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Presunto-Sem-Fio?

15 anos atrás

Telefones celulares são maravilhosos mas podem ser inconvenientes. É bem desagradável ficar ouvindo as peripécias sexuais de um ator de teatro infantil na mesa ao lado, e agora com mais recursos, há mais chances dos aparelhos colaborarem com a falta de noção de seus donos. Seja o toque de MP3 da Tati-Quebra-Barraco "Dako é bom, Dako é bom" (juro, isso existe), seja a mania dos "incluídos" de tirar foto da Prima Zuricreide o tempo todo, gritando instruções "pra cá, pra lá", etc.

Agora os usuários sem-noção chegaram ao limite: Em Singapura virou moda tirar foto com presunto. Em um velório um grupo de sujeitos invadiu geral pra sacar celular e fotografar o morto.

Quem lembra do Caso Eloá (tem menos de 2 meses, estatisticamente 10% ainda têm alguma recordação) lembra das imagens do enterro, zilhões de desocupados com celular em punho, braço levantado fotografando cegamente o féretro, em toda a glória de suas câmeras VGA.

Vemos um crescente desrespeito à privacidade, em nome de... bem, esse pessoal que fotografa enterro não fala em nome de nada, mas blogs e similares defendem uma tal "liberdade de expressão", que é confundida com libertinagem.

É preciso saber a hora de baixar a câmera, a hora de respeitar quem merece ser respeitado, mas pelo visto é uma postura que não vai jamais ser popular. Divertido é fazer o registro a todo custo, em uma versão mundo bizarro do Big Brother de Orwell. Antigamente eu achava que com a tecnologia nós vigiaríamos o Estado, mas hoje percebo que nós vigiamos a nós mesmos, e não temos o menor interesse em manter decoro, bom-senso ou sequer semancol.

Vide este caso, de colocar a mão no rosto e dizer "parem o mundo".

Agradecimentos ao Reinaldo e ao Rodrigo, por terem achado a pérola acima, que eu lembrava ter visto (impossível esquecer) mas não conseguia encontrar.

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