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Netflix leva o Emmy, HBO que se cuide!

David Fincher leva o Emmy de melhor diretor por House of Cards, produção original da Netflix: esta seria uma futura senhora concorrente a canais consagrados como a HBO?

10 anos e meio atrás

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Kevin Spacey na entrega dos Emmys 2013 (Crédito: Entertainment Weekly)

Netflix seria a nova HBO? Ainda lembro que esta teve bastante destaque de crítica com um de seus primeiros seriados originais, o Família Soprano, tanto que tal canal fechado de TV conseguiu estabelecer alguma conexão de fidelidade com o espectador. Espectador esse que quer fugir da TV aberta, lugar onde provavelmente alguns dos atuais sucessos da HBO como Boardwalk Empire e Game of Thrones fracassariam graças ao modelo tradicional de negócios: a produtora de um seriado tem a obrigação de enviar um episódio piloto que pode simplesmente ser reprovado.

Se no final do século passado a HBO teve coragem de apresentar um seriado sem a obrigação de saciar o apetite das emissoras de TV aberta por mais e mais episódios e no menor tempo possível, liberdade que a assinatura dos usuários lhe permitiu, o tio Laguna encontra fórmula parecida no Netflix quando este começou a investir pesado em conteúdo original e exclusivo.

Na minha opinião, os três prêmios Emmy merecidamente ganhos por House of Cards na noite de ontem foram um belo marco na distribuição de conteúdo original por streaming, semelhante aos investimentos iniciais da HBO na TV por assinatura tradicional: a Netflix tornou-se a primeira empresa de “TV por internet” a ganhar tal tipo de premiação com um seriado cuja 1ª temporada foi totalmente liberada para imediato consumo. Nada de episódio piloto para ser aprovado em TV aberta num horário esdrúxulo. Outros seriados produzidos pela Netflix foram indicados em várias categorias, mas obviamente que os prêmios acabaram indo para as produções das redes de TV já estabelecidas.

Aliás, acho até injusto indicar The Walking Dead (AMC) ou Game of Thrones (HBO) num mesmo prêmio onde concorrem Homeland (Showtime), Breaking Bad (AMC) e Mad Men (AMC). House of Cards brigou bonito, mas das 14 indicações levou somente o Emmy de melhor diretor (David Fincher, pelo episódio piloto) e outros dois prêmios mais técnicos.

A Netflix se ​​comprometeu a criar um mínimo de cinco programas originais por ano, com planos de dobrar esse número em 2014 tendo orçamento de US$ 300 milhões nos atuais seriados como House of Cards, Hemlock Grove, Orange is the new Black e Arrested Development. A vermelhinha não é nem um pouco tímida em suas ambições:

Nossa meta é nos tornarmos a HBO da internet antes que a HBO GO se torne a gente!” — Netflix.

Acho prudente que os tradicionais executivos de TV que rejeitem pilotos de seriados a torto e direito tomem muito cuidado com o Netflix e serviços semelhantes, como já apontou Kevin Spacey: um desses seriados pode se tornar um House of Cards e tirar uma qualificada fatia da audiência. Isso lá na civilização, já que o brasileiro típico adora mesmo é comentar a novela no Twitter e Feice.

Enfim, não sei se é ironia do destino, mas foi graças ao Netflix que conheci Breaking Bad (a primeira metade da 5ª temporada levou 3 Emmys ontem) e os produtores desta série sempre fizeram questão de liberarem os episódios de temporadas passadas no streaming rubro assim que elas têm encerradas sua exibição original no canal de origem. Um detalhe que certamente ajudou a popularizar ainda mais o excelente seriado, atualmente na reta final (ontem foi exibido o penúltimo episódio).

Fonte: The Verge.

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