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Franquia de internet móvel, a vilã da conectividade

Quando a quantidade da franquia de internet móvel atinge o seu limite, as operadoras reduzem drasticamente a velocidade da conexão, por conta do absurdo da legislação que as permite entregar apenas 20% do que é vendido.

11 anos atrás

É pura matemática, você tem uma quantidade de 5 GB para usar como tráfego de dados, seja para upload como para download, e lhe fornecem uma velocidade média de 5 Mb/s, caso você baixe essa quantidade de dados de forma ininterrupta, sempre no máximo da velocidade fornecida, ela terminaria em 8.589 segundos, ou seja, 2 horas e 23 minutos. Caso você aumente essa velocidade para 10 Mb/s, o tempo de duração da franquia cai para 1 hora e 11 minutos. Lógico que sabemos que ao ofertar uma velocidade de conexão de 5 Mb/s isso não significa que você fará um download nessa velocidade, muito menos um upload, mas o cálculo é meramente ilustrativo.

Essa é a realidade do funcionamento da nossa conectividade móvel. A rede te dá a capacidade de atingir velocidades interessantes, ou no mínimo suficientes para uma navegação satisfatória no smartphone, tablet ou modem, porém por um período curto de tempo, enquanto durar a franquia. Depois disso, sua velocidade é drasticamente cortada, te deixando com saudades da conexão discada de outrora.

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As operadoras tiveram que modificar seus contratos e regulamentos para não ficar fora do que a ANATEL está pedindo. Até pouco tempo, a operadora poderia oferecer ao cliente uma velocidade X e entregar apenas 10% do prometido que ainda estava dentro da lei, hoje esse patamar já subiu para 20% e a agência promete que esse índice vai continuar subindo. O HSPA+, hoje fornecido pela Claro e pela Vivo no Brasil, era vendido como uma conexão que atinge o máximo que a banda 3G aguenta (cerca de 7 Mb/s), hoje, entretanto, a velocidade contratual foi estabelecida em míseros 1,5 Mb/s. Ou seja, é mais fácil diminuir o valor prometido no regulamento do plano do que fornecer a velocidade usada como argumento na hora da venda. Como ficam os clientes que já tem o plano e estão fidelizados na operadora? As multas astronômicas os obrigarão ficar no 3G+ capado, ou então serão orientados a migrar para o 4G, que tem hoje a velocidade contratual estipulada em 5 Mb/s, sim amigos, os mesmos 5 Mb/s que teoricamente o próprio HSPA+ aguentaria. O “3G convencional”, que sempre teve uma velocidade estipulada em 1 Mb/s, caiu também pela metade, 500 kb/s, isso mesmo, meio megabit por segundo.

Na prática as operadoras afirmam que a velocidade contratual é essa, mas a velocidade real será maior, ou seja, em média 1 Mb/s no 3G, 3 Mb/s no HSPA+ e 10 Mb/s no 4G. Mas caso você navegue sempre na velocidade contratual, você vai poder reclamar pra quem? Tava no contrato, ué, você não leu?

O que se torna contraditório é reclamar da velocidade e da franquia ao mesmo tempo. Entende-se que a franquia está bem aquém do adequado para um uso “folgado”, principalmente nos planos pré-pagos, controle ou mesmo os pós-pagos mais em conta. Porém, se a franquia se esgota muito rápido, significa que pelo menos você tem a velocidade necessária para trafegar esses dados. O grande problema é esse sentimento de que as operadoras estão dando só um “gostinho” do uso do 3G, quando você paga para usar a internet o mês inteiro.

Eu sou um privilegiado, meus amigos, trabalho em uma operadora de telefonia (que não está patrocinando meus posts, aliás, antes que venham me apedrejar) e como benefício recebo um chip com internet 3G realmente ilimitada, sério, sem franquia, sem redução de velocidade. Então me perdoem quando eu esqueço de mencionar essa bandida, vivo em outra realidade.

Para vocês terem uma ideia: em maio eu usei mais de 80 GB de tráfego de dados. Exagerei, é claro, baixei vários jogos no meu PS3 ligado no roteador do meu celular, instalei o uTorrent no meu Android e baixei temporadas inteiras de seriados e alguns filmes, minha filha fica literalmente horas assistindo desenhos e filmes no Netflix, fora minha contribuição na faculdade, onde deixo meu roteador ligado para a galera usar meu 3G, que acreditem ou não, é superior ao Wi-Fi fornecido pela instituição. Pego uma velocidade média de 3 Mb/s e, fora dos horários de pico, facilmente essa velocidade chega a 5/6 Mbit/seg.

Meu exemplo demonstra o potencial que o 3G tem. Poderíamos fazer muito com ele, mas somos amputados. A alegação é que se todos tivessem esse meu chip fantástico, a rede não aguentaria. É uma alegação válida quando observamos que em horários de pico de uso a velocidade geral cai, mesmo com muitos desses usuários já navegando com suas franquias estouradas. Talvez não temos uma estrutura suficiente para aguentar essa demanda, talvez as operadoras não queiram diminuir seu lucro investindo em uma estrutura que aguentaria, talvez elas ainda não entendam que o futuro é na internet e na mobilidade, talvez elas queiram ainda espremer os últimos centavos dessa maneira muito lucrativa que operam hoje. Não sei. Tudo que sei que fazem quatro anos que tenho esse meu chip maravilhoso e juro que uso menos do que 50 minutos de ligação por mês, seu perfil de uso de celular simplesmente muda.

Enquanto meu chip não virar um plano comercial com um valor atrativo, o que nos resta é nos adaptar. Quem tem um smartphone e usa seus recursos (não tem só pra dizer que tem) não pode ficar sem internet móvel, nem que seja EDGE, tem que estar conectado. Você pode tentar economizar sua franquia e fazer ela durar um pouco mais, seguem algumas dicas válidas:

  • Deixe o sincronismo automático de suas contas desligado, ou pelo menos peça que ele busque novas informações com um período de tempo mais longo entre as atualizações;
  • Baixe e atualize seus aplicativos sempre em uma rede sem fio, nem que você tenha que ir no shopping só para atualizar seus programas;
  • Só baixe anexos dos e-mails se eles forem realmente necessários e se você for usá-los no próprio smartphone;
  • Serviços de streaming são os fominhas de franquia, ou seja, tente maneirar no YouTube, Netflix, Spotify, TuneIn Rádio e afins;
  • No uso dos aplicativos de comunicação, priorize o texto, que pesa praticamente nada, enviar áudio ou vídeo consome muito da sua miada franquia.

Muitas pessoas são mais radicais e simplesmente desligam a internet 3G quando não estão utilizando, fazendo com que você fique offline. Essa prática com certeza economiza a franquia de dados e também a preciosa bateria do celular, mas transforma ele em um aparelho comum, pelo menos temporariamente. Tudo depende de suas prioridades e de suas necessidades.

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