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O Futuro Da Nação

ISMART — Esta é uma historinha sobre como uma ONG identifica crianças superdotadas entre populações carentes, investe, acompanha, paga escolas particulares de excelência e cuida delas até terminarem a faculdade… mas como é Brasil, você sabe que não tem final feliz, né?

9 anos atrás

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Hoje o homem mais poderoso do mundo passou 3 horas conversando com crianças. Em vez de articular a eleição de seu sucessor, negociar acordos de paz ou fazer as pazes com a Claire Michelle o presidente dos EUA acompanhou a Feira de Ciências da Casa Branca, a culminação de um evento nacional onde crianças do país inteiro competem para apresentar suas pesquisas ao POTUS.

A Feira é uma das várias iniciativas dos EUA para investir em STEM, sigla para Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática (sorry, Humanas). O objetivo é fazer com que crianças se interessem e sigam carreiras nessas áreas. Hoje Obama anunciou US$ 250 milhões em verbas do setor privado, incluindo a Fundação Stephen Bill & Melinda Gates, para projetos de inclusão científica.

É invejável, mas mesmo dentro de nossas limitações, temos boas iniciativas também.

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Essa moça aí de cima, Aline Silva, por exemplo, com 7 anos montou uma escolinha no quintal de casa para dar aula de reforço pras colegas. Ela era extremamente inteligente, e como todo mundo com esse problema, aos 15 estava achando as aulas do colégio um saco. Filha de um açougueiro e uma dona de casa, Aline não tinha muitas perspectivas de mudar sua situação.

Como não tinha Edson Mesquita, que aos 4 anos impressionava fazendo contas. Um matemático nato, enxadrista e fascinado por ciência, herdou suas habilidades dos pais, mas com a mãe trabalhando como diarista, estava fadado ao ensino público.

Eis que entra o ISMART, Instituto Social Maria Telles, uma ONG cujo objetivo é encontrar talentos como Aline e Edson, e investir neles. Os dois ganharam bolsas de estudo, computadores e acompanhamento pedagógico. Estão em colégios particulares, e continuarão sob a asa do ISMART até terminarem a faculdade.

Identificar talentos era essencial se um país queria se destacar em uma área, hoje é essencial se você quer sobreviver. A China sabe disso, a Pior Coréia sabe disso, o Obama sabe disso. A ISMART sabe disso e os casos de Aline e Edson não são únicos. Hoje são mais de 1.000 bolsistas ativos, entre jovens de baixa renda.

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5 garotinhas de Oklahoma, que criaram um robô virador de páginas, colocam o homem mais poderoso do mundo de joelhos.

A idéia é duplamente boa, pois primeiro alunos com boas condições financeiras têm os pais pra ajudar, e segundo superdotados surgem aleatoriamente, independente de condição social. Não é justo privar o mundo desses talentos por terem nascido pobres.

O problema: a educação paulofreirizada do Brasil abomina competição, abomina talento individual. O aluno inteligente é CDF, deve ser punido. Professor não pode elogiar, não pode corrigir prova com caneta vermelha pois traumatiza e não pode dar atenção ao aluno mais inteligente, pois isso aliena o mais lentinho.

Essa era a posição oficial.

Em 2004 a Secretaria de Educação de São Paulo vetou um convênio com a ISMART. Até então a entidade (ehê) visitava informalmente escolas atrás de candidatos. Depois do veto eles foram proibidos pelo Secretário de Educação, do PSDB, de aplicar provas em escolas estaduais.

Comprovando que a atitude é suprapartidária, na mesma época a Secretaria de Educação do governo Marta Suplicy não só rejeitou a proposta como usou o inacreditável argumento de que:

Se havia uma preocupação com os alunos fora de série, por que não focar naqueles com síndrome de Down?

Simples, darling, superdotados um dia irão curar Down, gente com Down não curará superdotados. Nem com homeopatia.

Quem comandava a Secretaria Municipal eu não sei, já o Secretário de Educação que proibiu a ISMART de identificar e cuidar de alunos carentes superdotados era o senhor Gabriel Chalita, cotado para ser o novo Ministro da Educação.

Tenha um bom dia você também.

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