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Lara Croft, uma sobrevivente

Leia a análise do novo Tomb Raider, um jogo mais cinematográfico que os anteriores, mas que ignorou alguns elementos da franquia.

11 anos atrás

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Após terminar a campanha do primeiro Uncharted e constatar o quão fantástico foi o trabalho realizado pelo pessoal da Naughty Dog, uma coisa ficou martelando na minha cabeça por um bom tempo: A série Tomb Raider estava em sérios apuros. Não pensava isso porque não tivesse gostado dos capítulos desenvolvidos pela Crystal Dynamics (Legend, Anniversary e Underworld), pelo contrário, mas simplesmente porque a abordagem mais cinematográfica parecia colocar a aventura de Nathan Drake em outro patamar, por isso o meu desejo era que a maior musa dos games também recebesse tal tratamento e com o título que serviu como um recomeço para a franquia, para o bem ou para o mal isso finalmente aconteceu.

Tomb Raider começa com uma jovem Lara Croft e um grupo de pessoas a bordo de um navio que tenta encontrar o lendário reino de Yamatai, que teria sido controlado por por uma poderosa rainha e estaria localizado no Mar do Diabo, uma espécie de Triângulo das Bermudas japonês. O objetivo da equipe era gravar um documentário e ao se aproximarem do local, uma violenta tempestade atinge o Endurance, dando início a uma das maiores lutas pela sobrevivência que os games já viram.

Encarar o título é vivenciar uma saga de dor, superação e amadurecimento. Nele a protagonista ainda não se tornou a exploradora que todos conhecemos e a equipe de produção tentou de todas as formas mostrar sua inexperiência, o que além de tornar a personagem muito mais crível, adiciona uma carga dramática imensa e ainda lhes permitiu brincar com algumas marcas registradas da série, como as duas pistolas usadas por Lara.

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Este novo Tomb Raider também chama a atenção por ter recebido influências de várias outras criações, desde o enredo e a ambientação que logo nos remete à série Lost, até mesmo a mecânica do jogo, que utiliza elementos de RPG aos nos possibilitar “comprar” melhorias para a personagem ou itens. Outras fontes de inspiração que a desenvolvedora parece ter usado foram o Metroid e o Batman: Arkham Asylum, já que durante a campanha principal adquirimos ferramentas que nos permitem visitar lugares que antes pareciam inacessíveis e Lara possui ainda uma espécie de sonar, parecida com a visão raio-x do Cavaleiro das Trevas e muito útil para encontrarmos objetos escondidos no cenário, mas aqui a função parece um tanto fora do contexto.

Por falar na jogabilidade, está aí aquele que considero o principal defeito do jogo. Não que aquilo que nos é oferecido não funcione, mas ao tentar aproximá-lo da série Uncharted, infelizmente a Crystal Dynamics acabou ignorando o que eu mais gostava nos outros Tomb Raiders, que é a solução de quebra-cabeças para continuarmos a aventura. Tomb Raider até possui esses enigmas, mas eles são poucos e possuem um nível de desafio muito baixo, fazendo com que a maior parte do tempo tenhamos que apenas escapar dos perigos que nos são propostos ou matarmos alguns inimigos. Mesmo os saltos que devem ser realizados com precisão milimétrica foram deixados de lado.

Tirando talvez o enredo pouco inspirado, tecnicamente não há muito o que reclamar do jogo. A dublagem foi muito bem feita, a trilha sonora - apesar de não contar com o tema da série - ajuda a criar o clima de tensão e visualmente ele se encontra bem acima da média, principalmente por contar com uma direção artística sublime e oferecer cenários de tirar o fôlego, isso sem falar na própria Lara Croft, que nunca foi tão bonita.

No fim das contas, mesmo sem trazer nenhuma grande inovação, este Tomb Raider pode ser considerado um jogo imperdível, principalmente por contar com uma infinidade de situações memoráveis e por mostrar que a franquia ainda tem muito a oferecer. Eu só gostaria que num próximo capítulo os desenvolvedores incluíssem mais quebra-cabeças e aproveitasse o desfecho da história para mostrar a personagem como uma verdadeira exploradora e não apenas em uma sobrevivente.

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