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Para onde vai o fixo?

Apesar de já ter sido artigo de luxo, o telefone fixo é cada vez mais algo de nicho no Brasil, com 22 linhas para cada habitante, perdendo e feio para os celulares. Será que hoje em dia existe motivo para manter uma linha fixa em casa?

11 anos atrás

Adquirir uma linha de telefone fixo no Brasil já foi sinal de status, pois elas eram caras, raras e disputadas, e mesmo assim pessoas esperavam em filas enormes para comprar o direito de pagar por suas ligações. Tinha gente que até alugava essas linhas como negócio (e era muito lucrativo!) e se você vendesse seu imóvel com uma linha telefônica, ele valorizava bastante. Mas com o advento dos celulares, sua popularização, sua maior abrangência e facilidades, a velha linha fixa está perdendo espaço.

Um estudo realizado no ano passado nos EUA apontou que 35,8% das casas americanas já eram “Cell Only”, ou seja, seus habitantes possuíam apenas celulares. Além disso, outros 17% diziam ter a linha fixa em casa, mas não a usavam, por só realizar e receber chamadas nos seus devices móveis. É mais da metade do país que não tem, ou não usa, telefone fixo. E a tendência é que esse número diminua cada vez mais.

Telefone Sixty Retro da Sagemcom

Os números do Brasil já são bem conhecidos, temos 132 celulares para cada 100 habitantes e apenas 22 linhas fixas para cada 100 habitantes, ou ainda: 261 milhões de linhas móveis contra 44 milhões de linhas fixas. Essa diferença é bastante lógica quando entendemos que, em uma casa com 5 pessoas, temos no mínimo 5 celulares e apenas uma linha fixa, ou nenhuma.

O fato é que o celular popularizou e até mesmo barateou a ligação. Hoje, dessas 261 milhões de linhas, quase 80% são da modalidade pré-paga, que representam um gasto mensal (geralmente) baixo. E mesmo se jogarmos as linhas pós pagas na conta, o ARPU (Average Revenue Per User, ou receita média por usuário) de telefonia móvel no Brasil fica em torno de R$20 mensais por usuário. Se compararmos com a linha mais básica de telefone fixo, o pacote gira em torno de R$29 mensais. O telefone fixo já é até definido por especialistas financeiros como um dos itens que a gente paga mas não usa.

Ainda existem razões para manter o telefone fixo, mais por obrigação do que por preferência é verdade, mas ainda assim devem ser listadas:

  • Economia:  Esse é bem relativo, como acabei de colocar acima, muitas vezes o fixo é uma linha que fica parada em casa e pagamos todo mês a franquia sem usá-la. Porém a landline, em comparação com o celular, ainda tem tarifas bem menores para usuários que vivem pendurados no telefone. As empresas de telefonia, vendo que as pessoas estão perdendo o interesse por esse produto, que ainda gera uma boa fatia da receita dessas companhias, começaram a lançar planos mais baratos, com DDD livre, ligações ilimitadas entre fixo e até mesmo benefícios para ligar para celulares, geralmente em parceria com alguma empresa de telefonia móvel. Empresas, consultórios, escritórios e o comércio em geral dependem muito da linha fixa, tanto para entrar em contato com clientes e fornecedores, quanto para receber ligações destes.

  • Combos: Essa prática de certa forma abusiva das companhias de telefonia e internet fixa ainda faz muita gente pagar por franquias sem usá-las, só porque são obrigadas a ter uma linha fixa para poderem ter internet fixa ou TV por assinatura em casa. Você até pode contratar a internet sem o fixo, só que o preço distorcido desse serviço sozinho chega a ser mais caro do que se você aproveitar a super promoção do combo. É um esquema de venda casada, que é proibido pelo nosso Código de Defesa do Consumidor, maquiado para que as empresas não sejam punidas e possam continuar a comercializar seus serviços dessa forma. Acredito que isso só vá mudar se a ANATEL resolver intervir de fato nessa questão, regulamentando preços base para serviços separados, ou quando uma das empresas fugir do esquema de cartel e oferecer só a internet por um preço justo, obrigando as concorrentes a fazer o mesmo.

  • Segurança: Muitas pessoas ainda mantém sua linha fixa porque ela está diretamente conectada ao sistema de alarme e monitoramento da casa. Apesar de já existirem outras formas de conectar esses sistemas de segurança, o mais tradicional e menos caro é usar a linha fixa. E se com todas essas medidas de segurança ainda somos assaltados frequentemente, quem vai se arriscar em desligar o alarme só para economizar no fixo?

  • Conveniência: Uma das razões que mantém muitas linhas fixas ativas é o fato dela existir há muito tempo, ser divulgada amplamente entre familiares, entre esses alguns que moram longe e não possuem contato direto de outra forma. Muitos estabelecimentos utilizam linhas fixas para realizar cadastros, então escolas, médicos, agências de cobrança e de telemarketing usam a linha fixa para te achar, o que muitas vezes é chato, às vezes pode ser importante.

Apesar de não acompanhar o crescimento exponencial do celular, a telefonia fixa ainda tem fôlego para sobreviver por um bom tempo. A tendência é que cada vez mais as casas venham a ser “Cell Only”, principalmente quando os filhos começarem a sair da casa dos pais e não contratarem uma nova linha fixa em sua nova casa. Outro concorrente forte que o fixo pode enfrentar é o VoIP, lá fora muitas casas contrataram esses planos que se mostraram a ser mais econômicos, porém, por depender de uma conexão com a internet, o VoIP não decolou no Brasil.

Vale a pena pegar suas últimas faturas do telefone fixo, ou do seu combo, e analisar qual sua franquia de fixo, ver quanto está sendo utilizado e negociar com a sua operadora algo mais de acordo com o seu perfil. Muitas já comercializam pacotes com uma franquia básica, ou até mesmo sem franquia, onde você paga o quanto usar e se usar.

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