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Ex-engenheira de hardware da Valve revela que a empresa não é o sonho que todos pensam

Hacker e ex-engenheira da Valve Jeri Ellsworth diz que foi sistematicamente sabotada na empresa, até o dia em que foi demitida por ser "redundante"

11 anos atrás

Jeri Ellsworth

Jeri Ellsworh é uma hacker que já foi chamada de "Woz de saias", e com razão: com apenas 15 anos já projetava carros de corrida. Hoje ela é projetista auto-didata de processadores, e conseguiu a façanha de produzir o C-One, um SBC (single board computer) que é uma versão melhorada do Commodore 64, assim como a versão condicionada num joystick.

Tanto talento chamou a atenção da Valve, que estava estudando a possibilidade de lançar um console próprio . Ela foi contratada como engenheira de hardware e contava com uma equipe que estava tentando levar a empresa a um próximo nível. Porém isso não durou muito: no começo desse ano a empresa cortou várioscargos considerados "redundantes", e ela foi um deles. Agora em entrevista a um podcast (e transcrita aqui), Ellsworth disse como era o ambiente da empresa, e ele é muito diferente do divulgado naquela famosa cartilha interna.

Ellsworth não gostou de seu cargo ser considerado redundante, e que o motivo das demissões foi outro: muito do que a cartilha diz é verdade, como cada núcleo não ter um chefe, mas há uma "camada secreta" de gerentes poderosos, e são esses que mandam. "É como num colégio", diz ela. Jeri conta que esses executivos são paranoicos em relação aos novatos, e os vêem como uma ameaça ao status quo da Valve.

Funciona assim: se você trabalha direitinho, não há problemas. Mas se você está tentando fazer a diferença (que era o caso de Jeri e sua equipe), você se torna um alvo. Segundo ela a equipe vinha sendo sistematicamente sabotada já que não conseguia contratar ninguém: os executivos recusavam todos os candidatos indicados pela divisão de hardware, com a desculpa de que "não se encaixavam na cultura da companhia".

Isso tudo culminou com as demissões no começo do ano, onde ela ficou sabendo por seus companheiros que cada um deles havia sido cortado. Ao confrontar Gabe Newell pelas demissões e os projetos cancelados, ela disse que eles deveriam patrocinar tudo ou entregá-los para ela. Newell virou-se para um advogado e simplesmente disse: "dê para eles".

Segundo Jeri a equipe contava com cerca de 100 funcionários somente, e cinco deles, ela inclusa estavam trabalhando nesse novo projeto (que ela não diz o que é). Todos foram pra rua no mesmo dia, o que dá a entender que a Valve desistiu completamente de investir em hardware.

Jeri diz que o que ela diz pode soar um pouco como reclamação de alguém que tomou um pé na bunda, porque ela está muito magoada com a Valve, que "me prometeu o mundo e me esfaqueou pelas costas", diz. Mas ela lembra que a experiência que a divisão de hardware teve não é a realidade total da empresa, mas ainda assim é sempre bom vermos que as coisas nunca são o que aparentam.

Fonte: CVG.

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