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Entrevista com Talmon Marco, fundador e CEO do Viber

Conversamos com Talmon Marco, CEO e fundador do Viber, que nos falou sobre a concorrência com o Whatsapp; os planos para o futuro do aplicativo; e o dia em que o Viber negou informações dos seus usuários para um governo, ao contrário dos principais concorrentes.

10 anos atrás

Talmon Marco e Luiz Felipe Barros, Country Manager do Viber Brasil

Durante a Campus Party, fui convidado por Luiz Felipe Barros (Country Manager do Viber Brasil) para fazer a cobertura da palestra de Talmon Marco, fundador e CEO do Viber, usando os perfis da empresa nas redes sociais. Durante sua palestra, Talmon Marco não falou sobre o Viber, e sim deu dicas práticas de empreendedorismo para quem está interessado em abrir uma startup, compartilhando a sua própria experiência: “As oportunidades estão em todos os lugares, mas nem tudo acontece como o esperado. Mantenha o foco e crie um ótimo produto, pois os consumidores sabem reconhecer algo que não presta”, disse Talmon. “Não dá para achar que a sua empresa irá deslanchar da noite para o dia, embora seja isto o que aconteceu com o Viber.”

Antes da apresentação, pude conversar com ele por alguns minutos para saber mais sobre seus planos para o app.

MB: Qual o tamanho dos downloads das versões para Windows, Mac e Linux comparados ao app mobile?

Talmon: O Viber é primeiramente um aplicativo mobile. Os downloads das versões para desktops estão aumentando bastante, mas ainda não chegam nem perto das versões para smartphones. O app para Windows é o nosso terceiro mercado, atrás do Android e iOS.

MB: Quando o Viber começou, seu principal competidor era o Skype, mas hoje em dia temos o Whatsapp, Facebook Messenger, Google Hangouts, entre outros. Qual é o seu maior rival?

Talmon: O principal é o Whatsapp. O Viber é líder global em chamadas VoIP via mobile, significamente maiores do que o Skype, mas o serviço mais usado pelos nossos usuários são mesmo as mensagens de texto, uma função que nós introduzimos apenas três meses depois do lançamento. Em um dia normal, 76% ou 77% dos nossos usuários ativos diários estão usando o Viber para enviar e receber mensagens.

MB: Vocês apresentaram no ano passado algumas soluções para tornar o Viber rentável. Como estão as vendas do ViberOut?

Talmon: O ViberOut está indo bem, tem crescido um pouco cada semana, mas ainda precisa de muito trabalho, como qualquer novo serviço.

MB: A outra forma de renda do Viber são as vendas de sticker packs. O Viber atingiu outro dia a expressiva marca de 100 milhões de downloads de sticker packs. Vocês estão satisfeitos com a recepção desta funcionalidade?

Talmon: Sim, estamos achando ótimo. Nós tivemos 100 milhões de downloads, mas um dos mais baixados é o LegCat. Nossos usuários amam o LegCat, ele é muito popular e também é o meu favorito pessoal.

O interessante é que o ViberOut e os sticker packs são duas formas independentes de rentabilizar o Viber, cada uma para um tipo de consumidor. O principal é que manteremos o nosso compromisso de nunca mostrar anúncios no Viber.

MB: Vocês já tiveram problemas com o bloqueio do Viber em certos países. Como lidar com este tipo de situação?

Talmon: Isto já aconteceu em alguns lugares, mas atualmente o Viber funciona em todos os países. Nos últimos 6 meses, mudamos a maneira como o sistema funciona, assim se um país bloquear o nosso serviço, o Viber se adapta para contornar o bloqueio. Outro dia o Viber foi bloqueado no Paquistão, mas se você estiver no país, já pode usar normalmente. O mesmo aconteceu na Arábia Saudita.

MB: Através de um update?

Talmon: Não, não é preciso fazer um update, o ajuste simplesmente acontece e o Viber pode ser usado normalmente. Pode levar um, dois ou três dias, mas depois disto, conseguimos superar qualquer bloqueio.

MB: O que você pode nos dizer sobre o futuro do Viber?

Talmon: O Viber continua a focar no que sempre foi importante para nós. Queremos acrescentar mais funções, mas só aquelas funções que as pessoas gostem. Nós tomamos muito cuidado para não olhar para o app como uma “lata de lixo de funções”, só queremos funcionalidades legais.

Também estamos trabalhando muito para lançar novas versões dos aplicativos para os sistemas operacionais nos quais já estamos presentes, e ao mesmo tempo dando atenção para as poucas plataformas nas quais que ainda não damos suporte, aí eventualmente vou poder parar de responder por qual motivo ainda não temos uma versão para tal sistema. O principal é tornar nossos usuários mais felizes.

MB: O que o Viber precisa fazer para conseguir superar o Whatsapp?

Talmon: Isto varia de país para país. No Brasil o Whatsapp é maior que o Viber, mas o importante para nós é ter certeza que estamos oferecendo um produto melhor, que estamos prestando atenção no que o usuário realmente quer. Hoje em dia o Viber oferece uma experiência que é significantemente mais rica do que a do Whatsapp, com suporte a diferentes plataformas, doodles, stickers, chamadas de voz.

Também temos a função Push to Talk, algo que o Whatsapp não faz, só manda recados de voz. Quando você manda uma mensagem no Viber, as pessoas realmente sabem se você leu, o que facilita a comunicação. Vamos continuar fazendo isto. O Viber tem hoje mais de 300 milhões de usuários, então não somos uma exatamente uma empresa pequena, mas é claro que podemos e queremos ser maiores.

MB: O Viber lançou outro dia uma função de block para Android, que sempre foi um dos maiores pedidos dos usuários. Esta função deve chegar em breve ao iOS, não é?

Talmon: Sim, esta funcionalidade estará disponível em breve no iPhone e no iPad, junto com a nova versão para iOS 7.

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MB: Então para concluir, queria que você me contasse sobre alguma outra função que os usuários também tenham pedido muito, e que vocês pretendem acrescentar ao Viber neste ano.

Talmon: Existem várias, mas o principal é acrescentar novas funções de segurança, que aliás é um dos pontos fortes do Viber. Você mencionou a questão dos bloqueios. Em 2013, o governo da Arábia Saudita disse ao Skype, Whatsapp e Viber que eles teriam que concordar com seus termos para continuar funcionando no país. Só para deixar claro, concordar neste caso seria entregar os dados dos usuários para o governo. O Viber foi o único que não concordou. A privacidade dos usuários é tudo para nós.

 

Atualização: Foi divulgada hoje a notícia de que o Viber foi vendido para o gigante de e-commerce japonês Rakuten por US$ 900 milhões, em uma operação que deve ser concluída até março deste ano. Com isto, o Viber vai conseguir praticamente dobrar seu número de 300 milhões de usuários, ganhando fôlego e força para enfrentar não só o Whatsapp, mas também seus outros concorrentes. 

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