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A razão que ainda me faz rejeitar o Surface

Microsoft está tentando vender o Surface Pro 3 como concorrente do MacBook. Você acha que vale a pena comprar um Surface Pro 3 no lugar de um MacBook equivalente? O tio Laguna acha que não, veja o porquê.

10 anos atrás

Quando o primeiro Surface Pro foi anunciado, o tio Laguna até então desejava um tablet ou outro PC tão pequeno quanto o Eee PC 701, netbook que ele tinha à época. Antes daquele momento, eu estava mais inclinado a comprar um iPad mini que no máximo era apenas boato lançado de facto pela Apple no final daquele ano. Mesmo suspeitando que seria bem caro, desejei bastante aquela máquina da Microsoft.

Pois bem, uns meses depois veio a pancada no bolso: a Microsoft anunciou em 899 dólares a versão do Surface Pro com SSD de 64 GB. E só vinha com a caneta, pois o teclado Type Cover (em duas versões de plástico, uma finíssima sem resposta tátil e outra mais normal) tinha que ser comprado à parte por até US$ 130. Desencanei.

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Primeiro Surface Pro, com a finíssima Type Cover sem resposta tátil (Crédito: The Verge)

Veja bem: eu precisava mais do Surface-notebook que do Surface-tablet. Nem reclamei pelos apenas 64 GB no SSD (ou os 4 GB de RAM), mas a Microsoft empurrar um teclado de plástico adicional por mais US$ 130, mais ou menos o preço que paguei no Eee PC 701, era algo um tanto surreal para mim. Quem a Microsoft pensa que é, a Apple?

2013 chegou e entre um iPad mini (com o mesmo velho processador Apple A5 de meu cansado iPhone 4S) e o caríssimo Surface Pro (sem o charme Sakamotista de um MacBook Air), acabei substituindo meu Pobrebook por um Eee PC 1015BX da mesma Asus.

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Meu finado Eee PC 701 e o meu atual Eee PC 1015BX

Eu não queria um notebook muito maior que o netbook que eu já tinha e pagar 799 reais por um netbook com tela de 10 polegadas me foi um ótimo negócio até hoje: o simplório processador AMD Fusion C-60 (com a IGP Radeon 6290) ainda consegue rodar joguinhos como Devil May Cry 4 e Alan Wake no Windows 8 Pro, embora eu o use mais para participar de certas certas videoconferências. 😉

Por causa do novo netbook, que supriu minhas necessidades de um computador bem compacto ou tablet (consigo segurá-lo com uma mão), confesso-lhes que passei batido pelo Surface Pro 2: me parecia a mesma configuração do primeiro só que com o lançamento da Power Cover, um teclado de plástico que vinha com bateria.

Surface 2 Pro com a Power Cover

Surface 2 Pro com a Power Cover

Uma coisa que sempre me incomodou nos dois primeiros Surface foi a posição do botão Windows, na horizontal inferior da tela quando na posição paisagem. Se você compra uma dessas horríveis capas-teclado, meio que o botão fica com o acesso mais difícil embora o teclado forneça uma tecla com a mesma função.

Parece redundante tal botão quando conectamos a capa-teclado no Surface, mas se você utilizar o Surface Pro 2 como tablet e estiver acostumado com o iPad, sentirá muita diferença pois além da proporção 16:9 temos um “candidato a iPad-killer” onde o botão Windows (o Home do Surface) fica na lateral quando colocamos o Surface Pro 2 em modo retrato.

E sim, acho tais capas-teclado horríveis pois tanto a Type Cover quanto a Power Cover têm um probleminha que o tio Laguna considera grave na ergonomia: as teclas são “grudadas” demais e eu particularmente estou acostumado ao padrão de teclado portátil com as teclas em padrão “chiclete”, no qual as teclas são bem separadas umas das outras. Culpe o Apple Keyboard e seus imitadores, como o teclado do meu netbook Asus.

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Sim, meu teclado não é QWERTY

Voltarei ao assunto do teclado já, mas continuando com o meu desejo pelos tablets x86 da MSFT… Eis que chega o Surface Pro 3, anunciado pela Microsoft semana passada: a versão mais básica (Core i3, 64 GB de SSD, 4 GB de memória RAM) será vendida no final de agosto deste ano (as versões intermediárias, com Core i5, virão já no final do próximo mês, junho) custando 100 dólares mais barato que os antigos modelos anteriores. Ponto positivo.

O botão Windows mudou de posição, finalmente, e agora no Surface Pro 3 é localizado na região central à direita no modo paisagem. Quando usado como tablet (modo retrato, em pé), lembra um pouco o concorrente iPad pois agora o botão Windows fica na parte horizontal inferior. Outro ponto positivo, se você vier do iPad.

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Surface Pro 3 com nova Type Cover e caneta N-trig (Crédito: Engadget)

E vamos para as minhas reclamações: uma coisa que me deixa chateado com os Surface é a Microsoft cobrar (e caro) pela Type Cover, pensei que o Pro 3 mudaria isso. A Microsoft está tentando vender o Surface Pro 3 como concorrente do MacBook e este já vem com teclado.

Pergunto: por que cobrar pela Type Cover?

Sim, o tio Laguna não é ingênuo e entende que para chegar ao preço de 799 dólares (versão mais básica) a Microsoft deve estar tendo baixo lucro com o hardware do Surface Pro 3 em si e posso especular que a BigM de Redmond quer lucrar com os acessórios. Só vejo um problema:

Os atuais MacBook são todos feitos de alumínio enquanto a cara Type Cover do Surface Pro 3 é de PRÁSTICO. Pelo preço que a Microsoft cobra no Surface Pro 3, a Type Cover devia vir de graça ao menos. US$ 130 deveria ser o preço cobrado por uma Type Cover de metal.

Se eu pudesse, compraria a versão intermediária do Surface Pro 3 que custa US$ 1.299 (Intel Core i5 / SSD de 256 GB / 8 GB de RAM) e a maldita Type Cover custa um décimo do preço. Sim, entendo que quem tem 1.300 dólares pode gastar mais 130 num teclado de plástico, mas vejamos um MacBook qualquer com mesmo poder de fogo sob a lataria:

Laguna_MacBook_Retina_Surface

Se comprasse o Surface Pro 3 que desejo e incluísse a Type Cover, por mais 70 dólares eu compraria logo esse MacBook Pro Retina aí de cima.

Faz mais sentido que esse “DeLorean que flutua na água” que são os Surface Pro pois à rigor preciso mais da parte notebook (no que tange produção de conteúdo) que da parte tablet (consumo de conteúdo multimídia), mas eu queria muito uma tela menor que 13 polegadas pesando menos de 1 kg e é isso que o Surface Pro 3 me daria.

Não podemos ter tudo, mas convenhamos que pagar 130 dólares num teclado de plástico para um aparelho cuja versão básica custa US$ 799 me faz querer esperar pelo Surface Pro 4. E olhe lá.

Por favor, dona Microsoft, lance uma Cover Type desse mesmo metal mágico do Surface Pro e cobre os 130 dólares mas deixe a versão de plástico inclusa no pacote do Surface: é um brinde melhor que essa canetinha aí.

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