Carlos Cardoso 10 anos atrás
Quando surgiram os primeiros teares mecânicos, no Século XVI, trabalhadores holandeses, com medo de ser substituídos por jovens mais baratos e sem habilidade artesanal jogavam seus tamancos de madeira nas máquinas, danificando os equipamentos e paralisando a produção. Os tamancos se chamavam sabots, daí a origem da palavra sabotagem.
Essa técnica foi muito usada no princípio da Revolução Industrial, quando mecanização E industrialização faziam com que fábricas com menos funcionários mantivessem uma produtividade altíssima. Um grupo de trabalhadores inspirados em Ned Ludd fez de tudo para evitar a mecanização. Incluindo destruir equipamentos e, em alguns casos, assassinando donos de indústrias panificadoras (as que produzem pano, certo?).
Hoje em dia o termo ludita se aplica a qualquer um que não aceita a marcha do progresso. Até pouco tempo eram só malucos-beleza, mas agora estão começando a se tornar preocupantes. Esses hippies modernos escolheram como alvo a mais improvável das empresas, a Tesla, que é moderna, descolada, ecológica, desafia o status quo e briga com o complexo industrial automobilístico.
Não é o bastante. Malucos estão espalhando panfletos em São Francisco, acusando a Tesla de ser uma empresa-espiã, de ter o Google como “sócio-silencioso”, de usar baterias explosivas malignas que matam milhares de pessoas, e por aí vai.
Acusam o Google de omitir nas buscas notícias negativas sobre a Tesla, mas a melhor de todas do panfleto é:
“Estudos demográficos, psicográficos e de marketing demonstraram que motoristas de Teslas têm uma inclinação acima da média para uso de drogas, comportamento sexual estranho e risco.”
Ou seja: se você tem um Tesla, é tarado.
O panfleto sugere que o dono do Tesla devolva o carro, e se tiver algum amigo com um, repasse o panfleto.
Como na internet tudo é teoria da conspiração, já dizem que é obra de Detroit, mas a boa e velha indústria automobilística jamais investiria em uma estratégia tão ridícula. Uma coisa é desacreditar o adversário, a outra é tentar levantar dúvidas usando malucos como porta-voz.
Resta a diversão, é bom rir e perceber que ninguém é imune ao pessoal tarja-preta. Só senti falta de referência aos Illuminati. Vou reclamar na próxima reunião.
Fonte: BI.