu-238 por ano.

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A Curiosity, em Marte utiliza um gerador desses. São 125 watts produzidos, oriundos de 4,8 kg de Pu-238. Na melhor, mais otimista da hipóteses uma missão a cada 3,2 anos, isso assumindo que nem 1 g desse plutônio irá para usos “secretos”.

Sorte nossa que o programa espacial mundial continua sendo empurrado com a barriga.

Fonte: SN.

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