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Parece inacreditável mas limites de tráfego só servem pras operadoras ganharem mais dinheiro

11 anos atrás

wallstreetbabyUm espectro ronda a Internet sem-fio, o espectro do limite de tráfego. Todo aquele futuro maravilhoso dos comerciais da IBM e da Microsoft, com gente fazendo tudo online depende não só do Edge (sou realista, e uso Vivo no Centro do Rio) funcionar como depende de tráfego ilimitado.

Não adianta você ter um incrível G Gradiente iPhone de última geração, Google Maps, Netflix e outras aplicações porretas, se depois de assistir a um Peter Jackson da vida boa parte do seu limite mensal já foi embora, e na hora de fazer streaming do 1o Contato com a nave alienígena que pousou no seu quintal, a Oi cortou sua banda pra 32K.

As operadoras dizem que essa limitação de quantidade de dados trafegada serve para evitar congestionamento dos links, uma justificativa moral e tanto, já que enquanto isso anunciam planos ilimitados cheios de asteriscos.

 

Na prática não é assim que a banda larga toca. A não ser que o sujeito seja um torrenteiro de marca maior não vai ficar 24/7 usando o link até o talo, e o congestionamento ocorrerá em momentos de pico, como Olimpíadas, 11 de Setembro, Copa do Mundo. Cortar a velocidade do sujeito não resolve nada.

Isso ficou evidente depois de uma pesquisa da New America Foundation, que comprovou não só a ineficácia da limitação de tráfego como sua não-necessidade. O texto traz verdades inconvenientes, como uma declaração do CEO da Sonic.net dizendo que o custo de tráfego de dados tem baixado a uma taxa mais rápida do que o crescimento do consumo.

Também lembram de algo que é uma fonte de renda absurda pras operadoras e tem um custo desprezível: SMS. Desprezível para a operadora, claro. Para nós custa uma fortuna.

Historicamente o temor de que os usuários de banda larga de tornariam consumidores inveterados nunca se tornou realidade. Sim, uma minoria é responsável pela maior parte do tráfego, mas mesmo essa maior parte nem arranha a banda disponível teoricamente.

Então pra quê regular a mixaria?

Simples, padawan. Se a operadora te vende 2GB e você precisa de mais, das duas uma: Ou paga extra todo mês ou assina um plano mais caro, com uma franquia maior, sendo que o custo para a operadora é pouco ou nada maior.

Em um de seus livros Arthur Clarke fez uma previsão: No dia 1º de Janeiro de 2001, celebrando o início do Século XXI as operadoras de telefonia do mundo acabariam com os planos de longa distância. Todo telefonema teria o custo de uma ligação local.

Isso integraria a Humanidade, aproximaria as pessoas e geraria bilhões em lucro, com empresas do mundo todo se comunicando com facilidade.

Clarke errou. Primeiro por não prever a Internet (ele até previu, mas em outros livros) e segundo por não prever a ganância das operadoras. Deixar de lucrar com a grana das interconexões é impensável, por isso você faz uma chamada Skype de vídeo HD de graça entre Brasil e Japão mas toma uma facada nos rins se tentar uma ligação de voz via telefone comum. Se for celular entáo…

O pior é que não há fim no horizonte. As operadoras inteligentes tipo GVT diversificam na oferta de serviços e tentam oferecer banda larga prêmium. O que menos se fala na GVT é telefonia. Já as operadoras de celular ainda se enxergam como provedores de voz que por acaso servem dados também.

É um modelo falido, vai para a lata de lixo da História junto com as gravadoras, só que ninguém sabe quando. Enquanto isso, quem sofre somos nós, tendo que perguntar ao garçom “aqui tem WIFI?” pra não gastar 3G subindo fotos do chopp pro Instagram.

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