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Resenha: Interstellar — um horizonte de belos eventos trágicos

“Só porque a humanidade nasceu na Terra não significa que tenhamos que morrer todos nela”. Confira nossa resenha de Interstellar, o mais novo filme sci-fi escrito e dirigido por Christopher Nolan.

9 anos atrás

Interstellar, entre as estrelas ad astra per aspera. Em busca de novos continentes para morar (e explorar) a civilização humana já perdeu muitos de seus desbravadores, que ousaram navegar por mares nunca dantes navegados. À exceção do fundo dos mares, a superfície de nosso pequeno planeta já foi totalmente mapeada. É finita.

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A nave Endurance à beira do buraco de minhoca (crédito: DeviantArt)

Nós humanos estamos todos juntos compartilhando o mesmo lar e deveríamos tentar manter sustentável nossa existência, não matando uns aos outros a longo prazo, mesmo que indiretamente. Que planeta Terra entregaremos às próximas gerações?

A mudança climática parece ser muito real e, com base na continuação dessa condição insustentável para a humanidade, Christopher Nolan apresenta Interstellar, seu novo filme.

Warner Bros. Pictures Brasil — Interestelar - Trailer Oficial 4 (leg) [HD]

Num futuro distópico não muito distante, imagine nossa Terra assolada constantemente por freqüentes tempestades de areia e pragas que destroem nossas plantações. Um futuro onde a maior preocupação não é discutir a eleição presidencial e sim arranjar a comida para o dia seguinte.

As pessoas não se interessam mais por ciência: por que investir bilhões de dólares para mandar foguetes ao espaço se há tanta gente passando fome?

Sim, o mundo é povoado por comentaristas de YouTube. A sorte da humanidade é que nem todo mundo aceita uma situação dessas e, em vez de olharem para baixo, essas pessoas olham adiante para uma possível solução: o espaço, a fronteira final.

Só porque a humanidade nasceu na Terra não significa que tenhamos que morrer todos nela.”

Alerta: leves spoilers de Interstellar abaixo

O piloto e engenheiro Cooper (Matthew McConaughey) é um desses inconformados. Mesmo tendo que cuidar de uma fazenda para alimentar a família, esse personagem protagonista influencia a filha mais nova a acreditar que a Ciência pode fazer alguma coisa para salvar a Terra.

Um belo dia, pai e filha descobrem que a NASA ainda existe. E o melhor: uma civilização avançada havia presenteado o Sistema Solar com um buraco de minhoca no planeta Saturno. Ao lado da bela astrobióloga Amelia Brand (Anne Hathaway), Cooper aceita participar da missão de resgate dos cientistas que atravessaram o buraco de minhoca. Tais cientistas se dividiram em várias expedições para encontrar um novo lar para nossa espécie em outra galáxia.

No outro lado do buraco de minhoca, a missão de resgate descobre que a maioria das expedições não obteve êxito. Em alguns dos planetas, há sinais promissores de que os cientistas desbravadores possam ter encontrado ambientes favoráveis à continuidade da raça humana.

Problema: em qual planeta ir primeiro?

Além da questão do combustível, há um buraco negro próximo e que faz com que horas de viagem possam demorar décadas terrestres. A chamada dilatação do tempo na física relativística. Fica o dilema: encontrar um planeta habitável e salvar a espécie humana ou cancelar o resgate para ainda poder rever a família na Terra?

Murph, a filha do protagonista agora já é adulta (Jessica Chastain) e pode ser a chave para solucionar a equação do Professor Brand (Michael Caine): como retirar milhões de pessoas da Terra e levá-las a outro planeta?

Fim dos vagos spoilers sobre metade do filme. Confiram a outra metade no cinema mais próximo. 😉

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Rever os filhos ou salvar a humanidade, eis a questão de 7 anos por hora (crédito: Hollywood Reporter)

Talvez Interstellar ganhe Oscar nos aspectos técnicos como efeitos visuais na maioria práticos (o orçamento foi de US$ 165 milhões, divididos entre Warner e Paramount), mas não há muito destaque na parte da atuação. Idem para a trilha sonora (culpem o Hans Zimmer), que só chama a atenção na parte mais tensa do longa-metragem (são 169 minutos) gravado em IMAX, nada de 3D. Boa parte das teorias científicas batem com a realidade: agradeçam ou culpem o astrofísico Kip Thorne, consultor científico do filme.

Não chega a ser de forma óbvia mas Interstellar faz algumas belas homenagens visuais ao 2001: Uma Odisséia no Espaço, só não se preocupe: os robôs são do bem. Aliás, o tio Laguna nunca ficou tão apreensivo com o desenrolar de um filme de ficção científica espacial desde Gravidade: você acaba se importando com o destino trágico de boa parte dos personagens, até mesmo com o vilão.

Veredito

Vá ao cinema e assista Interstellar em toda a sua glória, o Christopher Nolan acertou mais uma vez. Em cheio. E não, não possui cenas pós-créditos. Nem precisa: ao contrário de Inception, o final é bem claro.

Aliás, clareza é a grande falha do filme: os Nolan resolveram dar resposta para tudo, explicando ao espectador TUDO, ou seja, Interstellar não deixa nada misterioso ou dúbio pra você ficar matutando depois de assisti-lo. Fãs de Lost odiarão tantas respostas.

Cotação

4,5 de 5 doutoras Amelia Brand.

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