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Cientista quer construir uma muralha anti-tornados

Muros são ótimos, servem para manter comunistas dentro e capitalistas fora, controlar o fluxo de mexicanos, irritar os Mongóis e proteger Westeros dos Caminhantes Brancos. Agora um físico propõe construir muralhas gigantes para proteger os EUA de… tornados. Uma obra grandiosa, ousada que infelizmente não funciona, mas não se pode ter tudo…

10 anos atrás

The_Wall

As boas intenções, vocês sabem, pavimentam o caminho para o Inferno, e uma das formas mais rápidas de conseguir isso é dar pitaco em uma área que não seja a sua. É o caso de Rongjia Tao. Ele é físico, chinês em uma universidade americana, não tenho dúvidas de que seja um cara muito inteligente, mas ele achou por bem tentar resolver um problema fora de seu campo de expertise, e não deu muito certo.

Ele propôs uma idéia para acabar com os tornados, fenômenos meteorológicos violentos, imprevisíveis e que causam morte e destruição no Meio-Oeste dos Estados Unidos, ameaçam vacas e fazem com que a Laura Dern tenha a ilusão de que poderia ter uma carreira cinematográfica.

A solução? Algo bem chinês: uma muralha, mas não um murinho chinfrim igual a Muralha da China, mas um trambolho com milhares de quilômetros de comprimento. Seriam três muralhas, uma na Dakota do Norte, uma na fronteira entre Kansas e Oklahoma e uma entre o Texas e a Louisiana. A muralha teria uns 300 m de altura, 50 de espessura e custaria US$ 60 bilhões a cada 160 km.

A idéia é que as muralhas perturbarão os padrões de ventos, gerando instabilidades no sistema e impedindo que os tornados se formem.

É ótimo, pena que não funciona. Meteorologistas que leram o trabalho de Tao explicaram que a própria China é uma demonstração de que o conceito não é válido; as cadeias de montanhas nas regiões de tornados chineses seguem o mesmo modelo proposto, e não fazem nada.

Do outro lado, uma obra de engenharia capaz de afetar um fenômeno climático como um furacão não é impossível, só inviável. Foi o que descobriu o engenheiro Mark Z. Jacobson, da Universidade de Stanford, junto com Cristina Archer e Willett Kempton, da Universidade do Delaware.

Eles simularam em computador o efeito de uma fazenda de turbinas eólicas em um furacão. Descobriram que com um número suficiente de turbinas tanta energia é tirada dos ventos que quando a tempestade chega em terra perdeu boa parte de sua força.

Em condições ideais conseguiram reduzir a velocidade dos ventos de furacões em 148 km/h, e a força das tempestades em até 79%, mas calma, ninguém vai sair instalando turbinas eólicas no oceano.

O modelo funcionou com parques de 78 mil turbinas. Isso equivale a 1/3 de todas as turbinas eólicas instaladas no mundo, o custo de manutenção seria imenso, riscos de navegação aumentariam muito e ninguém sabe os efeitos a longo prazo.

Hoje turbinas eólicas já funcionam com menos eficiência em algumas regiões, por causa de outra obra de engenharia planetária: reflorestamento. Estamos com mais florestas, isso diminui a velocidade dos ventos. Vários parques desses poderiam alterar o clima de uma tal forma que furacões seriam o menor de nossos problemas.

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