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5 MODs que impactaram a indústria de games

Os mods podem aumentar bastante a vida útil dos games, mas há alguns que foram responsáveis por criar franquias imensas e até novos subgêneros

3 anos atrás

Entre as muitas qualidades do PC como plataforma para jogos, uma das que mais me agrada é a possibilidade de utilizarmos mods nos games. Permitindo que um título seja melhorado, corrigido ou até mesmo completamente alterado, essas criações foram responsáveis por aumentar a vida útil de muitos jogos, mas também por dar início à marcas de sucesso e até por fazer surgir tendências que influenciaram os rumos da indústria.

Crédito: Reprodução / Dori Prata / Valve.

Mas você sabe como surgiu essa ideia de modificar jogos? Traçar a origem dos mods para games não é uma missão fácil, mas muitos defendem que o primeiro jogo modificado foi o clássico Castle Wolfenstien, para Apple II, quando lá no início da década de 80 o trio Andrew Johnson, Preston Nevins e Rob Romanchuk decidiu fazer uma paródia do jogo, substituindo os nazistas por smurfs e nascia ali o bizarro Castle Smurfenstein.

Porém, foi apenas em 1993 que um número muito maior de pessoas descobriu que poderia aproveitar um jogo como base para dar vida à coisas novas e o motivo para isso atendia pelo nome Doom. Após notarem que os jogadores queriam alterar o título que haviam lançado anteriormente, o Wolfenstein 3D, os fundadores da id Software acharam que seriam uma boa ideia facilitar a vida dessas pessoas e para isso disponibilizaram os mapas, sprites e texturas em um único arquivo WAD — um acrônimo para “Where’s All the Data?

Como o pacote ficava separado da engine do game, criar mapas para ele mostrou-se uma tarefa simples e assim rapidamente essas criações começaram a se espalhar. Porém, Tom Hall e John Carmack sabiam que ainda havia como tornar o processo mais acessível e no ano seguinte eles lançaram um editor de fases, o que fez com que os experimentos por parte dos jogadores se mostrassem mais interessantes e profundos.

Foi assim que surgiu, por exemplo, o Aliens Total Conversion, primeiro mod a ousar alterar completamente o jogo da id. Criado por Justin Fisher, aquela modificação fez tanto sucesso na época que reza a lenda que, na semana em que o Doom II foi lançado, havia mais pessoas falando sobre o tal Alien TC na Usenet do que sobre a tão aguardada continuação.

Mas se foi o Doom que mostrou ao mundo que era possível usar um jogo para criarmos outros, aquele que encurtou a distancia entre os jogadores e as desenvolvedoras foi o Half-Life. Lançado em 1998, dois anos depois coube ao vietnamita Minh “Gooseman” Le a tarefa de alterar a base do FPS para criar um modo multiplayer onde duas equipes tinham que se enfrentar, nascendo ali o mod que abre a nossa lista.

Counter-Strike (Half-Life)

Crédito: Divulgação / Valve.

Permitindo que os jogadores atuassem tanto como terroristas como contra-terroristas, aqui o objetivo dependeria do mapa e do lado em que estivéssemos. Havia missões em que os mocinhos teriam que desarmar bombas ou resgatar reféns, enquanto que a outra equipe teria que fazer o possível para evitar isso.

Com o a popularidade do jogo aumentando, o desenvolvedor utilizava um site mantido pelo seu amigo Jess Cliffe para coletar informações junto aos jogadores e assim melhorar a modificação. Essa fórmula fez com que a criação da dupla chamasse a atenção da Valve, até que os donos do Half-Life decidissem contratá-los e assumissem o controle da marca Counter-Strike.

Embora eu sempre tenha preferido o Day of Defeat (mod que transforma o Half-Life em um multiplayer da Segunda Guerra Mundial), a importância do CS é inegável, sendo ele um dos melhores exemplos de como a criação de um mod pode abrir portas na indústria de games. Além disso, se o Counter-Strike: Global Offensive segue como o título com o maior número de jogadores no Steam, duas décadas depois aquele que deu início a tudo isso continua figurando entre os 100 mais jogados do serviço.

DayZ (Arma 2)

Crédito: Divulgação / Bohemia Interactive.

Em DayZ seremos jogados em uma região fictícia da pós-União Soviética e logo descobriremos que o lugar está infestado por zumbis. Caberá então ao jogador encontrar maneiras de resistir aos ataques não só dos mortos-vivos, mas dos outros jogadores que na maioria das vezes estão mais dispostos a nos aniquilar para garantir os espólios.

Criado após Dean Hall passar por uma experiência traumatizante enquanto servia à força aérea da Nova Zelândia, quando perdeu 25 quilos durante um exercício de sobrevivência, este mod surgiu em 2012 e pegou todos de surpresa, inclusive os criadores do jogo que lhe servia como base. Em pouco meses a modificação já contava com um milhão de jogadores, o que fez com que o Arma 2 tivesse um impressionante pico nas vendas.

Enxergando ali uma ótima oportunidade, a Bohemia Interactive tratou de adquirir os direitos sobre a criação de Hall, assim como a sua contratação para que ele começasse a trabalhar numa versão independente do jogo. Mais tarde o DayZ também seria lançada para consoles, mas foi no PC que ele deu início a uma onda de jogos de sobrevivência.

PLAYERUNKNOWN's Battle Royale (Arma 3)

mod de games

Crédito: Reprodução / ModDB.

Idealizado por Brendan “PlayerUnknown” Greene, esse mod nasceu do desejo do autor de ter um jogo multiplayer que contasse com um espaço mais amplo para os combates e não fosse tão repetitivo quanto o que tínhamos no mercado. Ele então usou como inspiração o filme japonês Batalha Real, onde um grupo de estudantes precisava se enfrentar até que apenas um sobrevivesse.

Devido a atenção que o jogo começava a atrair, a Sony Online Entertainment acabou contratando Greene para atuar como consultor no desenvolvimento do H1Z1, mas o impacto que ele viria a causar só seria sentido mesmo em 2015, quando a Ginno Games passou a ser conhecido como Bluehole e se interessou pelo trabalho do irlandês. A parceria deu início ao desenvolvimento daquele que viria a se tornar um dos maiores fenômenos dos últimos anos, o PlayerUnknown's Battlegrounds — ou simplesmente, PUBG.

Se hoje temos uma infinidade de battle royales no mercado, isso se deve à visão de Brendan Greene, mas também ao fato de os mods serem uma das áreas mais legais dos games.

Defense of the Ancients (Warcraft III: Reign of Chaos)

Crédito: Reproduçào / MMOGames.

Além da história fantástica e de uma jogabilidade viciantes, um dos maiores acertos da Blizzard com o terceiro Warcraft foi incluir no game um editor, permitindo assim que os jogadores pudessem dar vida às suas próprias aventuras. Aquela ferramenta era tão completa que com ela era possível criar tanto mapas levemente modificados, quanto cenários bastante alterados, com objetivos, unidades e eventos que não estavam disponíveis no jogo original.

Foi assim que nasceu o Defense of the Ancients (DotA), um modo desenvolvido por Kyle “Eul” Sommer em que duas equipes competiam para ver qual conseguiria destruir a superprotegida estrutura adversária. Com cada time contando com unidades bastantes poderosas, os heróis, eles poderiam evoluir conforme jogávamos, com o ouro adquirido podendo ser utilizado para a compra de equipamento entre as fases.

Com o tempo a comunidade foi fazendo melhorias no modo e ele começou a se tornar tão popular quantos os jogos de tiro, o que obviamente chamou a atenção de grandes empresas e assim surgiram jogos como Demigod (Gas Powered Games), League of Legends (Riot Games), Heroes of the Storm (Blizzard) e Dota 2 (Valve). Era o começo de uma febre que atenderia pelo nome MOBA (multiplayer online battle arena).

Team Fortress (Quake)

mond de games

Team Fortress Classic (Crédito: Divulgação / Valve).

Criado como uma modificação para o primeiro Quake lá em 1996, Team Fortress aproveitava vários conceitos do multiplayer da id Software, mas adicionava alguns elementos que o deixavam mais interessante, como a possibilidade de escolher a classe do personagem que controlaríamos. Aquela necessidade de termos que cooperar com os outros membros da equipe fez com que o mod se tornasse extremamente popular e chamasse a atenção da Valve.

A empresa então acabou contratando os responsáveis por aquele jogo, Robin "Bro" Walker, John "Jojie" Cook e Ian "Scuba" Caughley, fazendo com que eles passassem a trabalhar numa versão para o Half-Life, o Team Fortress Classic. Porém, mesmo com o mod fazendo algum sucesso, foi só em 2007 que a série explodiu em popularidade, quando vimos a inclusão do Team Fortress 2 na coletânea The Orange Box.

Ainda hoje o TF2 é um dos títulos mais bem sucedidos do Steam, com o comércio de itens cosméticos movimentando um enorme mercado que rende uma boa grana para a Valve (e até para alguns jogadores) todos os meses.

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