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Superando a Índia, Governo Brasileiro institui cotas pra Apps em Smartphones subsidiados

Algumas vezes o Governo merece palmas irônicas, em outras, palmadas mesmo. É o mínimo, pro gênio que determinou que celulares subsidiados serão obrigados a vir com uma cota de aplicações nacionais instaladas.

10 anos e meio atrás

brasil ameo ou deixeo (1)

Nos anos 80 cinema era muito mais tranquilo. Era normal chegar com 10, 15 minutos de atraso, pois além dos trailers (não havia avisos de segurança nem merchã de seguradora) passavam noticiários, Canal 100 e o inevitável curta-metragem.

Cinema nacional era associado com sacanagem, mas havia ainda um certo carinho, por causa dos Trapalhões, Grande Otelo, essa turma. Já o curta-metragem provocava ódio. Em geral era um documentário sobre oleiros da Paraíba, rendeiras de Olinda ou artesãos da casa do pênis.

Só passavam por obrigação Legal. Em décadas, nunca contribuíram em NADA para divulgar nossa cultura, promover o cinema nacional e gerar novos talentos. Uma geração inteira teve que ser reeducada, pois curta-metragem era sinônimo de LIXO, quando há coisa muito boa no meio, vide Jorge Furtado e seus Ilha das Flores, Barbosa e O Dia Em Que Dorival Encarou a Guarda, Arthur Fontes com seu Trancado (por dentro) e vários outros autores mais jovens.

Agora imagine esse cenário apocalíptico nos celulares.

É o que o Governo Federal está exigindo, nas regras para subsidiar via renúncia fiscal smartphones nacionais.

Os aparelhos terão isenção de PIS/PASEP e COFINS, em troca além de características técnicas como 3G, Wi-Fi e preço máximo de R$ 1.500,00, deverão vir com… aplicativos desenvolvidos no Brasil.

Manjam crapware, que infesta computadores comprados de empresas como Dell e HP, e que a Microsoft chegou a criar um selo premium para identificar computadores sem lixo que ninguém queria, como leitores de PDF de 1 GB de HD? Teremos isso nos celulares.

Citando o Terra:

A medida vale a partir do dia 10 de outubro para aparelhos produzidos no Brasil. A portaria estabelece que a partir de janeiro de 2014, os aparelhos deverão vir com 15 aplicativos; em julho este número passa para 30 e em dezembro de 2014; os smartphones deverão conter 50 apps nacionais.”

SIM, Virgínia, 50 apps.

Eu não uso isso no iPhone. No Lumia não tenho nem tantos apps assim instalados, que dirá das nacionais.

Vivemos em um mundo globalizado. Não é mais Nós vs Eles, apps brasileiros vendem na App Store americana com a mesma facilidade que os de lá vendem aqui. A tecnologia democratizou o TALENTO, os apps de sucesso o fazem por mérito, não por decisão burocrática.

O Natan Gorin precisou de um app para gerenciar boletins. Não esperou subsídio ou “apoio” governamental. Meteu as caras e criou o iBoletim, isso com 12 anos de idade. Do. Or do not. There is no try, motherfucker!

Temos também o MedPrice, para consulta de preços de medicamentos, o 9Dígitos e uma penca de outras boas peças do logiciário nacional, NENHUMA delas instaladas por obrigação em NENHUM celular nacional. Nem mesmo o pequeno, simples e excelente app da Infraero para controle de vôos.

Agora querem enfiar CINQUENTA, CINCOENTA, CINQÜENTA apps em um pobre smartphone?

O Brasil é um país onde querem fazer revolução comunista por decreto, onde gente incapaz de construir uma estante acha que tem programa espacial,

O texto original da porta do Ministério das Comunicações é digno de Kafka. Não só os aplicativos precisam ter “utilidade pública” como o Ministério das Comunicações pode decidir indicar aplicativos obrigatórios, escolhidos através de concurso.

Lembram quando o Galaxy S4 de 16 GB vinha só com 8,8 GB disponíveis para o usuário? No futuro usuários de smartphones nacionais chamarão isso de “bons tempos de memória farta”.

Parabéns a todos os envolvidos.

Fonte: Dica do Marcio Rubens, via tuinto.

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