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DARPA faz de novo: tetraplégica controla simulador de F-35 com a mente

O futuro é agora: veja Jan Scheuermann, tetraplégica que se voluntariou para um experimento da DARPA controlar um simulador de um F-35 apenas com a mente

9 anos atrás

jan-scheuermann

Uma verdade: eu adoro o futuro. Não o futuro distante, mas o que estamos construindo agora, o que está ao nosso alcance. Estamos desenvolvendo tecnologias que vão ajudar muita gente nos próximos anos, mas verdade seja dita: a DARPA é centro de pesquisa que está mais adiantado. Claro que o orçamento vultuoso do Departamento de Defesa dos Estados Unidos faz uma baita diferença, mas os resultados estão aparecendo e numa velocidade impressionante.

Sua pesquisa sobre interação entre homem e máquina para o desenvolvimento de próteses e exoesqueletos para amputados e pessoas que perderam os movimentos já deu resultados impressionantes, mas e se usarmos o cérebro para comandar algo que não sejam membros artificiais, mas outros tipos de máquinas?

Nós já vimos o caso de Jan Scheuermann por aqui. Tetraplégica devido uma doença degenerativa, essa mulher de 55 anos se voluntariou para ser cobaia em uma pesquisa arriscada, que consistia em instalar um chip em córtex motor e ligá-lo a eletrodos que lhe permitiam mover próteses mecânicas. Com o tempo ela ficou tão boa no manejo das mãos que dispensava computador e parou de pensar em direções ou comandos específicos, apenas “pensava no que queria fazer”, da forma mais natural possível.

Considerando seu compromisso com a pesquisa (em que ela se voluntariou para um processo que pôs sua vida em risco em prol de um benefício que ela não poderia manter) e uma excelente tolerância ao implante cerebral, o que não é comum, o pessoal do DARPA resolveu continuar com os estudos. Movimentar próteses é apenas um dos aspectos da pesquisa, a raiz de tudo é a sinalização do cérebro e a interpretação dos sinais, a fim de permitir que ele controle outros dispositivos.

jan-scheuermann-simulator

Jan Scheuermann controlando o simulador com a mente

Foi então que Jan sugeriu algo inusitado: ela queria experimentar o simulador de voo do F-35, o super-caça que está em fase final de desenvolvimento (a previsão é que ele seja apresentado no fim do ano). Segundo a engenheira e chefe do DARPA Arati Prabhakar, “em vez de utilizar joysticks como nossos pilotos fazem, Jan controlou o caça utilizando somente a sua mente. Alguém que não é piloto controlando um caça diretamente, através de sinalização neural.”

Veja o vídeo de Jan controlando vários aviões com a mente no simulador, finalizando com o F-35:

Creator — Paralyzed woman flies F 35 fighter jet using her mind

As implicações disso são imensas: do lado militar isso poderá permitir que soldados no chão controlem drones e caças como já fazem antes, mas ao invés de um controle ou um computador farão uso de uma interface neural, em tese habilitando oficiais que não mais podem atuar em campo por diversos motivos. Imagine um piloto de ponta que não pode mais voar, o Pentágono adoraria manter um oficial desses em ação.

Por outro lado, pessoas com limitações ou não poderão num futuro não muito distante controlar com a mente qualquer dispositivo. Estamos vendo um caso em que o cérebro consegue controlar algo que ele SABE que não faz parte do corpo humano, que é um elemento estranho. Claro que há um longo caminho a percorrer, mas as partes envolvidas estão extremamente otimistas.

O diretor de tecnologias biológicas da DARPA Geoffrey Ling disse em 2012 que a última vez que se sentiu tão emocionado ao ver Jan movendo as próteses foi em 1969, com a chegada do homem na Lua. Já Jan está feliz em estar ajudando na pesquisa:

Eu sempre acreditei que havia um propósito na minha doença. Eu só não pensei que eu descobriria isso durante o tempo de vida. (…) Precisaram de mim nesse estudo. Eles não podiam pegar qualquer um na rua para a pesquisa. Daqui a alguns anos tetraplégicos e amputados poderão se beneficiar desse projeto, e para mim isso é uma honra.

O futuro é brilhante, e adoro viver nele.

Fonte: Digital Trends.

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