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Grid Autosport, uma corrida perdida na última curva

Tendo prometido ser o jogo que o Grid 2 não foi, Grid Autosport chega com vários acertos, mas um número igual ou até maior de equívocos. Saiba quais lendo a nossa análise.

10 anos atrás

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Lá pela metade de 2006 um amigo me apresentou a um jogo chamado TOCA Race Driver 3 e já nas primeiras corridas que disputei percebi que estava fissurado pelo título para PlayStation 2. Anos depois acabei comprando sua versão para PC e por mais que tanto tempo tenha se passado desde o seu lançamento, ainda hoje o considero um dos mais divertidos títulos do gênero.

Desde então passei a olhar com muito carinho para as criações da Codemasters, empresa que por muito tempo considerei uma das melhores quando se tratava de jogos de corrida, mas depois de adorar o Race Driver: Grid e sofrer várias desilusões com a série DiRT, de certa forma aguardava com grande expectativa o novo capítulo da sua principal série, o Grid Autosport.

O que me levou a tanta empolgação foram as declarações da equipe responsável pelo projeto, indicando que eles finalmente haviam dado ouvido às reclamações daqueles que não gostaram do Grid 2, mas após dedicar alguma horas à sua campanha, infelizmente sou obrigado a achar que a desenvolvedora perdeu a mão e penso assim por considerar que eles falharam em muitos aspectos, especialmente quando se trata da jogabilidade do Grid Autosport.

Embora o game traga diversas modalidades e consiga entregar corridas bastante emocionantes, a maneira como os carros derrapam tão facilmente acabou se mostrando algo extremamente irritante, fazendo parecer que estamos sempre correndo em uma pista molhada.

Essa característica pode ser vista inclusive nas provas de monopostos e se torna mais flagrante nas corridas de resistência, que nem são tão extensas, mas mesmo assim tornam mais evidentes o desgaste dos pneus. Aqui também vale lamentar o fato da Codemasters aparentemente ter esquecido de incluir a possibilidade de entrarmos nos boxes para fazermos a troca dos pneus, o que poderia adicionar alguma estratégia às disputas.

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Mas mesmo que desconsideremos esse problema dos carros que mais parecem estar numa prova de derrapagens, há outro ponto do jogo que pode ser considerado tão ou até mais problemático, a inteligência artificial.

Embora tente passar uma ideia de ser a mais natural possível, inclusive com os outros pilotos cometendo erros e nos obrigando a estarmos sempre atentos, o que incomoda é a postura excessivamente ofensiva adotada pelos carros controlados pelo computador. Ok, ter algum desafio é ótimo, ainda mais num jogo assim, mas muitas vezes a IA nos ataca descaradamente, ainda mais quando estamos entre os primeiros colocados e tais investidas suicidas normalmente servem muito mais para nos tirar do sério do que para nos deixar encantados pelo realismo.

Ainda assim, nem só e defeitos consiste o Grid Autosport. Um dos pontos mais legais do jogo é que ele não tenta nos enrolar com histórinhas, aqui o importante são as corridas e para aumentar a imersão, algo muito legal é a possibilidade de utilizarmos o rádio para pedirmos informações à equipe, seja sobre nossa situação na corrida, sobre nosso companheiro ou mesmo sobre o principal adversário e o mais importante, com todos os comentários feitos em português do Brasil.

Por falar nisso, o estúdio tomou a sábia decisão de nos oferecer desafios durante as provas e assim nosso objetivo não se resume a chegar apenas entre os primeiros colocados. Para ganhar experiência e chamar a atenção de escuderias mais poderosa, basta terminamos na frente de um determinado piloto ou colocar nossa equipe na melhor posicionada que uma rival, o que torna as corridas bem mais acessíveis.

Há de se elogiar também a quantidade de pistas, 15 baseadas em circuitos reais e mais 7 fictícias localizadas nas ruas de grandes cidades e como cada uma delas possui vários traçados, as opções serão muitas. Quantos aos carros disponíveis são 78, com a possibilidade de outros serem disponibilizados como conteúdo adicional com o passar do tempo.

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Já em relação ao visual temos motivos de elogios e críticas. A parte positiva é que tanto os cenários quanto os carros estão muito bem feitos, com bastante detalhes, mas não há como dizer que o jogo se pareça com uma produção da nova geração, mesmo no PC. Porém, o ponto baixo nesse aspecto é que a Codesmasters conseguiu fazer algo que tem incitado a ira de muitos fãs.

O problema é que um dos recursos mais alardeados do Grid Autosport, que seria a câmera do cockpit é algo tão ridículo, tão mal feito, que nem deveria existir. Tendo sido completamente ignorado no Grid 2, essa visão vinha sendo pedida por muitos fãs e embora a desenvolvedora o tenha incluído, a imagem é inexplicavelmente muito borrada, nos impossibilitando de enxergar os dados do painel e nem mesmo o espelho retrovisor possui utilidade, me fazendo questionar e lamentar o motivo deles terem realizado um trabalho tão porco nessa parte.

Diante esses erros e acertos, o pior de tudo em relação ao Grid Autosport é perceber que ele possui uma série de boas ideias, além da impressão de que a Codemasters sabia o que os fãs queriam, mas nos deixou com a sensação de que, seja por falta de tempo, de dinheiro ou de pura incompetência, ter sido incapaz de transformar seus conceitos em um jogo acima da média.

Eu não diria que o mais recente título da empresa britânica é ruim, mas também não conseguiria afirmar que ele é imperdível ou mesmo que possui qualidade para brigar com outros jogos que tentam ficar entre a simulação e uma jogabilidade arcade, tendo falhado principalmente me deixar com vontade de prosseguir na minha carreira automobilística, assim como o memorável TOCA Race Driver 3  ainda é capaz de fazer.

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