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2013: um ano incrível para os games

Uma breve retrospectiva não-linear sobre o que de mais incrível tivemos no mundo dos games em 2013

10 anos atrás

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Com certeza o ano de 2013 foi um dos mais movimentados no mercado de games. Além de estarmos num momento de transição da sétima para a oitava geração e contemplamos a chegada dos novos consoles da Sony e da Microsoft, a geração de partida, os PCs e os portáteis também receberam uma quantidade muito grande de títulos de qualidade, além do fato de termos diversas declarações atravessadas, fechamentos de empresas, o grande crescimento do mercado de jogos indies e a consolidação do crowdsourcing como um forma justa de financiar games que nunca veriam a luz do dia de outra forma.

Vamos falar um pouco dos principais acontecimentos de 2013 na indústria dos games:

Nintendo

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A Nintendo não teve um bom ano. Ela pagou o preço por iniciar a oitava geração antes de seus concorrentes com o Wii U, apostando novamente na fórmula do Wii e investiu tanto no público informal quanto nos fãs de suas consagradas franquias. Os problemas começaram quando as desenvolvedoras começaram a pular fora do console, uma atrás a outra. Da EA à Bethesda, todas foram se afastando por n motivos, desde limitações técnicas à baixas vendas do console, causadas em boa parte por ela mesma, ao não dissociar o Wii U da impressão inicial de que se tratava de um acessório e não um console completo. Isso não impediu a Big N de demonstrar mais uma vez que ela é capaz de arrancar o máximo de seu hardware, como Super Mario 3D World provou no fim do ano. A previsão de 2014 não é muito diferente, com exceção de exclusivos de outras produtoras como Bayonetta 2, além de promessas próprias como o novo Super Smash Bros.

Falando em portáteis, a Nintendo continua liderando o mercado de portáteis com o 3DS, que teve o óbvio boom de vendas tanto de suas versões normal e XL como o controverso Nintendo 2DS graças a Pokémon X e Y, os games que inauguraram a nova geração da franquia dos monstrinhos de bolso, que não mostra sinais de enfraquecimento mesmo tendo mudado pouco em 17 anos de história.

Sony, Microsoft e a nova geração

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Tanto Beyond: Two Souls como The Last of Us figuram nas listas de muita gente e de sites especializados como os melhores jogos do ano, e arrisco dizer que o último é de longe o melhor da geração e um dos melhores títulos que joguei na vida. Eu ainda não o concluí, mas depois de ver tantas representações de um futuro apocalíptico em games, filmes, animações e livros, talvez o título da Naughty Dog seja o que mais se aproximou de uma possibilidade real do que a Terra pode se tornar, não no aspecto de uma infecção que mataria muita gente mas de como a sociedade humana se degradaria, a ponto de nos fazer externar o pior de nossa espécie.

O console ainda teve uma pequena pérola: Ni no Kuni: Wrath of The White Witch é sobre todos os aspectos uma ode aos RPGs dos 16 bits na mecânica e um trabalho primoroso da parceria entre a Level 5 (da série Professor Layton) e o Estúdio Ghibli de Hayao Miyazaki. Da ambientação à trilha sonora de Joe Hisaishi e a história, é tudo construído de forma fiel às obras-primas do aclamado diretor, ainda que ele não tenha se envolvido diretamente com o projeto.

Já o PS Vita não foi muito bem. A Sony foi obrigada a transformar o portátil numa máquina de indie games, o que não é de todo ruim. Além disso a PS Plus trouxe inúmeros títulos de qualidade para o console de mesa, mas em algumas ocasiões ele privilegiou tanto o Vita que é praticamente inviável comprar um sem assinar o serviço. Ainda assim ele teve títulos muito bons como Soul Sacrifice, Guacamelee! (no caso este é cross-play e depois pulou para o Steam, mas ele brilha no Vita) e Tearaway.

Já a Microsoft preferiu concentrar suas fichas na nova geração. Com exceção de poucas surpresas agradáveis como State of Decay, pouca coisa do Xbox 360 mereceu grande destaque neste ano.

PS4 vs Xbox One composite

E foi neste ano que a guerra entre ambas esquentou. A Sony deu a largada anunciando o PlayStation 4 em fevereiro, porém perdeu para a Microsoft por preferir revelar a cara e informações completas do console apenas na E3. Já a Microsoft se adiantou em um mês e revelou o Xbox One em maio, reservando a feira para explorar a grande lineup do console, que querendo ou não foi melhor do que a do concorrente. O problema é que devido as decisões de design do console como exigir conexão o tempo todo e restrição a jogos usados a Microsoft foi atacada por todos os lados (inclusive pela Sony, que não perdeu a chance de fazer piadas), culminando com ela voltando atrás em muitas das decisões então tomadas. No fim das contas Don Mattrick, diretor da divisão Xbox e defensor das restrições a ponto de dar declarações atravessadas se mandou, indo para a Zynga.

O lançamento dos consoles foi aquele corre-corre típico, ambos sumiram das lojas e no que tange ao Brasil, os preços praticados foram caros como sempre. A Microsoft ainda conseguiu amenizar o valor fabricando o Xbox One aqui, mas a Sony resolveu cobrar preço Premium de R$ 4 mil, que ficou sem explicação depois que a Nintendo trouxe o Wii U, também importado por R$ 1,9 mil.

A hora e a vez dos multiplataformas

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O ano foi excelente para quem estava esperando lançamentos multi-plataforma. Começando com DmC: Devil May Cry, passando por Metal Gear Rising: Revengeance, Dead Space 3 e os arroz-de-festa Call of Duty: Ghosts, Assassin’s Creed IV: Black Flag e Battlefield 4, o ano de 2013 viu a esperada chegada do quinto título da franquia Grand Theft Auto, que cresceu tanto que não pode ser mais considerada uma franquia, mas um fenômeno cultural: muita gente que sequer tinha interesse em games do estilo sandbox (eu incluso) mudou de ideia graças às inúmeras novidades que a Rockstar introduziu, num trabalho primoroso. Ele se tornou a obra de entretenimento de maior sucesso da história merecidamente, até para justificar o alto custo, sendo o jogo mais caro de todos os tempos.

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Devo fazer uma pequena menção honrosa a um jogo que me deixou curioso em 2013: Remember Me. O game da pequena desenvolvedora francesa Dontnod e publicado pela Capcom chamou muita atenção antes do lançamento, por pegar conceitos tão explorados nos filmes e livros de Philip K. Dick e apresentá-los numa abordagem inovadora. O fato da protagonista Nilin ser uma mulher forte (e mulata, algo raríssimo nos games; a última vez que vi algo assim foi em Papo & Yo) gerou controvérsias quando a produtora declarou que o game foi recusado por várias publishers, por ninguém acreditar na força da personagem e preferir que o jogo fosse protagonizado por um homem (algo parecido também envolveu a capa de The Last of Us). O jogo em si não é memorável, mas a história é sem dúvida muito bem construída e prende o espectador, além da Paris de 2084 apresentada no título ser ao mesmo tempo deslumbrante e pútrida, como todo bom Cyberpunk.

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Porém se tem um título multiplataforma que merece destaque, este é BioShock Infinite. Confirmando a maestria que Ken Levine possui para conduzir uma boa história (e nos fazer esquecer do desastre que foi BioShock 2), o FPS que nos coloca na pele de Booker DeWitt, um homem que só deseja "encontrar a garota e se livrar de sua dívida" se mostrou muito maior do que qualquer um poderia conceber. Da ambientação à trilha sonora, passando pelo desafio e história inesquecíveis, tudo neste game é épico. Além disso Levine conseguiu a façanha de fazer os jogadores discutirem por meses questões tão abstratas como manipulação do destino, realidades alternativas, saltos no tempo-espaço, constantes e variáveis.

Agora vai: Linux no PC, graças à Steam?

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A Valve pode ter encontrado a fórmula mágica para alavancar o Linux no desktop. Após Gabe Newell declarar guerra à sua antiga casa Microsoft, ele abraçou o pinguim e correu para lançar uma versão do Steam para a plataforma. Tudo bem que poucos títulos hoje são compatíveis com o sistema, mas o anúncio das Steam Machines, que rodarão uma versão dedicada do Linux baseada no Debian pode mudar esse cenário. Como os protótipos são PCs personalizados de US$ 500, qualquer um poderá montar uma máquina equivalente e instalar o sistema operacional (que ainda está em fase beta), bastando apenas adquirir o curioso controle exclusivo.

E 2014?

As previsões para 2014 parecem animadoras. O primeiro ano da nova geração promete jogos ainda mais impressionantes dos que o que vimos até agora, porém é evidente que a sétima geração sofrerá um revés violento. Ainda que ótimos jogos estejam a caminho como Watch Dogs, é regra que nos próximos meses os lançamentos irão rarear, ao contrário do desejo dos fabricantes de manter tanto o PS3 quanto o Xbox 360 por pelo menos mais dois anos. O 3DS continuará firme, assim como o PC, que poderá ver uma grande mudança com as novidades da Valve. Já o PS Vita é um assunto complicado. Embora as vendas tenham aumentado graças ao PS4, a falta de títulos de impacto pode voltar a se tornar crítica e a Sony precisa fazer alguma coisa a respeito.

Enfim, 2013 foi um ano excelente. Feliz Ano Novo a todos e que venham mais jogos incríveis em 2014!

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