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Brasil: ame-o ou faça como a Nintendo

Gaming do Brasil deixa de ser representante da Nintendo no país, com isso a japonesa deixa de ter distribuição oficial dos jogos e consoles no Brasil.

9 anos atrás

Detesto dar notícias ruins, mas é isso mesmo: a Nintendo joga a toalha mais uma vez e, por enquanto, desiste de atuar em nosso país. Hoje a Gaming do Brasil deixou de ser a representante oficial da japonesa, ou seja, deixará de distribuir os jogos e os consoles Nintendo por aqui. O motivo é o mesmo de sempre, o Custo Brasil: logística, burocracia e impostos insanamente altos.

Outro bom motivo seria a recente alta do dólar, afinal a Gaming do Brasil trabalhava importando os consoles e games Nintendo. Enquanto a Apple pode se dar ao luxo de aumentar os preços, seria complicado para a Gaming do Brasil concorrer com a distribuição digital e o mercado cinza do importabando.

Laguna_Nintendo_e_Brasil

Representantes oficiais da Nintendo no Brasil
Playtronic Gradiente Latamel Gaming do Brasil
Período 1993 a 1997 1997 a 2002 2006 a 2011 2011 a 2014

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A Nintendo, cautelosa, nunca esteve de facto no Brasil e sempre dependeu de alguma parceira no país. Quem começou essa história foi a Gradiente, que fazia clones do NES (Phantom System) e uniu-se à Brinquedos Estrela para formarem a Playtronic, primeira representante oficial da Nintendo no Brasil. A Playtronic montava os consoles e traduzia os materiais impressos, caixas, embalagens, fugindo dos sempre altíssimos impostos de importação.

É Nintendo. Ou nada.

Aparentemente a Gradiente cuidava do trabalho braçal enquanto a Estrela fazia o marketing e a distribuição. Em 1997, a Estrela acabou saindo da joint venture, deixando a Gradiente cuidando de tudo sozinha. Irônico, pois um ou dois anos depois a Gradiente aproveitaria bastante a onda Pokémon.

Logo após o lançamento do GameCube no Brasil, a Gradiente sofreu com a escalada do dólar (chegou a quase 4 reais) e ela teve que abandonar a Nintendo. A japonesa ficou sem representação oficial no país até 2006, quando houve o lançamento brasileiro do Nintendo DS Lite pela Latamel, empresa panamenha que logo depois lançaria oficialmente no país outro grande sucesso da Nintendo, o Wii.

Como trabalhava com importação, deixando garantia e assistência técnica a terceiros, os preços nunca foram lá muito agradáveis: o Wii mesmo custando somente US$ 250 nos Estados Unidos era oficialmente vendido aqui pela Latamel por assustadores R$ 2.399,00; apenas 600 reais a menos que o valor cobrado pela Microsoft Brasil pelo Xbox 360, também importado.

Em 2011, enquanto a Microsoft Brasil começava a fabricação do Xbox 360 no país, a Nintendo trocava de distribuidor: saía a Latamel e chegava a Gaming do Brasil. Esta lançou o 3DS e relançou o Wii.

Dois anos depois a Gaming lançaria o Wii U no país. Como o console não teve êxito em lugar algum, muito provavelmente permanecer no Brasil seria gasto desnecessário.

Quem dera a Nintendo tivesse uma representante fiel como a Tectoy o foi para a finada SEGA.

Laguna_McDonalds_Mario_Bros

Ainda bem que consegui comprar os bonecos do McDonald's a tempo (Crédito: tio Laguna)

Enfim, segue a íntegra do press release da Nintendo of America:

São Paulo, 9 de janeiro de 2015 — Em resposta a movimentos contínuos no mercado brasileiro, a Nintendo of America Inc. anuncia hoje, mudanças na distribuição física de seus produtos no país. A partir de janeiro de 2015, a Gaming do Brasil, empresa subsidiária da Juegos de Video Latinoamérica, GmbH, não distribuirá mais os produtos da Nintendo no Brasil. A Gaming do Brasil distribuiu os produtos da Nintendo no país pelos últimos quatro anos.
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O Brasil é um mercado importante para a Nintendo e lar de muitos fãs apaixonados mas, infelizmente, desafios no ambiente local de negócios fizeram nosso modelo de distribuição atual no país insustentável”, disse Bill van Zyll, Diretor e Gerente Geral para América Latina da Nintendo of America. “Estes desafios incluem as altas tarifas sobre importação que se aplicam ao nosso setor e a nossa decisão de não ter uma operação de fabricação local. Trabalhando junto com a Juegos de Video Latinoamérica, iremos monitorar a evolução do ambiente de negócios e avaliar a melhor maneira de servir nossos fãs brasileiros no futuro”.
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Somos profundamente gratos pelo trabalhado duro e pelas muitas contribuições feitas por cada valioso membro da Gaming do Brasil. Nos últimos anos trabalhamos juntos para apresentar os consoles Wii U e o Nintendo 3DS para os fãs brasileiros, assim como nos lançamentos de títulos populares como Super Smash Bros. for Wii U e Super Smash Bros. for Nintendo 3DS, Mario Kart 8, The Legend of Zelda: A Link Between Worlds, Donkey Kong Country: Tropical Freeze e muitos outros”, completa van Zyll.
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Apesar das mudanças no Brasil, a Juegos de Video Latinoamérica continua a ser a distribuidora da Nintendo para a América Latina. “Somos parceiros da Nintendo na distribuição de seus produtos na América Latina há 14 anos e continuamos comprometidos com a marca. E, enquanto nenhuma outra mudança está planejada para outros mercados da região, estamos em uma posição em que precisamos reavaliar nossa abordagem na distribuição no Brasil”, explica Bernard Josephs, CEO da Juegos de Video Latinamérica, GmbH. “Continuaremos a monitorar o ambiente no país para que possamos avaliar futuras oportunidades”.
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Assistência técnica e garantias locais para os consumidores atuais continuarão a ser fornecidas pela HG Digital Services Ltda., que pode ser contatada pelo telefone (11) 3868-2658 ou [email protected]

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