Carlos Cardoso 11 anos atrás
Antes da Era da Conectividade era essencial que um dispositivo móvel tivesse infravermelho. Todo dono de Palm adorava fazer beam de cartão de visitas, contatos telefônicos e outras besteiras. Com o advento do Bluetooth em teoria ficou melhor ainda, bastava você parear os dispositivos, digitar passwords, selecionar aplicações e de forma simples e eficiente no máximo em 10 minutos estava trocando informação.
Quando o iPhone surgiu a Apple apostou na conectividade. Seria mais simples enviar arquivos para a nuvem, para aplicações de que estabelecer conexões temporárias ao vivo. Foi uma aposta enorme, nada do que existe hoje estava estabelecido. Mesmo assim, deu certo, e de sua nuvem no céu (é fato, apareceu nos Simpsons) Steve Jobs riu de quem disse que o iPhone fracassaria por não ter suporte completo a Bluetooth.
Agora a história se repete, com o NFC. A tecnologia de Near Field Communication promete muito e promete bem; pagamentos remotos, troca de arquivos, configuração de WIFI e muito mais. É uma espécie de irmão do Bluetooth com superpoderes e menos burocracia. Só que o NFC sofre do mesmo problema do Videofone e do Croc:
Só funciona se todo mundo usar.
Um bom exemplo são os terminais da Cielo. Os mais modernos estão prontos pra NFC, mas não adianta desenvolver toda a tecnologia por trás do terminal se for usado por meia-dúzia de gatos pingados. Uma máquina de Coca-Cola que utilize NFC, cobrando na conta telefônica. Legal, não? Mas não é viável se venderem 10 latas por mês.
O NFC precisa de uma killer-app. Aparelhos de qualidade já tem a tecnologia, vide o Galaxy SIII.
O que o NFC não precisa é de mimimi, como um relatório da Juniper Research, que culpou a não-adoção do NFC no iPhone pela baixa aceitação da tecnologia.
Dizem eles que sem o apoio da Apple a confiança no NFC entre os lojistas, diminuindo a quantidade de pontos de venda com acesso à tecnologia e consequentemente a visibilidade entre os consumidores, gerando um ciclo de “indiferença ao NFC” blablabla mimimimi…
Então vejamos: A Samsung sozinha tem 32% do marketshare MUNDIAL de Smartphones, a Apple se resume a 15.5%, mas a culpa de ninguém querer usar NFC é da Apple?
Nós já vimos esse filme antes; a Microsoft odiava Bluetooth e não havia incluído suporte no Windows. A Apple odiava apps nativas e só quera webapps. No final o consumidor falou mais alto e mesmo não querendo as funcionalidades foram adicionadas.
Se houvesse uma demanda REAL por NFC a Apple não incluindo suporte estaria se prejudicando. Nada que ela faça pode impedir o sucesso de uma tecnologia atraente. Soaria como pirraça. Pirraça aliás é o que está acontecendo.
Ao invés de justificar a ausência de interesse pelo NFC, deveriam gastar mais tempo tentando torná-lo interessante. E a Apple que se rale.