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Kit de Ferramentas para enfrentar qualquer terremoto (ok, ao menos se informar)

Tsunamis, Terremotos, Furacões… tudo culpa do PT, claro, mas como se informar sobre esses fenômenos sem cair no buraco negro de informação real que são portais, blogs histéricos, teóricos da conspiração e sites de notícias que só atualizam uma vez por dia? Clique e veja como saber tudo sobre terremotos e tsunamis, quase na hora em que acontecem. Não é magia, é tecnologia.

10 anos atrás

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Efeitos de um tremorzim na Nova Zelândia. Acredite… se puder.

Terremotos são a maior lição de humildade que o Homem pode passar, em segundos todas as nossas maravilhosas obras arquitetônicas, toda nossa engenharia vai pro saco quando a Terra resolver dar uma ajeitadinha nas placas tectônicas.

Curiosamente as pessoas normais acham que Terremotos e Tsunamis surgiram em 2004, quando na verdade apareceram bem antes: terremotos foram criados para o filme de 1974 com Charlton Heston e tsunamis são obra de James Cameron, em O Segredo do Abismo[citation needed].

Esses fenômenos, ao menos para quem está de longe, são fascinantes, assim como a quantidade de informação disponível. Se para se informar sobre terremotos você depende de portais, estações de TV ou algum idiota no Twitter, está papando mosca. Vamos conhecer alguns serviços que você pode acessar sem medo, com informações puramente científicas, nada de HAARP, Illuminati e outras bobagens.

1 - Aviso Primário

O perfil de Twitter USGS Tweet Earthquake Dispatch é uma ferramenta disponibilizada pelo United States Geographic Survey, é automatizada e reporta terremotos no mundo todo com magnitude (tadá…) acima de 5,5.

tremors

O perfil informa onde foi o tremor, hora, se foi forte, fraco, poderoso ou OMFG VAMOS TODOS MORRER. Também traz a média de tweets/minuto postados na região com a tag #quake. Não é muito útil em lugares onde não se tuita em inglês, mas tudo bem. Note que o tweet não cita magnitude. Ele é emitido assim que o tremor é captado, então não há tempo de calcular com precisão.

2 - Mapa em Tempo Real

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Sim, rolou um terremoto no Acre. Taqui o link.

O mapa do USGS em tempo real  mostra terremotos bem mais fracos, o que é excelente para vislumbrar os tremores secundários que acompanham toda movimentação sísmica mais forte e os teóricos da conspiração acham ser o fim do mundo. Vou contar um segredo: a mídia adora passar essa idéia de terremotos seguidos como sinal do apocalipse, mas terremotos acontecem o tempo todo. MESMO.

Em média temos um tremor de magnitude 8,0 por ano, mas na faixa entre 7 e 7,9; já sobem pra 15 eventos. Tremores entre 4 e 4,9? Média estimada de 13 mil. Tremores entre 2 e 2,9? 1,3 milhões. Abaixo disso nem vale a pena contar.

A profundidade do tremor também influi. O tremor do Acre, que aconteceu hoje, teve seu epicentro a 559 km de profundidade. Mesmo que houvesse civilização lá (na região do tremor, não no Acre) ninguém sentiria nada.

O Mapa em Tempo Real é legal mas às vezes a gente que mais informações. Aí é hora de irmos pras páginas de detalhe. Se você clicar no terremoto no mapa em tempo real, no canto inferior esquerdo aparecerá um sumário e um link. O link leva pras…

3 - Páginas de detalhamento

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Essa página mostra a localização no mapa, cidades próximas, magnitude e outros recursos. O botão PAGER no alto da tela leva para uma estimativa de vítimas, danos econômicos, cidades afetadas e outros dados. O ShakeMap indica onde e como o terremoto foi percebido pelas pessoas, e DYFI? é uma ferramenta crowdsourcing onde pessoas podem indicar onde estão e se sentiram o tremor. Mas… e quanto a tsunamis?

4 - Alerta de Tsunamis

Depois que a bondosa gentil e harmoniosa natureza humilhou Michael Bay e Roland Emmerich com o último tsunami do Japão as pessoas começaram a se tocar e hoje há uma estrutura mundial monitorando oceanos e terremotos. O site do governo dos EUA Tsunami.gov concentra os dados coletados pelo NOAA — a National Oceanic and Atmospheric Agency. Quando não estão explicando aos espectadores retardados do Animal Planet que sereias não existem, os cientistas do NOAA  pesquisam ar e mar e entre centenas de outras atribuições, estimam riscos e emitem alertas como este.

Para detalhamentos há dois sites principais:

 
Ambos são bem completos, mas os gráficos do NTWC são melhores. Na página principal por exemplo você vê vários terremotos, aviso se há tsunamis previstos ou não e links pra detalhes. Vejamos o terremoto do dia 1º no Chile: clicando no botão Energy Map vemos uma projeção das ondas do tsunami causado pelo tremor. É um daqueles casos de Pior Cenário Possível, mas nesse tipo de coisa não dá pra brincar:

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Há também o mapa de tempo de propagação, pra você saber se dá pra terminar a Pina Colada antes de correr para as montanhas.

Sim, foi feio.

Outro recurso muito importante para determinar se há realmente um tsunami é o nível do mar. Isso é monitorado por uma entidade (ehê) chamada Comissão Oceanográfica Intergovernamental, que faz parte da Unesco. Eles agregam dados de centenas de bóias espalhadas pelos 7 mares (2 no Brasil) que a cada minuto enviam via satélite diversos dados, permitindo que se saiba em tempo real o que está acontecendo.

No site do serviço podemos escolher bóias individualmente. Vejamos uma no Chile, em Iquique, com os dados do dia do Grande Tremor:

yuuuurrruuu

Quem gosta dos dados mais crus, pode acessar direto os sismógrafos, através da…

5 - Rede Sismográfica Mundial.

Acessível através deste link a rede reporta dados de sismógrafos em centenas de lugares, inclusive este aqui:

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É a estação de monitoramento de Samuel, perto de Rio Branco, controlada pelo Observatório Sismológico da Universidade de Brasília.

As ferramentas estão aí. Não perca tempo com histeria, teorias da conspiração, a Academia de Ciências do Fantástico ou portais atrás de cliques fáceis. Informação e conhecimento são a única arma contra o medo.  Informação e conhecimento salvam vidas. Que o digam as mais de 100 pessoas que escaparam do Tsunami de 2004 quando uma garotinha de 10 anos viu o mar recuando, lembrou que havia feito um trabalho de escola sobre tsunamis e terremotos, avisou aos pais e todo mundo no hotel onde estavam, na Tailândia, fugiu a tempo.

O nome dela é Tilly Smith.

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Tilly recebeu um prêmio especial da Marine Society & Sea Cadets e, em sua homenagem, batizaram um asteroide com seu nome. A única parte triste é que Tilly deveria ser a regra, não a exceção. Tudo que ela fez foi estudar como uma menina normal, prestar atenção na aula, ter curiosidade e aprender.

Os jornais na época chamaram Tilly de Anjo da Praia. Nada a ver. Ela foi a Pequena Cientista da Praia. Anjos ficam em igrejas, o que diga-se de passagem pode não ser uma boa idéia.

Portanto, meninos e meninas, o poder é de vocês!

Captain Planet

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