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[Review] — Moto X: o Motorola “by Google” convence?

O Moto X é o primeiro lançamento da Motorola feito com a filosofia do Google e pretende mudar a forma que você escolhe um smartphone. Ele convence?

10 anos e meio atrás

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Primeiro aparelho feito completamente depois da compra da Motorola pelo Google, o Moto X mostra a mudança de filosofia na empresa: sai o foco nas especificações de hardware e entra uma preocupação maior com a experiência do usuário.

Ouvir o dono todo momento, melhorar a exibição das notificações, customização… Foram várias as cartadas da Motorola pra diferenciar o Moto X da concorrência, mas elas justificam a compra?

Hardware

O design do Moto X é bastante limpo. Se na linha RAZR temos ângulos retos e detalhes mais “brutos”, o X é bastante refinado. Sem logo nenhum no vidro frontal, ele passa fácil por um Nexus.

Ao contrário do habitual nos aparelhos high-end da Motorola, a traseira não é de Kevlar, mas de policarbonato.

Já por dentro, o Moto X é bem parecido com o do Xperia SP, modelo mid-end da Sony. O processador de ambos é o mesmo - um Snapdragon dual-core de 1,7 GHz e Adreno 320 como GPU.

No Moto X entram mais dois “cores” auxiliares: um para processamento de linguagem e outro para controlar os sensores do aparelho e entender o contexto em que ele está (é ele quem mostra notificações na tela quando você o tira do bolso, por exemplo). Exatamente como com o Xperia SP, tive a sensação que o hardware do Moto X é mais que o suficiente para qualquer uso. Mesmo tentando abusar bastante, não existe nenhum nada que comprometa a performance do aparelho.

Não existe nenhuma forma de expandir a memória de armazenamento do Moto X e o único modelo a venda no Brasil conta com apenas 16 GB — dos quais 11 GB estão disponíveis para uso.

A tela tem 4,7 polegadas e usa painel AMOLED — surpreendentemente, com um esquema de pixels RGB tradicional ao invés do infelizmente muito comum PenTile. Graças a isso, tanto a qualidade de fontes pequenas como a reprodução das cores é muito boa. A resolução dela é “apenas” 720p, o que deixa o Moto X com uma densidade de pixels menor que de outros lançamentos: são 312 pixels por polegada enquanto muitos concorrentes já ultrapassaram os 450 PPI. Em compensação, isso poupa processamento da GPU e torna a performance mais fluida. Me parece uma boa troca.

Eu particularmente não gosto de aparelhos com telas muito grandes e prefiro no máximo 4,3 polegadas; mas não tive muitos problemas pra usar o Moto X. Digitar com uma mão só, que pra mim costuma ser bem ruim em aparelhos grandes, é bem possível com ele. O Xperia SP, que tem tela ligeiramente menor, se saiu bem pior nisso.

A bateria do Moto X tem 2200 mAh e a duração é razoável. Com meu uso médio (4G ativo, cerca de 3 h de navegação e redes sociais, 3 h de música local) consegui pouco mais de 14 horas em uma só carga.

Software

Como já virou tradição, o Android usado pela Motorola é bastante puro. O Moto X é o mais próximo de um Nexus que existe fora dos Nexus. Considerando o parentesco entre Motorola e Google, isso fica bem compreensível. O que essa proximidade não traz, infelizmente, são updates mais rápidos: o Moto X ainda vem com Android 4.2.2 e nada garante uma atualização rápida para o 4.3 (ou deveríamos esperar o 4.4 já?).

Substituindo o SmartActions, que permitia automatizar algumas ações do aparelho, vem o Motorola Assist, que tenta adivinhar o que fazer sem nenhuma entrada prévia - mas funciona apenas em três situações: Dirigindo, Reunião e Dormindo.

  • No primeiro modo, ele nota quando você está num carro em movimento e passa a usar mais o modo de voz para evitar que você pegue o telefone. Quando chega uma mensagem, ele avisa e pergunta se você quer ouví-la. É possível também responder as mensagens, mas apenas com textos pré-definidos.
  • No modo Reunião ele usa as informações de compromissos do seu calendário para automaticamente silenciar seu telefone e manda SMS automaticamente para quem te ligar no período.
  • Já no modo Dormindo ele ativa o silencioso automaticamente no período em que eu deveria estar dormindo — pena que ele sempre ache que eu durma às 23 h e por mais que eu clique em “Não estou dormindo” no aviso dele, não sugere pra mudar o horário.

O TouchLess Control é o grande carro chefe do Moto X. Basta falar “Ok Google Now”, mesmo com a tela desligada e o Moto X passa a ouvir seus comandos (que são interpretados, naturalmente, pelo Google Now).

O reconhecimento do comando para ativar o recurso é muito bom, e funciona muito bem mesmo com bastante ruído no ambiente. O grande problema é que o reconhecimento de voz após isso exige mais silêncio. É bastante comum você conseguir ativar o controle por voz falando “Ok Google Now” mas não conseguir que o telefone entenda o comando depois disso.

Isso acontece porque cada um é reconhecido de forma diferente: O comando para ativar depende mais da cadência da sua voz, e já o Moto X ativando a escuta mesmo sem que eu falasse nada parecido com “Google”. Já o Google Now precisa entender sua frase com mais exatidão, e qualquer ruído ambiente interfere nisso.

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Já o recurso que achei mais útil no Moto X são as notificações inteligentes, que mostram ícones das notificações na tela quando você tira o aparelho do bolso (ou ligam a tela com a notificação, se ele estiver na sua mesa). Basta tocar um dedo na tela e ele mostra a notificação. Um gesto para cima abre o app e para os lados "marca" aquela notificação como lida: ela não é mostrada na tela de espera, mas continua na central de notificações do Android. Esse não é um recurso exatamente novo pois os aparelhos da Nokia com tela AMOLED tinham algo bem parecido, mas é algo que eu sentia muita falta nos aparelhos atuais.

Câmera

A câmera do Moto X tem 10 megapixels com um sensor “ClearPixel”: os sensores de câmeras digitais costumam usar um filtro Bayer, que capta as cores com a mesma proporção do olho humano: 50% verde, 25% azul e 25% vermelho.

No ClearPixel, cada cor é captada por igual e os 25% restantes passam por um filtro “branco”, que capta apenas a intensidade da luz. A ideia é que esse filtro melhore a qualidade das fotos com baixa iluminação.

Um problema: a sensibilidade à luz parece alta demais. Qualquer luz que esteja presente em ambientes escuros fica bastante exagerada, por exemplo. Focar em objetos pequenos próximos de qualquer luz também fica bastante difícil.

Foco, aliás, é um problema do Moto X. A Motorola fez um ótimo trabalho simplificando a experiência do Moto X, mas o aplicativo da câmera ficou reduzido demais Basta abrí-lo e qualquer toque na tela vai capturar uma imagem com o foco atual. É verdade que o Moto X tem um autofocus bastante rápido, mas volta e meia você quer capturar algum detalhe e não consegue.

Existe uma opção para habilitar o foco pelo toque, mas ela não só ela salva mesmo as tentativas frustradas de focar como não resolve a maioria dos casos, especialmente em macros: tirar fotos de comida é bastante difícil com o Moto X, para o desespero dos seus seguidores no Instagram.

Imaginei que boa parte desses problemas fosse do aplicativo de câmera da Motorola, mas instalei o padrão do Android 4.3 nele e apesar de ter mais opções, o foco continua bastante complicado. Além disso, ele só permitiu tirar fotos em 5 Mp, metade da resolução da câmera.

Descascado o abacaxi, a ativação da câmera por gestos (três chacoalhadas para a direita) é bastante prática e bem mais rápido que botões dedicados em outros telefones. E quando o Moto X acerta bem os ajustes numa foto, elas saem boas (e bem rápido).

Vale a pena?

Tirando alguma irritação com a câmera, duvido que alguém que compre o Moto X se arrependa da compra. É um ótimo aparelho, com hardware e software extremamente bem acabados. As adições da Motorola são realmente úteis e fica difícil não sentir falta das notificações dele ou de abrir a câmera chacoalhando o telefone depois de usar Moto X por um tempo.

Só que por R$ 1.799,00; o Moto X fica num preço bastante complicado… Se no mercado norte-americano existe o chamariz de ser fabricado em solo nacional, no Brasil até iPhones são feitos por aqui… O MotoMaker, outro atrativo do Moto X, também não está disponível no Brasil.

Fica bem complicado justificar a compra quando se paga o mesmo preço de aparelhos mais bem equipados — ao menos na folha de especificações — ou pode se pagar menos pelo mesmo hardware.

Update: O Moto X chegou nas lojas por um preço mais em conta que o anunciado: R$1499, chegando em R$1349 com pagamento à vista. Pelo conjunto do aparelho, é um bom preço.
E considerando que a Motorola já está cuidando da questão da câmera em um update de software, o Moto X se torna uma ótima recomendação.

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