Meio Bit » Arquivo » Áudio e vídeo » YouTube está conversando com indies para evitar bloqueá-los

YouTube está conversando com indies para evitar bloqueá-los

YouTube estaria estendendo negociações com indies sobre o serviço de streaming premium, entretanto possibilidade de bloqueio não teria sido descartada

10 anos atrás

adele

Quando o YouTube anunciou seu plano para criar um serviço de streaming premium, fornecendo aos usuários acesso à sua extensa biblioteca de áudio sem propagandas e interrupções, muita gente disse que seria uma boa ideia. Entretanto o Google, que há muito tempo jogou fora o mote "do no evil" estaria realizando um método nada justo para fechar contratos com os artistas e gravadoras: enquanto grandes conglomerados como Universal, Sony e Warner já estão na jogada, Mountain View estaria oferecendo menos dinheiro aos indies e pior, os ameaçando de banimento até do serviço gratuito caso não aceitem as condições.

Obviamente que o backlash foi intenso, tanto dos usuários quantos das gravadoras e artistas independentes. Algumas agências de licenciamento têm nos indies uma boa parte de seu faturamento. Artistas como Artic Monkeys e Jack White e pesos pesadíssimos como Adele e Radiohead seriam postos para fora do serviço, mas aparentemente o Google não queria nem saber: os últimos anúncios diziam que a mudança seria posta em prática "em questão de dias" e quem não se adequasse, que dissesse adeus ao serviço.

Só que alguém lá dentro deve ter incorporado o capitão Nascimento e avisou que isso ia dar em um baita problema, mas ainda assim o Google se recusa a abaixar a cabeça. A jogada de Mountain View é oferecer mais tempo aos indies para que eles analisem as condições e se submetam às novas regras, que é descrito pelos envolvidos como condições injustas: o Google está oferecendo melhores condições (leia-se mais dinheiro) aos grandes selos do que aos independentes. A assessoria do YouTube se recusa a comentar, e se limitou a dizer que "está oferecendo à todas as gravadoras condições justas e de acordo com o que cada uma tem a oferecer". Em suma, é uma questão de números: os selos que detém mais e mais vistos artistas recebem mais, os selos pequenos e artistas independentes recebem proporcionalmente menos.

Entretanto, as informações sobre o que o Google fará com aqueles que não aceitarem os termos estão um tanto desencontradas. Algumas fontes dizem que os artistas poderão continuar a usar o YouTube como plataforma de divulgação, entretanto não mais poderão monetizar os vídeos. Já outras apontam que Mountain View não voltou atrás em sua resolução inicial, e de fato bloqueará quem não assinar o novo contrato.

Para coroar o sururu: como isso configuraria um certo abuso de poder por parte do Google, algumas autoridades da sua velha "amiga" União Europeia já estão atentos a mais essa jogada. Joaquín Almunia, o chefe do Departamento Europeu Antitruste já intimou verbalmente a empresa, dizendo que irá conduzir uma nova investigação caso os planos sejam de fato postos em prática, entre outros problemas. Para a UE, a atitude do Google é mais uma vez anti-competitiva.

De minha parte acho que o Google poderia sim mudar de ideia e permitir que os vídeos dos indies que não se submeterem às novas regras permaneçam no YouTube (chutar Adele do serviço não faz sentido nenhum), mas ao mesmo tempo seria quase certo que eles removeriam de fato a possibilidade de monetização, o que acabaria forçando os mesmos aceitarem a imposição ou ficar sem dinheiro. De qualquer forma é um lose-lose scenario, onde só o Google sai em vantagem.

Fonte: FT.

relacionados


Comentários