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Meus oito anos e meu oito bits

16 anos atrás

Eu sistematicamente demoro algo em torno de quinze segundos para atender o telefone. O motivo? É o tempo que leva para tocar o solo do ringtone do meu celular. A música? Ouça aqui. Se você não conhece esta música é bom procurar alguém que faça regressão mental e rever algumas coisas de sua infância.

Existia algo de místico nos jogos de quando era criança. Sério mesmo. Depois que passei de simples jogador a desenvolvedor de games comecei a acreditar em algum tipo de seita dos 4K alienígenas. Acreditem, eu já escrevi algumas coisas em Assembly (x86 no caso) e é sobrenatural que River Raid caiba em irrisórios milhares de bytes. Havia também algo de hipnótico, que me fazia jogar Battletoads (nes 8 bits) durante horas a fio apesar de ser um consenso que é impossível zerar aquele jogo. O único cara que conheci que disse que tinha terminado o game também disse que havia saído com a Fernanda Paes Leme. Eu também já disse isso uma vez. Ambos estávamos mentindo.

Quando os 4K viraram 100K eu já estava mais exigente. Queria coisas com mais de 16 cores, que se moviam em mais de duas direções e que butões diferentes fizessem coisas distintas de fato. Se bobeasse eu queria algo com mais de 8 bits e nada de MOS Technology 6507 rodando dentro. Foi aí que apareceu um dos consoles que mais me rendeu problemas até hoje, o “Nintendinho”. Era complicado explicar para a minha mãe porque deveria deixar de fazer o dever de casa para jogar Super Mario 3. Isso quando ela não implicava que o jogo era violento. Digo, Mario matando todas aquelas tartarugas inocentes. Ainda bem que ela não sabia que eu já jogava esses games “subversivos” há muito. Acho que vocês também não sabiam que River Raid foi considerado ofensivo por muito tempo na Alemanha. Vai lá entender os adultos da nossa infância.

Às vezes fico pensando que eu só me divertia naquela época porque era ingênuo demais. Despretensioso, diria. Acho que não é verdade. Vez por outra tiro a poeira do velho Master System 3 [com Sonic na memória]. Hoje pode não ser mais tão desafiador já que grande parte do desafio era jogar naquele controle escroto do Master. Sem contar o fato de que a gente pensava que se mexesse o braço junto daria uma ajudinha para o personagem pular mais alto [quando pequeno eu jurava que isso era verdade]. Bem, pelo menos dá para matar parte da saudade da infância. Pena que não me lembre a minha vizinha gata... ei, vocês não achavam que eu só jogava vídeo game quando criança, não é? [continua em algum momento...]

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