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[Review] — HP Slate 7

Um não-exatamente fã do Android passou uma semana com um tablet HP Slate 7. Acompanhe a resenha e descubra se acabou em homicídio, suicídio, tabletcídio ou pior…

10 anos e meio atrás

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A princípio eu não seria a melhor pessoa para resenhar o HP Slate 7 2800 que apareceu no QG da Meio Bit Corp, Inc, Ltda, afinal meu tablet de escolha é o iPad e meu celular, um Windows Phone. Minha experiência com Android não foi muito boa (cof cof Dext Cof), mas por outro lado, todos esses pés atrás poderiam me ajudar a fazer uma resenha bem mais objetiva.

Devo dizer que foi isso que aconteceu. Principalmente, ao me posicionar dentro do espectro de usuários, consegui entender a qual segmento o Slate 7 se destina, com quem ele não briga, e como não posso querer que um trator atraia supermodelos ou uma Ferrari puxe um arado. Vamos então ao bichinho:

1 - O Hardware

O HP Slate 7 é um Tablet Android de 7 polegadas, com 197,1 × 116,1 × 10,7 mm × 23 mm, só que como você só percebe 3 dimensões espaciais, ignore o último valor. A espessura de 10,7 mm no papel é quase idêntica aos 9,4 mm do iPad, mas como o tablet da Apple é curvado, visualmente o Slate parece muito mais grosso. Só que na hora de segurar, a ilusão visual vai embora e a empunhadura é perfeita. Mais uma dica pro pessoal que compara especificações a ferro e fogo.

Fugindo do pesadelo do Blackberry, o Slate é minimalista em se tratando de botões e conexões. Na parte inferior tem dois alto-falantes estéreo e uma porta micro-USB. Na lateral direita, o botão de volume. Na superior, conector do fone de ouvido, entrada pra cartão micro-SD, botão de power e um buraquinho que pode ser microfone, embora lembre o saudoso reset dos Palms. Atrás, a câmera principal. Na frente, a frontal, pro dia em que alguém se animar a fazer videochamadas fora de seriados de TV.

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1.1 – Especificações

Como uma boa parte dos leitores adora essas coisas, vamos aos frios números:

Dimensões: 197,1 × 116,1 × 10,7 mm

Peso: 372 g

Display: FFS+, 16 milhões de cores, em 7 polegadas

Resolução: 1024×600 (170 ppi)

Memória: 1 GB RAM

Armazenamento: 8 GB, 2 GB comidos pelo sistema, resultando em 5,60 GB disponíveis. Aqui o disco interno, em uma unidade recém-zerada:

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Armazenamento auxiliar: micro-SD até 32 GB

Wi-Fi: 802.11 b/g/n, DLNA

Bluetooth: v2.1 A2DP, EDR

USB: micro-USB v2.0

Câmera principal: 3,15 Mp, 2048×1536 pixels – grava vídeo em 720p – 30fps

Câmera frontal: VGA

Sistema Operacional: Android 4.1 Jelly Bean

CPU: Cortex A9 Dual Core a 1,6 GHz

Bateria: 3500 mAh, autonomia de vídeo de 5 h.

2 – Configuração Inicial

Após selecionar o idioma, o Slate 7 parte imediatamente para o Wi-Fi. Pode parecer estranho, mas não há algo mais inútil que um tablet sem conectividade em estado inicial de configuração. Neste ponto, ao digitar a senha descobri algo adorável sobre ele, que me remeteu aos tempos do Amiga, quando eu tinha um programinha deliciosamente irritante: o software simulava barulho de máquina de escrever, mecânica, associando-se às teclas do computador. O teclado do Slate tem o mesmo efeito sonoro.

Seguido do Wi-Fi, ele pede uma conta do Google. Não é essencial, mas a integração do Android demanda muito que você tenha essa conta. E nem digo por causa do Google Play.

A configuração seguinte pergunta se você quer disponibilizar sua localização para o Google e os apps deles. Como o Slate 7 não tem GPS, não há perigo de mandarem os ninjas direto pra você, pode confirmar. Mais umas telas inúteis e você cai no Android. Aqui a coisa fica meio confusa, pois você tem a tela principal, a tela de configurações, a barra de atalhos, a barra de buscas, os botões de software E a tela com todos os apps.

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Felizmente não é algo realmente confuso, basta um pouco de boa-vontade e a gente se adapta. Podemos então ir para o que importa em qualquer dispositivo: o software. Sem aplicativos um tablet é só uma prancheta-multiuso, todos eles questionáveis.

3 – Google Play e Apps

O Lojinha do Google se chama Google Play, e é lá que achamos as aplicações que nos interessam. Antigamente o Android era um deserto de apps, mas hoje isso não é mais problema. Mesmo que só existissem as do Google, já daria pra transformar o bichinho em uma ferramenta produtiva.

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Resolvi instalar o básico que uso no iPad, e as apps estavam todas lá. Kindle, Flipboard, VLC, Twitter, etc. Muito reconfortante, visto que no Windows Phone tenho que procurar alternativas pra muitas coisas.

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Instalei várias, mas aí apareceram os problemas, como por exemplo:

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Como assim? Um tablet anunciado em fevereiro, que chegou nas lojas em abril de 2013, não é mais compatível? Broxante. E sem atualização? Bola-fora, HP.

Bem, vamos ver se o que funciona funciona bem. Meu primeiro app testado, que sozinho era motivo de compra do iPad, é o Flipboard.

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Ele funciona muito bem e muito rápido, fica especialmente prático pois o Slate 7 (não maldem) pode ser usado com uma só mão. As 372 g não são especialmente pesadas. Só que… ele funciona melhor na horizontal.

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A briga entre os tablets mais quadrados, como o iPad, e os mais retangulares, como o Slate, é uma questão de design, projeto e objetivo. Não há uma proporção “correta”. Atividades como navegação web e textos funcionam melhor em telas quadradas, já filmes e programas de TV funcionam melhor em telas wide. Não dá pra ter os dois ao mesmo tempo.

O Slate escolheu ser uma ferramenta mais voltada para mídia, decisão que, dado o tamanho, achei correta. Com isso material web, como o Flipboard, perde, tudo fica meio “apertado”. Por outro lado, o Netflix e o YouTube ficam excelentes.

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4 – Performance

Um dual core de 1,6 GHz não é exatamente topo de linha, mas se o Slate quer ser um tablet de mídia, tem que aguentar o tranco. Como o player nativo é limitado, resolvi partir logo pro Worst-Case Scenario, baixei o VLC, que tradicionalmente tem problemas com execução de vídeos por hardware, jogando a batata quente nas mãos da CPU.

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Rodei alguns MP4 de tamanho razoável, depois experimentei com um filme em Full HD. Meninos, eu vi: o Slate 7 segurou a onda. Claro, esquentou, como o iPad fazia, e a autonomia de 5 h de vídeo dificilmente seria mantida, mas na falta de tempo pra reencodar vídeos para o formato nativo dele, saiba que o VLC não vai te deixar na mão.

5 – Produtividade

Evernote, GDocs, Dropbox, está tudo ali. É possível editar apps do Google Drive, nativamente:

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Quer dizer, é possível mas não recomendável. Eu já li um livro inteiro no Nokia 6600, e já escrevi artigos todos no Palm, com canetinha, mas nem por isso gostaria de repetir as experiências. Aqui o problema é… área de tela. Veja o editor do Slate, lidando com um doc do GDocs:

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7 linhas de texto útil. Não exatamente uma fartura.

Não estou dizendo que é impossível editar textos no Slate 7, mas que você será muito mais feliz se os escrever em um teclado de verdade (seja Bluetooth, seja em notebook) do que se tentar usar o teclado de tela.

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Os apps “nativos” funcionam bem. Não são incríveis como as de terceiros, mas cumprem seu papel, entretanto fica evidente pelo GMail, por exemplo, que os desenvolvedores ainda não assimilaram o conceito de tablet. Note o excesso de espaço. O leitor de notícias por exemplo, é apenas… FEIO.

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Felizmente dá para baixar alternativas desenvolvidas por gente com mais senso estético do que a Hellen Keller. Você não precisa usar a horrorosa app nativa de clima, por exemplo:

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No caso do Google Plus, estranhamente a tela widescreen funcionou bem, o que será ótimo, quando alguém fora do Google começar a usar o Google Plus.

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A parte de navegação é outra onde o formato wide atrapalha. Não é o fim do mundo, não inviabiliza o uso, mas fará com que você tenha que se reacostumar, e pior, mexer mais para ver o mesmo conteúdo.

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6 – Nerdices

O Android é uma contradição. Ao mesmo tempo em que se propõe a ser popular, é cheio de funções e aplicativos que não interessam a ninguém além dos nerds. Mesmo assim, por mais que tenha largado essa vida, não deixo de sentir uma ponta de inveja por ter tanta informação à disposição. Por exemplo:

6.1 – Info sobre cada app

Vejam que beleza, não só quanto cada uma ocupa, como se está rodando, opção para forçar encerramento, quanto usa de cache, permissões… e um maravilhoso botão pra apagar os dados usados pelo app. Se tivesse isso no iPad meu Instagram não estaria ocupando quase 2 GB.

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6.2 – Uso de bateria

Vejam que beleza: quem come quanto, em que pé a bateria está, autonomia, caso a caso, app a app. E comprovado, maior comedor de energia é a tela, seguido do… tablet idle, que significa o que todo mundo sabe, Linux é uma caca em gerenciamento de energia mesmo.

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Também há recursos para acompanhar uso de dados, e se você quiser, pode baixar um gerenciador de arquivos e acessar diretamente os diretórios de seu Slate 7:

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Isso, claro, não é recomendado para quem não sabe o que está fazendo, pois o Android, como qualquer sistema operacional não é amigável para leigos, debaixo do capô. A “lógica” para o armazenamento interno ser chamado de sdcard0 e o cartão micro-SD ser chamado de external_sd está além da compreensão das pessoas que questionam lógica de programadores.

7 – Câmera

OK, você não vai comprar este tablet por causa da câmera. Ela serve para registrar abduções alienígenas, tsunamis, meteoros e outros fenômenos onde qualquer registro é melhor que nada. Ela só existe para aplacar os que reclamariam que era inconcebível um tablet sem câmera. Igual quando reclamaram do primeiro iPad, e os macfags rimos.

Veja aqui e aqui dois exemplos de fotos tiradas com a câmera do Slate 7, em condições ideais: de dia, muito sol.

8 – Uso Real

O grande erro da maioria das resenhas é tratar tablets como canivetes suíços. Não existe isso de um serve para tudo. Ler gibis é muito melhor no iPad do que no HP Slate 7, em compensação mesmo em casa o Slate é mais confortável para assistir filmes.

Resolvi usar o Slate por alguns dias, substituindo não o iPad, mas o Lumia 920, na parte de mídia, e o Kindle. Normalmente assisto meus seriados no celular ou na TV, já levei o iPad pra rua mas chama a atenção demais, além de ser, convenhamos, um trambolho.

Fui para o bar relaxar e ver minhas séries, peruar nas redes sociais, ler notícias no Flipboard, etc. Não deu certo. Depois das séries fiquei procurando mais coisa pra assistir, acabei no Netflix e fiquei nele até a bateria acabar. Não chegou a 5, mas pelo menos 4 horas de uso intensivo o bicho aguentou.

Eu nunca fui fã do formato de 7 polegadas, mas depois de usar vejo que é excelente para consumir mídia. A tela “pequena” é bem maior que a do celular, e por ser wide, encaixa melhor na mão E com o formato dos vídeos modernos. E na proporção, não é tão menor assim que o iPad, veja:

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Não recomendaria o Slate para produção de conteúdo, mas para consumo, o que aliás era a proposta inicial dos tablets. Com integração entre redes sociais, ele se torna inclusive uma ferramenta de gestão de conteúdo, e dado o tamanho, bem mais prática que um notebook.

9 – Conclusão

Com um preço sugerido de R$ 699,00; o HP Slate 7 é bem mais barato que os tablets topo de linha, sendo uma alternativa para quem não quer não pode ou não precisa de um Galaxy Tab ou um iPad, mas também não quer comprar um xing-ling de R$ 200,00; que VAI dar problema, vai decepcionar e não tem qualquer suporte.

O Android ainda é um sistema inferior ao iOS, mas já chegou em um ponto onde é perfeitamente utilizável. A ausência de um gerenciador como o iTunes, forçando que muita coisa seja feita manualmente não é um grande problema no Brasil que cresceu usando WinAmp, e a maior parte da “chatice” foi incorporada pelos apps do Google, de qualquer jeito.

O Slate é um tablet honesto, limpinho e não tem pretensão de centralizar sua vida online, apenas tornar alguns aspectos dela mais confortáveis. Eu não seria feliz com ele como tablet principal, mas estou triste de ter que devolver como meu segundo tablet, de mídia e lazer.

Pontos positivos:

  • Ergonomia
  • Simplicidade
  • Cartão micro-SD
  • Tela Wide ótima para filmes

Pontos negativos:

  • Ausência de 3G
  • Versão do SO já defasada
  • Câmera muito fraca
  • Tela Wide péssima para produtividade

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