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Microsoft contrata figurona da CBS para produzir conteúdo para o XBox

11 anos e meio atrás

ncisAcho que essa é a pedra que mais cantei até hoje, a mais óbvia e a que mais foi negada por todo mundo da Microsoft, mas agora já era, a Fase 2 do Plano de Conquista Mundial deles saiu do armário:

Eu sempre defendi que o XBox nunca foi um videogame, era um grande cavalo de Tróia para colocar um computador na sala das pessoas. E esse computador por sua vez é só uma forma de canalizar conteúdo, e consequentemente, publicidade. Sim, o mesmo que a TV faz faz tempo (que construção horrível).

Com o passar dos anos a XBox Live deixou de ser uma simples rede para jogos multiplayer e se tornou uma central de chats, entretenimento e comunicação, com redes sociais, Netflix, Hulu, ESPN e vários outros serviços. O usuário médio de XBox passa mais da metade do tempo gasto no console consumindo vídeos e músicas, jogos já são a menor parte do uso do… console.

Só que desse conteúdo, a presença da Microsoft na geração é mínima.

Sempre foi filosofia contratar conteúdo de fora, mas isso estava se tornando commodity. Se todo mundo tem uma série não adianta você ter. Por isso a Netflix teve a feliz idéia de pegar séries canceladas, como Arrested Development, e produzir novas temporadas.

A Microsoft, que não é boba, quer produzir o próprio material, e para isso está montando um estúdio em Los Angeles. Para chefiar, como Presidente de Entretenimento e Mídia Online, chamou nada menos que Nancy Tellem, que ocupou cargo semelhante de 1998 a 2009 na CBS.

Diz ela que vão produzir conteúdo interativo e linear, o que significa que teremos aquelas bobagens de “escolha sua história” e séries de verdade.

Isso, meus caros, é MUITO BOM. Os motivos são vários:

Mão de Obra

A taxa de desemprego entre atores de Hollywood fica na casa de 90%. Pessoal técnico tem mais trabalho mas não muito mais. As produções de TV por assinatura e vídeos direto pra DVD deram uma boa aliviada, mas uma nova janela de distribuição como o Xbox significa 40 milhões de espectadores em potencial. Na verdade mais, imaginando que o sujeito não vai assistir sozinho. Isso viabiliza qualquer Game of Thrones da vida. Que dirá um Community, que é mais baratinho.

Licenciamento

É um inferno trabalhar com o modelo atual, onde há toda uma barreira de licenças entre países e mercados. Se a produção não for veiculada nos meios tradicionais, se livra disso tudo. O tempo de passar no Brasil é o tempo de dublar ou legendar. Em termos de agilidade, isso é décadas adiante do que se tem.

Métricas

Os índices Nielsen são uma aberração. São 20 mil residências que decidem o que 116 milhões de outras casas estão assistindo, e assim enterram ou glorificam um programa. Até o advento da Internet não havia outro jeito de medir o retorno de um programa. Também não adiantam muito pesquisas de opinião, painéis, só passam uma idéia aproximada e atrasada.

Em um serviço online, como o XBox Live ou o Netflix é possível saber exatamente quais assinantes estão assistindo quais programas, por quanto tempo, e até mesmo quantos twits o sujeito enviou durante o programa. Cruzando os dados demográficos de assinatura da Live, consegue-se um perfil incrivelmente preciso do espectador. Isso vale ouro.

Conteúdo de nicho

Existem séries excelentes que apelam para um público limitado. Pushing Daisies, Arrested Development, Caprica, The Middleman, todas elas poderiam ter longas e felizes temporadas, mas não conseguem espaço nas TVs convencionais, o público é disperso demais. Numa Live da vida teriam menos, porém melhores espectadores.

Nancy ainda está montando a equipe, mas já falou que que produzir conteúdo premium, pra concorrer com tudo que as emissoras “de verdade” estão passando. Assim espero. É muito triste ver séries morrerem na mão de um público médio que de forma alguma represente o target daquele conteúdo.

Fonte: LA Times

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