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Marte com rios e oceanos? Sim, mas 4 bilhões de anos atrás

Hoje foi ao ar a segunda parte do #SciCast sobre Marte, onde batemos um papo com Nick e Cardoso sobre o planeta vermelho. Para quem está curioso sobre quem não deve ser mencionado e com quantos estágios se faz um módulo de resgate em Kerbal Space Program, não percam o final dessa conversa maluca e informativa sobre o planeta que pode ser nossa segunda casa num futuro não muito distante.

10 anos atrás

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Hoje foi ao ar a segunda parte do #SciCast sobre Marte, onde batemos um papo com Nick e Cardoso sobre o planeta vermelho.

Para quem está curioso sobre quem não deve ser mencionado e com quantos estágios se faz um módulo de resgate em Kerbal Space Program, não percam o final dessa conversa maluca e informativa sobre o planeta que pode ser nossa segunda casa num futuro não muito distante. Você sabia que nosso vizinho nem sempre foi o planeta árido e sem vida que é hoje?

A Curiosity, que no último ano tem desbravado silenciosa e solitariamente nosso vizinho ferroso, tem nos enviado informações importantíssimas acerca da infância marciana.

De acordo com os dados que ela tem nos enviado e que confirmam suspeitas antigas de que o planeta possuía há 4,5 bilhões de anos uma atmosfera muito mais densa que a Terra (com uma pressão atmosférica de 100 mil milibars, mil vezes mais do que a da Terra hoje). Entretanto algo terrível aconteceu ao jovem planeta de 500 mil anos de idade: algum evento catastrófico ainda não determinado cancelou seu campo magnético, deixando-o exposto aos ventos solares muito mais intensos da época, o que levou à erosão de sua atmosfera com o passar do tempo.

Não sabemos o que pode ter levado à perda massiva de atmosfera do planeta, entretanto sabe-se que a mudança foi brusca: é possível que o magma do interior do planeta tenha se solidificado; outra hipótese é que um grande impacto tenha alterado o fluxo e comprometido o campo magnético de Marte. O fato é que em meros 250 mil anos (troco de pinga na escala cósmica) a pressão despencou para 1.000 milibars graças à erosão atmosférica: sem um campo magnético os ventos solares se encarregaram de varrer o ar do planeta para longe, fazendo com que a pressão caísse a níveis semelhantes aos apresentados na Terra hoje.

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Esta imagem mostra uma porção da capa permanente de dióxido de carbono congelado, fotografado pela HiRISE. Esta placa de gelo possui poucos metros de espessura e é penetrada por poços planos mostrados aqui. Os poços quase circulares no centro desta cena têm cerca e 60 metros de diâmetro.

É mais do que provável que durante esse momento o planeta tenha apresentado a possibilidade de possuir água corrente em sua superfície, como descobertas recentes já apontaram. Entretanto, com o campo magnético comprometido a erosão da atmosfera era um processo gradual, e mesmo que outrora o planeta vermelho pudesse ter sido um gêmeo nosso ele infelizmente estava condenado a se perder mais atmosfera, levando ao processo que o transformou no que é hoje.

A missão da Curiosity é descobrir se Marte já foi capaz de abrigar vida, entretanto ainda não temos certeza se a erosão da atmosfera foi um acontecimento bom ou ruim para isso, caso encontremos indícios. Ela encontrou cerca de 3% de água no solo marciano, além do gelo que já sabíamos existir nos pólos. Pode ser que o processo de erosão atmosférica tenha favorecido um cenário em que existisse água em estado líquido em sua superfície, porém a ausência do campo magnético não permitiu que o cenário se sustentasse como na Terra. Resta descobrir por quanto tempo esse cenário existiu e se alguma forma de vida prosperou dentro deste curto espaço de tempo.

Recentemente a NASA divulgou uma animação muito bem elaborada, desenvolvida pelo time de cientistas responsáveis pela sonda MAVEN (Mars Atmosphere and Volatile Evolution), que foi lançada em 18 de novembro para estudar a atmosfera superior de Marte, para que possamos entender como foi o processo de perda da massa atmosférica do planeta. Aumente o volume e se acomode para acompanhar a mudança gradual de um planeta parecido com o nosso para o enorme deserto de hoje:

Você também já conferiu a primeira parte do #SciCast sobre Marte?

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