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Etiópia transformando celular em comida

Um país do 3º Mundo está investindo em sistemas de comunicação para integrar agricultores e especialistas, repassando informações de plantio, uso de pesticidas, meteorologia, etc. Quem, Brasil? Não, esse país tem um programa espacial: Etiópia.

9 anos atrás

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Nos Anos 80 não só a seca mas um governo bem fiodazunha gerou uma das maiores situações de fome da História; o Mundo respondeu, inclusive com o USA For Africa, movimento que arrecadou mais de US$ 100 milhões em ajuda emergencial, mostrou que Michael Jackson sempre pensou nas criancinhas e calou a boca dos críticos — até eu comprei o LP.

Por muito tempo a Etiópia foi sinônimo de fome e atletas. A piada corrente dizia que o animal mais rápido da Terra era a galinha etíope. O segundo mais rápido, o etíope atrás. Dela. De lá pra cá a situação vem melhorando, mas o grosso do PIB do país, 46,3% ainda vem de agricultura, basicamente de subsistência. Isso o torna muito sensível a pragas, secas, flutuações de mercado, etc.

Hoje com um governo democraticamente eleito, sem os excessos do passado o país está investindo forte na melhoria de sua produção agrícola, mas ao contrário de países primitivos que apelam para médiuns e outros tipos de bruxarias, a Etiópia está investindo em… tecnologia. No caso, celulares.

Embora a Etiópia tenha um programa espacial, a Sociedade Etíope de Ciência Espacial ainda é nova demais para lançar os grandes satélites meteorológicos, embora estejam planejando um CubeSat. Mesmo assim eles utilizam dados adquiridos de outros satélites, que são fundamentais para a agricultura.

Essas informações indicam chegada de períodos de estiagem, estado das safras, áreas sob ataque de pragas, permite calcular produção, medir a saúde do solo, planejar colheitas… o grande desafio é fazer com que esses dados cheguem ao pequeno agricultor. A solução? Algo que todo mundo tem: um telefone.

Mesmo em regiões sem eletrificação, há postos de carregamento de celulares que usam energia solar.

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O programa de Extensão Agrícola do Governo Etíope envolve 60 mil profissionais. Os agricultores podem discar (termo obsoleto, né?) para um número gratuito e receber informações em tempo real nas dúzias de línguas faladas no país. Mais de 300 mil agricultores já usaram o serviço. A média é de 1.375 telefonemas por hora. Mais de 1,5 milhão de ligações já foram feitas.

Agora estão expandindo, incluindo respostas via URA (Unidade de Resposta Automática) ou via SMS, que também é usado para enviar conteúdo emergencial, tipo “enxurrada prevista para daqui a 3 dias, colha suas bergamotas agora” (assumindo que se plante bergamotas na Etiópia, claro).

O projeto teve auxílio da Holanda e do Canadá, agora precisam ampliar a cobertura. Só 25% da população tem acesso a celulares, felizmente isso é bem mais simples de resolver, a DX está aí pra isso.

Fonte: Agência de Transformação Agricola.

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