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Virada Cultural Paulista 2013 - fotografando um grande evento

Estivemos na Virada Cultural Paulista 2013 e contamos como é cobrir um grande evento!

11 anos atrás

E nesse último fim de semana (25 e 26 de maio) aconteceu no Estado de São Paulo a Virada Cultural Paulista 2013, evento que visa levar a vários municípios do Estado atividades culturais durante o período de 24 horas. Dentro dessas atividades temos quase tudo e na programação estavam destacadas atividades de música, teatro, dança e circo. Tudo muito diversificado e realizado de maneira competente (nem parece coisa do poder público). Foram 26 cidades com programação intensa e apenas uma empresa cuidando do gerenciamento das mídias sociais. No caso da internet as imagens em tempo real do que estava acontecendo são muito importantes e é nesse momento que o trabalho do fotógrafo profissional entra em cena. Vejam aqui um pouco do que acontece quando você é contratado para cobrir esse tipo de evento.

Brendan Benson

Brendan Benson



A Contratação - a empresa responsável pelo gerenciamento de toda essa informação foi a FSB Digital que entrou em contato comigo via e-mail depois da indicação de um amigo. Gosto de frisar aqui a importância de manter uma boa rede de relacionamentos. Depois de análise do portfólio e de enviar uma lista de equipamentos que seriam utilizados na cobertura do evento,  a empresa fechou a contratação do serviço. Tudo foi feito via e-mail e o material a ser utilizado no dia, como crachá e o colete de identificação, chegaram via Sedex. Aqui também entra a necessidade de você ter a sua empresa registrada (Micro Empreendedor Individual), pois esse tipo de serviço demanda a emissão de nota fiscal. Outro detalhe é que geralmente a empresa tem um valor determinado para o serviço, então compete a você apenas aceitar ou não o que lhe é oferecido.
Anelis Assumpção

Anelis Assumpção

Características do Serviço - o contrato indica uma programação a ser seguida e fotografada. Impossível estar em todos os pontos e em todas as atividades, então a empresa contratante indica uma lista do que seria prioridade para ela. Como o site da Virada Cultural Paulista seria alimentado constantemente com informações, a minha missão era enviar imagens dos shows e apresentações antes que elas terminassem. Como cada show tem em média 60 minutos de duração então o caminho era fotografar os 20 primeiros minutos e já descarregar as fotos e enviar 10 imagens imediatamente. Junto com isso vem a exigência de que as imagens enviadas possuam 1024 pixels na aresta maior, com 70ppi e feitas na horizontal para encaixar bem no site.

Fabiana Cozza

Fabiana Cozza

Logística - aqui fica o principal problema. Ano passado também já tinha fotografado a Virada Cultural e encontrei diversos entraves ao meu trabalho que foram melhores resolvidos agora com a experiência. Em primeiro lugar, não adianta você estar lá contratado pela empresa que está gerenciando toda a parte de mídias sociais do evento. Você precisa se relacionar com as pessoas que estão trabalhando no local e que realmente mandam na coisa. E falo isso quando me refiro desde o fato de conseguir uma mesa para ligar o computador até poder entrar na sala onde estão servindo os lanches para a equipe de produção. Você é o estranho ali, já que o resto são funcionários da prefeitura. Outra dica é saber quem manda no palco. Geralmente tem um diretor que cuida de quem pode subir ou não no palco e, mesmo com todas as identificações, ele é que decide quando e onde você pode fotografar. Ou seja. Assim que desembarcar no local procure por todos que possuem autoridade, se apresente e diga a importância de seu trabalho e o que você precisa fazer.

Nasi

Nasi

Fotografando - A primeira coisa que pensei na situação em que me encontrava era que teria que abrir mão de uma de minhas determinações mais fortes. Pensei em fotografar em JPEG, pois teria que ter agilidade em descarregar as fotos, editar e enviar. O ato de descarregar as fotos em RAW seria mais demorado, além do processo de converter para DNG. Mas, depois da primeira apresentação eu desisti, pois a qualidade me deixou deprimido. Voltei ao RAW e mesmo assim, consegui manter o cronograma em todas as apresentações. O primeiro compromisso foi a apresentação de dança da Cia. Oito Nova Dança. Pouca iluminação e muito movimento. Junto comigo levei a Canon EOS 7D (principal) e a Canon EOS 30D (reserva) e as lente EF 28mm f/1,8, a EF 50mm f/1,8, a EF 85mm f/1,8 e a Sigma 10-20mm f/4,5-5,6. Mesmo com lentes claras a iluminação não ajudou e todas as fotos aqui foram feitas com ISO 1600,  velocidade 1/125 e abertura f/3,5. O que ajudou é que a iluminação não teve grandes variações. Depois desse momento tive que ir para os shows a céu aberto no parque da cidade. Embora a iluminação fosse um pouco melhor tive que manter o ISO em 1250 para priorizar a velocidade de obturador que ficou constante em 1/125. Fotografar Shows pode ser algo gratificante ou estressante. Depende muito da banda e também de quem está gerenciando os efeitos do palco. Por exemplo, nessa apresentação colocaram muitas máquinas de fumaça, o que prejudica consideravelmente a fotografia. O primeiro ponto a levar em consideração é que fotografar do palco é muito supervalorizado. A visão é sempre lateral e você não tem muito espaço para se mexer. Sem falar que muito produtores de bandas são chatos e não permitem que você fique perto. Por isso preferi fotografar do chão, de frente para as bandas. O resultado foi bem melhor. Acho que o segredo, para quem está começando, é sempre procurar capturar as emoções. Olho sempre no visor da câmera e com o foco travado para estar pronto para capturar o melhor momento. Embora muitos efeitos de luz estejam presentes no palco, sempre há uma luz básica que nunca muda. Costumo fazer a fotometria nessa luz. Durante a apresentação algumas fotos vão ficar com sombras e outras com muita luz, mas em minha opinião, isso também ajuda a representar na fotografia a impressão visual que o próprio espectador está tendo da apresentação.

Tempo de Brincar - Cantos de Assombração

Tempo de Brincar - Cantos de Assombração

Finalizando - Ficar 24 horas fotografando um evento não é fácil, mas manter o bom humor é importante para o sucesso da empreitada. Alguns artistas são extremamente fáceis de lidar. Estão a disposição para as fotos oficiais e para atender os fãs (o Nasi, ex-vocalista do IRA, foi assim) e outros parecem ter absorvido os traços mais bizarros de grandes Pop Stars internacionais, mesmo que você nunca tenha ouvido falar dele. Não perder a calma é importante. Desenvolver um senso de oportunidade também ajuda muito. Estar presente onde as coisas estão acontecendo vai garantir a melhor imagem. Ou seja, nada de ficar parado no mesmo lugar. Por fim, você vai descobrir que as horas que passou estudando vão lhe render boas imagens e a sensação de dever cumprido. Durante esse evento ouvi de um colega fotógrafo que é nesse tipo de situação prática em que aprendemos realmente a fotografar e resolver problemas em tempo recorde. Sou obrigado a concordar plenamente com ele.

 

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